CAPÍTULO 4

7.1K 1K 186
                                    

  
     "MENSAGENS"

Jéssica


Estamos a caminho da minha casa quando a ficha cai, meu Deus não usamos camisinha. Olho para Heitor que está dirigindo. Ele olha para o lado me observando com um olhar estranho. Sei que estou com meus olhos arregalados, boca aberta, quando vou questionar ele se adianta.
     
— Você, não toma nada? —Não sei se me assusto com o fato de não tomar nada ou com seu rápido raciocínio. Balanço minha cabeça negando.

Ele sorri e volta sua atenção a estrada.
      
Não isso não pode acontecer, não agora. Não... não... não... não, é a única palavra que fica martelando na minha cabeça. Viro-me para frente, e me abraço. Sinto sua mão na meu cabelo,  seu toque que tinha o dom de me fazer esquecer qualquer coisa, agora não surte efeito. Preciso tomar urgentemente uma pílula do dia seguinte.
          
Chegamos em casa, desço do carro, só aqui me dou conta que não estou com a chave nem meu celular nem nada tudo está na minha bolsa, que ficou na mesa com Luciana.
          
— O que foi? — Ele me pergunta.
          
— Não estou com a chave, nem celular, nem bolsa, ficou tudo lá na mesa com Luciana. — Ele compreende e me abraça, pegando o celular do bolso, digita um número.
         
— Ainda está na festa? — só espero que não seja a vaca da amiga dele. — Ótimo, procura a amiga da Jéssica, e pega a bolsa dela, leva para estacionamento estou indo buscar. – Ele desliga, abre novamente a porta do carro.
       
Estamos em silêncio no carro, fico imaginando para quem ele deve ter ligado. Me distraio olhando o carro.
        
— Esse é seu carro? — Pergunto, ele me olha, olha para o interior do carro.
        
— Sim, é como você imaginava? —Dou risada.
        
— Bom como te falei, não imaginei, mas esse é bem melhor do que aquele cheio de frufrus, de quem é o outro? — claro que sei de quem é, mas só para confirmar pergunto.
         
— Da Silvia — Responde.
         
— A que entrou na sua sala aquele dia? — Ele me olha.
         
— Sim, você a viu?
         
— Não. — minto. — Só ouvi a voz! —Não vou admitir que fiquei espiando.
         
— Sim é dela, ela trabalha comigo a alguns anos já, quando peguei transferência para cá, ela resolveu vir também. — Entendo.

Pelo visto são muito amigos. Tenho que ter cuidado com o que falar dela. Mas pensamento é livre.

VACA VACA VACA VACA VACA!
         
— Ela viajou com você, hoje? —Ele me olha desconfiado pela pergunta.
        
— Sim, ela também foi, eu já entendi sua linha de raciocínio Jéssica, já disse vou resolver. — Bom pelo visto, parece que ele também entendeu.
        
Chegamos no evento, mas quando vejo um homem vindo em nossa direção, com minha bolsa na mão, fico surpresa por não ser a fulana. Fico sem entender. Afinal como Heitor soube onde eu estava se não recebeu minhas mensagens?

Ele colocou alguém para me seguir ?

Não pode ser.
       
Assim que o tal homem se aproxima do carro Heitor abaixa o vidro pega a bolsa e somente balança a cabeça, em agradecimento. Saímos de lá sem mais.
        
— Afinal se você não recebeu nenhuma mensagem minha como sabia onde eu estava? — Pergunto olhando para ele.
        
— Sou uma pessoa bem informada, minha profissão exige isso. — Acabo rindo com seu comentário.
        
— Só precisa cuidar melhor das suas coisas. — Eu ainda estou rindo e ele me olhando feio. Não preciso falar que isso piora a situação. — Você fica bonitinho até de cara feia — Ele nem me olha mais, acho que feri seu orgulho.

Tadinho!

Estamos voltando para minha casa. Estou tão cansada, que acabo cochilando no carro, acordo com Heitor me tirando. Eu entro em casa, vou direto para tomar um banho, tirar esse sal e areia do corpo. Heitor voltou para fechar o carro e porta da sala.

Um Único Olhar [Re-postando]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora