Fica Comigo • Vhope/Sope

Um

Não era assim que ele queria que nenhuma noite terminasse.

— Eu sou assexual.

Hoseok se afastou apenas o suficiente para encará-lo nos olhos.

— Você o quê?

— Assexual, Hobi — Taehyung deu sorriso fraco e perdeu o olhar em algum ponto entre as clavículas do mais velho.

— Então você... Não tem rola? — Hoseok olhou para baixo involuntariamente.

— Eu... O quê?! — talvez fosse todo o nervosismo, mas Taehyung teve uma crise de riso. — Não idiota, eu disse assexual, não assexuado.

— Qual a diferença?

Taehyung sorriu pra ele, mesmo sabendo que aquela conversa poderia acabar com seu relacionamento. Mesmo sabendo que deveria acabar com aquele relacionamento.

— Eu não sinto atração sexual — ele segurou o rosto do namorado. Seria essa a última vez em que poderia fazer aquilo? — Nem por homens, nem por mulheres. Nem...

— Nem por mim — Hoseok concluiu, mirando o vazio e se sentindo um derrotado. — Por que não me contou antes?

— Eu não sabia o que eu era até uma semana atrás — ele aproveitou a distração do outro para acariciar seu cabelo macio. Céus, como sentiria falta daquilo! — Tentei encontrar mil maneiras de te contar isso, mas... Bem, não deu certo, não é?

Ele sorriu triste e secou um dos olhos que cismava em se derramar. Hoseok tinha uma expressão confusa no rosto, que seria engraçada se estivessem em qualquer outra situação.

— Eu fiquei tão feliz, Hobi! — Taehyung começava a engasgar nas próprias palavras, mas não conseguia parar de falar. — Foi um alívio descobrir que existem outras pessoas como eu, que sempre existiram pessoas como eu! Não sou um defeito, não estou errado. Eu só não gosto de sexo, é só isso!

— Taehyung, você é virgem — Hoseok o interrompeu e, quando o mais novo suspirou, ele não o deixou falar. — Como você pode saber se nunca tentou?

— Como você sabe que é gay se nunca ficou com uma mulher?

Hoseok abriu e fechou a boca algumas vezes, mas não conseguiu gaguejar nada que fizesse sentido.

— Eu tentei, você mais do que ninguém sabe disso. Eu queria poder fazer de tudo pra não perder você, mas isso — ele abriu os braços, indicando o próprio corpo. — Eu não posso... Eu não consigo. Me desculpe, Hobi.

Taehyung achou que Hoseok se levantaria e o expulsaria de sua casa. Achou que haveria gritos; e ele havia se preparado para os gritos. No entanto, ele não estava pronto para ser abraçado – ou melhor, esmagado – pelo namorado.

— Kim Taehyung, eu odeio você! — Hoseok parecia furioso, mas enterrava o rosto em seu pescoço e não largava sua cintura. — Odeio esse seu cabelo cheiroso e ridículo, essa tua risada linda, esse maldito sorriso quadrado de idiota que você tem e o tesão fodido que você me dá!

— Então você não vai terminar comigo?

— Claro que vou! — Hoseok o segurou pelos ombros, os olhos vermelhos e as bochechas molhadas. — Não, não vou. Droga, eu não sei!

— A gente pode fazer isso funcionar! — o mais novo estava esperançoso e desesperado ao mesmo tempo.

Não, idiota!, alguma coisa dizia dentro dele, mas ele não dava ouvidos. Você sabe que não deve insistir, isso só vai piorar.

— Nós podemos ter um relacionamento aberto e...

— Como é? — Hoseok estava visivelmente ultrajado.

— É o que outras pessoas tentam fazer! — Taehyung se justificou. — Quando eu digo "aberto" eu quero dizer... Sabe, você pode... Se você quiser...

— Você quer que eu transe com outras pessoas pra não transar com você?

— Se você quiser!

— Tae, eu não sei o que eu quero! — Hoseok segurou a cabeça entre as mãos e encarou o chão, frustrado. — Eu preciso pensar, ok? Isso é tudo tão... Tão ridículo, tão estúpido.

Se Hoseok falava dele ou da situação, Taehyung não queria saber.

— Tudo bem, tudo bem — ele se levantou e ajudou o mais velho a ficar de pé. — Você quer tempo pra pensar? Eu te dou o tempo que você quiser.

Hoseok o abraçou uma última vez antes de ele partir e murmurou contra seu ombro:

— Eu amo você, seu desgraçado cheiroso.