white wings • au!cashton

Me and you against all worlds!

Sinto todos os seus sentimentos ruins se misturarem aos meus, emaranhando-se em uma teia que me prende, sufocando-me aos poucos: impotência, culpa, tristeza, mágoa; as emoções me corroem, cavando um buraco em meu peito que me transpassa. O único poder que me restou é justamente aquele que mais me afeta. Mas sei que tenho de me manter firme por Calum. Um de nós precisa suportar tudo isso.

— Você... — começa ele, a voz trêmula. Calum então se afasta da parede, direcionando seus dedos quentes ao meu rosto. — Você não consegue me ouvir? — questiona baixinho. Não sei a que ele se refere e acho que ele nota a confusão em minhas expressões. — Na sua mente. Há dias você não responde minhas mensagens mentais. Pensei que fosse porque, sempre que eu te chamava, você não estava literalmente presente, mas você não me ouve agora.

Baixo a cabeça. Meu olhar cai para minhas mãos. Não queria que Calum soubesse do que vem acontecendo. Não queria que ele soubesse que seu anjo da guarda já não é mais assim tão angelical. Na verdade, eu mesmo tenho tentado ignorar este fato. Definitivamente não quero refletir sobre o que tudo isso significa.

Cuidadosamente, Calum levanta meu rosto com seus dedos macios. Ele deposita um beijo casto em minha testa, demorando mais que o necessário ao fazê-lo. Meu coração se aquece aos poucos, tornando-se impossível não sorrir.

— Estou perdendo meus poderes — murmuro, envergonhado. Nem ao menos sei ao certo se Calum sabe quais são meus poderes, mas ele tenta compreender. Seus olhos se apertam e ele tenta esboçar um sorriso de apoio. — Não sei o que isso significa, tampouco como te afetará. Desculpe por não poder cuidar de você da forma como deveria.

Calum passa alguns segundos em silêncio, possivelmente refletindo sobre minhas palavras. Eu fecho os olhos, esperando que ele diga algo duro, mas a ação seguinte me surpreende. Inesperadamente, ele cola os lábios nos meus. Por alguns segundos, ficamos parados daquele mesmo modo: estáticos demais para fazer algo a mais, os corações batendo de forma tão rápida que parecem a ponto de explodir em nossos peitos. Uma onda de choque passa por todo o meu corpo, transportando um misto de alegria e surpresa.

Calum é quem estoura a bolha a qual estamos envoltos, mas por um bom motivo. Ele entrelaça nossos dedos e, segurando ambas as minhas mãos, seus lábios pronunciam palavras que são capazes de aquecer ainda mais o meu coração:

— Se você não puder cuidar de mim, eu cuidarei de você. Seremos eu e você contra todos os mundos! — não posso deixar de soltar uma gargalhada calorosa, sentindo-me imensamente feliz de repente. Ele me acompanha e eu observo o modo adorável como seus olhos se fecham quando sorri. Calum Hood é mesmo uma obra de arte.

Estou me perguntando se tudo isso não é um sonho e se daqui a alguns minutos irei acordar do outro lado do mundo, em algum lugar da Austrália, numa cama apertada e no auge dos meus oito anos de idade, quando, de repente, Luke Hemmings abre a porta do quarto e nos encontra numa situação que pode ser um tanto estranha para seus olhos: Calum e eu de mãos dadas em sua cama espaçosa sorrindo como bobos um para o outro. Vejo um sorrisinho crescer em seus lábios ao que ele chacoalha a cabeça de um lado para o outro, pensando duas vezes antes de pronunciar:

— Ashton, Ashton... — ele ri, fechando a porta atrás de si enquanto faz um barulhinho com os lábios, demonstrando sua falsa indignação. — Vou apenas fingir que eu nunca soube de nada — Luke dá de ombros, sentando-se no beliche e encarando nós dois com os olhos brilhando.

Luke sabe de muita coisa. Ele não parou de me importunar desde o dia em que me perguntou pela primeira vez, no jardim desta mesma casa, se eu gostava do garoto a minha frente. Eu tentava ignorar suas mensagens que não paravam de me perguntar a mesma coisa, tentava dizê-lo que não, mas Luke não é bobo; ele prometeu que não contaria nada a Michael e, de fato, cumpriu. Quando eu finalmente admiti que sim, sou imensamente apaixonado por Calum Hood, ele comemorou por uma semana e deu total apoio aos meus sentimentos, alegando que eu merecia o amor dele mais do que qualquer outra pessoa.