— Está apaixonado! Quem é ela? O que ela faz da vida? Quantos anos tem? — Ela parecia uma criancinha implorando por doces, mas nesse caso implorava por informações — Por favor, só não diz que voltou com aquela mocreia da Vanessa...

— Não é nada disso...

Comecei a listar mentalmente tudo o que estava tirando minha concentração hoje. Tanta coisa estava acontecendo ao mesmo tempo e eu não estava sabendo lidar com tudo de uma vez. Hoje Seth estava completando dois meses e eu queria gritar isso para o mundo todo mas não podia. Hoje Carl tirou o dia para me atazanar mais que o normal. E tem Claire... Não sei porquê, mas qualquer coisa está me fazendo lembrar dela ultimamente.

— Tem coisas acontecendo, sim. Mas não tem a ver com mulheres. São outros tipos de problemas.

— Você chama mulheres de "problemas"? — Ela me perguntou atônita e como não ouviu respostas, veio na minha direção. Segurei seus dois pulsos antes que me acertassem e ela bufou. Dei um beijo em sua testa e a soltei.

— Não foi isso que eu quis dizer, boba! — Ri e ela revirou os olhos teatralmente — Tem que parar de tirar conclusões precipitadas. Se continuar assim vai acabar ganhando fama de maluca, vai por mim.

Carl gritou a gente, avisando que estava na hora de gravar a cena oito. Ainda bem que essa é a penúltima cena de hoje.

— Quando acabarmos, não foge. Vem almoçar comigo hoje... — Convidei e ela me olhou estranho.

— Está me convidando para um encontro? — Ela parecia assustada e eu ri de sua expressão.

— Longe disso! Quero te apresentar a uma pessoa, acho que vai gostar... — Penny abriu a boca para falar algo mas Carl no interrompeu novamente e nos impurrou para o outro cenário.

(...)

— Só não me mate... — Pedi e Penélope riu.

— Por que eu te mataria, Ursinho?

Não respondi. Encaixei a chave na fechadura e girei. Abri a porta e dei passagem para que Penélope passasse primeiro e entrei em seguida. A casa estava um silêncio a não ser por alguns sons vindos da cozinha. Fechei a porta e joguei minha bolsa no canto do hall como sempre.

— Scott? — Ouvi sua voz melodiosa vir da cozinha. Sorri — Scott, é você?

Ouvi um barulho alto de coisas caindo vindo de lá e apressei o passo. Será que ela tinha se machucado?

— Antes que pergunte, estou muitíssimo bem.

Ela disse de costas para nós enquanto guardava algo no armário. Pude perceber que tinha algo amarrado por toda a extensão do seu tronco. Ela estava usando um sling? Onde ela arrumou isso? Ela se virou, sussurrou algo para Seth, deu um beijo na cabeça dele mas parou de andar assim que viu Penélope na entrada da cozinha.

— Não... Não me disse que tínhamos visitas. — Ela observou Penélope por um instante, receosa. Passou a mão pelas costas do bebê preso no sling e voltou a me olhar assustada.

— Bom, hoje teremos companhia para o almoço. — Disse, um pouco extasiado com o que eu estava vendo. Ela carregava Seth como aquelas mães de revistas sobre bebês e o segurava como uma leoa protegendo sua cria. Com certeza estava assustada porque ninguém vem aqui e poucas pessoas sabem do meu filho mas mesmo assim, parecia que algum instinto materno tinha aflorado nela.

Seth começou a resmungar, quebrando o silêncio. Claire, com cuidado o retirou de dentro de todo aquele pano e riu quando ouviu os barulhinhos vindos de dentro da fralda.

Meu Presentinho de GregoOnde histórias criam vida. Descubra agora