CAPÍTULO 29

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A VERDADE DÓI

Jéssica

      
Estou andando pela praia já tem algum tempo. Desliguei meu celular, porque queria ficar sozinha. A essa altura Heitor já deve estar a minha procura, lembrei que ele sempre me achava através do celular. Vejo um tronco de árvore logo a frente, vou até ele. Coloco minha bolsa na areia e sento no chão.
      
Olho para a imensidão do mar. Ainda não consigo acreditar em tudo que ouvi e nem na foto que vi. Tudo poderia ser mentira, mas eu vi a foto. Aquele sorriso, ele parecia muito feliz. Ele não pode ter mentido para mim dessa forma. Ter me escondido algo tão sério, uma família. Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto.
      
Olhando para a praia me vem a mente imagens nossas, passamos a maior parte do tempo na praia. Eu me entrego ao choro. Coloco para fora tudo, pelo menos aqui não tem nada que possa me impedir. Não sei quanto tempo fico assim olhando o mar. Sem conseguir pensar em nada. Só sentindo uma dor forte no peito.
       
— Mas não deve ser verdade. — falo alto tentando me convencer. — Ele não faria isso. — vejo que está começando a escurecer. — Ele não faria isso comigo. — me levanto, tiro minhas sandálias, pego minha bolsa e volto andando pela  maré molhando meus pés. Tentando tirar o peso que está sobre mim.

   Heitor

    
Estive no trabalho dela, e já faz tempo que ela saiu. Estou rodando de carro pela cidade tentando imaginar onde ela possa ter se metido. Meu celular toca.
        
— Pronto.

— Heitor eu não queria ligar novamente, mas a Isa não quer comer, se nega, quer você a todo custo. — eu solto minha respiração. — Ou quer ir com a mãe.
        
— Deixa eu falar com ela Laís. — ela chama Isa.
        
— Papai quero você. — ela fala chorando, sinto meu coração se partir em mil pedaços.
        
— Oi meu amor, papai está indo, vou hoje mesmo, mas agora você tem que comer. — resolvo parar o carro no acostamento. — Não pode ficar sem comer, hoje você pode comer o que quiser. — eu falo tentando um acordo até eu chegar.
       
— A mamãe não deixa eu comer o que quiser. — ela fala ainda chorando, mas vejo que está diminuindo o choro.

— Pode falar pra tia Laís que hoje você pode comer o que quiser, o papai só vai conseguir chegar aí amanhã cedo meu amor, não tem aeroporto aqui perto então você come o que quiser hoje combinado? — escuto um risadinha.
        
— Combinado. Tia meu pai falou que eu posso comer o que quiser. — ela fala sem tirar o telefone da orelha. —Mas você promete papai que você vem?
        
— Prometo. — sinto uma falta de ar meu coração está apertado. — O pai vai arrumar as malas tá bom, obedece a tia até eu chegar minha linda.
        
— Tá bom. — ela fala já querendo chorar de novo. — Eu te amo papai, vem logo. — sinto meus músculos tremendo. Um nó se forma na minha garganta.
        
— Eu te amo mais muito mais. — ela entrega o telefone para Laís. — Faça o que ela quiser hoje Laís por favor, vou tentar arranjar um voo assim que possível, mas creio que só vou conseguir chegar amanhã.
        
— Sem problemas Heitor, ela comendo o resto tiro de letra. Ela estava começando a ficar com febre, e eu acho que possa ser pelo que ela viu. — esfrego o rosto.
        
— Como a Renata está? Você já teve alguma notícias?
        
— Até onde eu sei está bem, mas não deram muitas explicações, estão fazendo exames.
        
— Certo amanhã cedo estou aí. — desligo jogo o celular no banco do passageiro.

Meu Deus tudo tinha que vir assim como uma bomba, uma atrás da outra. Tenho que conseguir uma passagem para o Rio. Ligo para o Dom.
        
— Fala cara alguma notícia da Jéssica?
        
— Não, ainda não, preciso de um favor seu, consegue para mim uma passagem para o Rio para hoje ou no máximo amanhã cedo .
        
— Tu nem falou com ela e já tá fugindo. — ele fala rindo.
        
— A Renata foi internada Dom.
        
— Caralho mano, foi mal eu não sabia. — esfrego meu rosto com uma de minhas mãos.
        
— Só consiga a passagem para mim por favor, e me avisa não tô com cabeça para fazer isso.
        
— Claro, não se preocupa vou resolverissoagora, mas e a Renata está tudo bem?
        
— Parece que está na medida do possível, mas se já for aquilo não sei nem o que pensar o que vai ser daqui pra frente.
        
— Meu amigo o que precisar estou aqui.
        
— Eu sei. Mas no momento é só isso, eu tenho que falar com a Jéssica antes de ir.
        
— Cara eu realmente não queria estar na sua pele,  mas enfim o que eu puder fazer é só falar.
        
— Obrigado. — desligo e abaixo minha cabeça no volante, tentando pensar em algo. Olho para fora já está começando a escurecer. — Onde você se enfiou Jéssica? — falo alto dando um soco no volante.
          
Resolvo voltar até sua casa. Quem sabe ela já voltou. Assim que paro na frente da casa vejo o carro do César encostar atrás do meu. Saio e logo Luciana vem até mim.
         
— Não a achou ainda? — nego com a cabeça. — O que está acontecendo? O que você fez para ela? — ela me pergunta acusadoramente .
        
— Porque vocês não perguntam para ela. — Cesar fala eu olho para trás e a vejo chegando descalça, sandálias nas mãos.

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