I'm so into Michael Clifford

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Eu nunca fui um garoto muito popular antes de toda a merda gay explodir. São incríveis as proporções que um beijo pode tomar quando dado na pessoa certa – no meu caso, um erro me levou a muito mais do que eu poderia sequer imaginar. Porém, antes disso, eu era a definição da palavra solitário.

As pessoas me achavam patético, mas, na verdade, eu não mudei nem um traço da minha personalidade até então. Talvez tenha amadurecido, ganhado um rostinho mais bonito e parado de estragar o meu precioso cabelo, mas minha personalidade continua intacta. Bom, antes eu usava roupas pretas e uma franja emo (curiosidade: me chamavam de gótico! Acho que já está na hora de entenderem as diferenças entre emo, gótico e outras merdas do tipo) e vivia isolado, sem falar com ninguém. Minha melhor amiga era a minha irmã e isso era tão triste quanto parece. Então, eu conheci Nia Lovelis.

Quando Nia esbarrou em mim em seu primeiro dia de aula nesta maravilhosa escola e derrubou todo aquele maldito suco de uva na minha roupa nova, eu automaticamente passei a odiá-la, mas isso só durou vinte e quatro horas, pois não consigo guardar rancor de ninguém por muito tempo e, depois de me vingar jogando suco de laranja na cara dela, o que mais eu poderia fazer? Decidi seguir em frente – mas, mesmo assim, nunca me esqueci de que tive que usar as roupas da educação física todo o restante do dia.

Descobri que fazíamos todas as aulas juntos, então não foi difícil me aproximar dela. Ela disse, "ei, derrubei suco em você ontem!" e eu respondi "pois é, você é uma vadia! Vamos ser amigos?", é assim que me lembro da cena, mas talvez eu não tenha a xingado de vadia, porque soa ofensivo demais. Alguns minutos depois, ela disse que se chamava Szatania Angelika (tente pronunciar sem errar) e eu comecei a rir, mas fiquei com muita pena da coitadinha. Sério, nessa época eu já soube que a mãe dela só podia ser uma louca (eu não estava errado), então comecei a chamá-la de Nia.

Nia logo virou minha melhor amiga, um posto que não foi muito difícil de ser conquistado. Não foi nada difícil, na verdade, já que eu só tinha minha irmã como amiga. Mas talvez seja por isso que Mali-Koa a odeie: ela roubou o seu lugar sem nem pensar duas vezes.

– Onde você esteve ontem à noite? – pergunta Nia, batendo a porta do armário. Fechamos os olhos ao mesmo tempo ao ouvir o barulho irritante. – Droga de armário.

– Casa – respondo. – Michael fez mais uma daquelas lives.

Não estou mentindo. Quer dizer, tenho certeza de que ele realmente fez uma livestream. Ele sempre faz. Todos os domingos no mesmo horário. É claro que eu raramente perco a chance de ver aquele rostinho lindo na tela do meu computador, mas tive um bom motivo ontem.

Como se estivesse interpretando uma peça de teatro e não pudesse perder a deixa para sua entrada triunfal ao som de seu nome, Michael Clifford aparece. Não sei se ele realmente está andando em câmera lenta, se seus cabelos vermelhos realmente balançam soltos por conta apenas do leve contato com o vento que entra pela porta da frente do colégio ou se seu sorriso grande realmente brilha mais forte que o sol, mas é exatamente assim que vejo a cena. Solto um longo suspiro apaixonado e encosto-me a meu armário, olhando para ele – ou melhor, assistindo-o como se ele fosse um deus nos dando a honra de vê-lo andando pela Terra.

– Você está babando – diz Nia, beliscando minha cintura.

Reviro os olhos, virando-me para ela a fim de repreendê-la, porém ela arregala os olhos e me empurra para frente. Michael está vindo até nós. Michael está vindo até mim. Socorro. Tento me manter o mais calmo possível. Ele só está vindo me cumprimentar como todos os dias, só isso.

Mas ele nunca anda diretamente até aqui.

Posso começar a gritar?

– E aí, Cal? – diz Michael.

white wings • au!cashtonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora