Me and you against all worlds!

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Não deixo que ele termine de falar, apenas envolvo seu corpo em mais um abraço apertado. Ele definitivamente não pode se culpar pelos atos de Michael. Calum é a única vítima desta história toda. Não posso deixar que ele diga uma coisa dessas, que carregue um peso ainda maior.

— Preste atenção, Calum: isto não é culpa sua, está me ouvindo? — seguro seu rosto com minhas duas mãos. Ele está muito próximo de mim, de modo que vejo quando seus olhos cor de café tornam-se cada vez mais vermelhos, derramando-se em lentas lágrimas. — Se você quiser, eu irei caçar aquele desgraçado até o inferno. Apenas diga que sim e eu irei socar a cara dele até que ele esqueça os nossos nomes. Eu... — não consigo finalizar a frase, pois o choro também me atinge. Calum cola sua testa na minha e, juntos, nos permitimos chorar no escuro de um quarto silencioso.

Nossos corações batem no mesmo ritmo desenfreado, como uma orquestra que, apesar de desafinada, ainda segue a mesma sincronização. Sinto nossos suores frios se misturarem, nossas respirações se tornando uma coisa só. Seu corpo todo ainda treme por conta do choque que percorre suas veias; o trauma recente provavelmente ainda o assombra. Tento fazer com que suas dores desapareçam, porém não sou capaz de tal ato: não sou nada além de uma fraude — um anjo que, aos poucos, está caindo.

Nossas testas estão coladas. Vejo as lágrimas que escorrem por seus olhos fechados molharem suas bochechas. Baixinho, eu sussurro seu nome. Uma, duas, três vezes. Ele não me responde. Calum Hood está quebrado, por dentro e por fora. Esqueço minhas próprias dores para abraçar as dele; não me importo com nada além do garoto frágil à minha frente. Seu choro é tão audível quanto palpável; cada lágrima derramada por seus olhos cor de café estilhaçam meu coração, transformando-o em cacos que me cortam, abrindo feridas iguais as que, agora, sei que ele também tem.

Não quero vê-lo chorar ainda mais, não quero vê-lo desta forma tão vulnerável. Não posso. Não sei se é o certo a se fazer, mas, suavemente, encosto meus lábios nos dele. Acontece de forma tão calma e superficial que, de início, não tenho certeza se ele é capaz de sentir ou não. Até que, vagarosamente, Calum abre os olhos, afastando-se alguns centímetros. Não sabia que meu coração era capaz de se afundar ainda mais, mas ele o faz.

— Não me beije — balbucia ele. Mesmo sendo apenas três palavrinhas, sinto que elas doem nele tanto quanto doem em mim. Elas nos machucam na mesma intensidade. — Eu não posso, Ashton. Eu não posso.

Calum encosta a cabeça na parede atrás de si, abraçando as próprias pernas e deixando que as lágrimas escorram livremente por seu rosto avermelhado. Sem saber o que fazer, eu apenas encaro sua fragilidade, ouvindo-o repetir as duras palavras que, de algum modo, sei que significam mais do que aparentam ser.

—Eu não posso, Ashton.    

Toco gentilmente em uma de suas pernas, mas ele retira minha mão, afastando-a. Pisco algumas vezes, tentando assimilar a situação e, ao mesmo tempo, segurar as lágrimas. Respiro fundo. Beijá-lo foi uma péssima ideia. Agora, ele está chorando por minha causa. Calum está novamente fragilizado por minha culpa — não sei por que exatamente ele não pode me beijar, mas não acho que tenha relação com Michael. O fato é: cometi um erro. E se ele estiver pensando que apenas tentei tirar proveito da situação?

— Calum, me desculpe... Eu não deveria ter feito isso — solto um longo suspiro, vendo-o assentir levemente ao levantar seu rosto avermelhado. Droga, é horrível vê-lo desta forma e não ser capaz de fazer nada para mudar isso. Se tivesse acontecido há algumas semanas, eu poderia fazê-lo se sentir melhor apenas com um toque. Agora, tudo o que posso fazer é me sentar e encarar sua tristeza, não somente observando-a frente a frente, mas também a sentindo em minha própria pele.

white wings • au!cashtonWhere stories live. Discover now