Final

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Gastei meus últimos trocados para pagar o táxi e ir até a casa de Steve. Eu precisava contar isso a ele. E depois poderia pedir a Miguel que me levasse embora, afinal, ele mesmo havia se oferecido caso eu precisasse.

Cheguei ao grande portão cinza da residência dos Adams e fui reconhecida pelo segurança que logo liberou minha entrada e eu o cumprimentei com um abraço, tamanha era minha felicidade hoje. Ele ficou um pouco chocado e riu, mas eu nem me importei. Saí quase correndo até a entrada da casa e respirei fundo antes de entrar. Precisava conter meus ânimos para fingir que tudo havia dado errado.

Bati três vezes e a porta se abriu, Carmen me recebeu com um sorriso e um abraço.

- Precisa aparecer mais, menina. Estou com saudades.

- Eu também, Carmen. E das panquecas incríveis que você faz. - rimos enquanto ela me guiou até o quarto de hóspedes que Steve ficaria até melhorar o suficiente para voltar ao quarto amarelo.

- Espere um segundo, vou ver se ele está acordado. Os remédios às vezes dão muito sono ao pobrezinho.

Ela entrou e me deixou ali no corredor, esperando. Meu coração batia rápido, mas eu me forcei a segurar a emoção pelo menos no início, só para pregar uma peça nele. E também para me lembrar que eu não podia fazer movimentos bruscos ou lhe dar um abraço apertado e emocionado demais.

Carmen voltou logo depois, com um sorrisinho no rosto e deu espaço para que eu entrasse. Abri a porta devagar e tentei não fazer contato visual assim que entrei, pois poderia entregar a verdade rápido demais. Notei que ele estava perto da janela, então minha ideia era me sentar na beirada da cama. Antes disso ele falou comigo:

- O que houve? Como foi o NY Talent?

Sentei-me e só então fiz contato visual, e o fato de eu não conseguir mentir, e muito menos para ele, era óbvio. E como se fosse possível, senti meu rosto todo sorrir e então comecei a rir de felicidade.

- Eu passei, Steve. Eu passei! Estou na final!

Minha primeira reação foi levantar com pressa e ir até ele para abraçá-lo, mas felizmente, lembrei no último segundo de seu estado. Até a muleta estava por perto para me lembrar. Steve me envolveu de um jeito tão calmo e cuidadoso, terno, que me acalmei com o tempo. Tão calma que tive tempo para as lágrimas de novo.

- Eu sabia. Eu sabia que isso ia acontecer, você é incrível. Por que está chorando?

Afastei-me para vê-lo de novo e ele secou meu rosto e agora o segurava com as duas mãos. O conforto era inebriante.

- Porque eu não acreditava que isso fosse possível. Você acreditou em mim desde o começo e agora eu estou na final. - eu estava rindo enquanto minhas lágrimas ainda escorriam pelo rosto. - Eu sei que talvez nem ganhe, mas estou na final, vou cantar amanhã para um monte de gente.

Cada vez que eu pensava nisso parecia mais surreal do que a anterior. Steve pareceu desistir de dizer algo e então me abraçou. Passei os braços por seus ombros e pescoço e nunca estive tão confortável num abraço como o dele. Era tão terno e seguro que tornava impossível a tarefa de segurar minhas emoções. Chorei mais do que quando me anunciaram finalista e não me importei em transparecer tantas emoções assim. Afinal, aquele era Steve.

Aquele era Steve.

E, de repente, me dar conta disso foi um pouco assustador.

O AcordoWhere stories live. Discover now