Simplesmente Samantha

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Steve fazendo cena só porque eu quis ler aquele caderno idiota. E ainda dizia que eu era a granada, bomba relógio e não sei o que mais.

Sinceramente, eu não tinha tempo pra gastar com esse tipo de coisa.

Saí em disparada da casa dele e consegui pegar um táxi. Arranjei confusão com o taxista porque não tinha dinheiro na hora, mas prometi que ia pegar o dinheiro no dormitório e ele ia ter que me esperar. Mas o taxista estressado não aceitou. Precisei deixar meus sapatos como garantia de que ia voltar. Ele suspeitou, mas acabou aceitando.

Paguei a corrida e voltei para o dormitório vazio, como sempre. Wendy estava sempre fora. Normalmente estava em festas, ou de ressaca, ou com Josh. Às vezes ela também estudava.

Corri para o banheiro e tomei um longo banho quente. E teve que ser longo porque precisei ficar alguns minutos esfregando o braço até aquele rabisco idiota sair por completo. Minha pele parecia prestes a descamar de tanto que esfreguei. Mas, pelo menos, saiu.

Mais tarde resolvi ler o texto gigantesco da próxima aula e voltar a ser quem eu era antes de Steve aparecer em minha vida e me encher o saco eternamente por causa daquela loira aguada. Eu estava realmente concentrada na matéria quando meu celular tocou. Bufei imaginando que fosse Steve e lembrei que seria bom colocar um toque para quando ele ligasse. Parei de reclamar mentalmente e peguei o celular. Era meu irmão, Jack.

- Jack! - atendi animada. - Que saudade!

- Oi, Sam. Também estou com saudade. Quando vem para cá de novo?

- Não sei. As aulas estão muito puxadas e o tempo que me sobra eu atuo como guru sentimental e comportamental. - segurei a risada.

- Guru o quê?

- É uma longa história. Conto quando for até aí. Mas me conte as novidades, como está nosso pai?

- Ele está na mesma. Conseguimos controlar os gastos com as medicações, mas ainda não é confortável. Mas estamos bem. Dona Sylvia perguntou de você. - eu ouvia sua voz nitidamente, mas havia ruídos por perto, ele devia estar no trabalho.

- Ela perguntou? - pigarreei. - E o que ela perguntou exatamente?

- O de sempre. Como está a faculdade, as aulas, os professores... Você sabe.

Claro. Ela adorava falar da faculdade.

- Diga que estou bem e as aulas também. Mas me diz uma coisa sobre o pai, vocês leem algo para ele?

Jack demorou a responder.

- Não. Sabe que não temos tempo, Sam.

- Ele não fala e nem se mexe, mas escuta e gosta que leiam para ele. E vocês têm tempo. Nem que sejam cinco minutos. - respirei fundo.

- Sam, você sabe que é difícil. Você não está aqui para ver a notificação do banco a cada semana sobre a hipoteca avisando que sem o dinheiro estaremos na rua. Não está aqui contando moeda para comprar os remédios do nosso pai. Você não vê nada disso.

- E o que você queria? Que eu pegasse um trem todo santo dia durante horas para ir até Mullins e fazer tudo isso? Eu não queria vir para Nova York, mas se você não se lembra, nossa mãe insistiu durante duas semanas, todos os dias, para que eu viesse e seguisse minha vida. - droga, esse assunto sempre me deixava mal e irritada. - Eu ia realmente abrir mão de tudo para poder cuidar dele. Você sabe disso.

- Sam, me desculpe. Desculpe por falar assim com você. - Jack se arrependia fácil.

- Tudo bem. - engoli seco. - Não quero discutir. Agora me diga, como você está?

O AcordoWhere stories live. Discover now