30 • Eu mato, não salvo.

Começar do início
                                    

— Hallo! Deixe pra analisar esse fato bizarro em outro momento, agora, se não se importa, precisa decidir se irá deixar Kênia ir.

Rico girava o anel em torno do dedo em um gesto nervoso, estava pensativo com o olhar desfocado à direção da porta. Após alguns segundos cogitando sua decisão, resolveu ir pelo caminho mais "fácil". Seguiu com Kelly até onde Kênia se encontrava. André e Petrus estavam um pouco distante, conversavam entre si.

Kênia encarou o céu parcialmente nublado, pensando em tudo o que acontecia ao seu redor. Presenciou de perto o poder do Borelli, o medo que ele causava nas pessoas. Só a ideia do Rico perder o controle fez a polícia de Los Angeles enviar viaturas para as ruas em busca de sua irmã. Ele tinha gente que nem trabalhava para ele na busca por Anelise. Pessoas matavam por ele.

— Como vai ser? — ouviu a voz de Petrus soar ao seu lado assim que Rico e Kelly surgiram.

— Dê um carro pra ela. — comunicou. — Ela sabe o que tem que fazer.

Kênia ergueu um lado das sobrancelhas.

— O que te faz acreditar que vou me arriscar por Anelise? — indagou seriamente.— Eu nem estaria aqui se não fosse por vocês!

— Você não tem outra escolha. — advertiu, Rico. Ela riu desdenhosa.

— Precisa de mim, Borelli, acho bom começar a colaborar. — retrucou. — Quer que eu vá? Ok, eu vou. Me dê apenas uma moto.

André cruzou os braços sobre o peito, desconfiado da repentina boa vontade de Kênia.

— Uma moto?

Afirmou.

— Aquela mulher me deu meia hora pra estar lá. Só nessa enrolação de vocês já foram 15 minutos. Uma moto é mais rápida e discreta. — decretou, astuta. Rico a encarou com desconfiança, por fim concordou, gesticulando para que seus homens providenciasse a moto.

— Leve essa faca com você. — ordenou ao se aproximar da mulher.

Kênia riu com desdém ao alcançar o objeto que de nada serviria, caso Rivânia encontrasse.

— Claro. Afinal, quem foi o imbecil que disse que mulher gosta de flores e não facas?

[...]

Ela desligou o farol da moto, esperando alguns segundos, avistou o circulo de homens entre alguns contêiner. Não estava com medo, longe disso, só não tinha certeza se deveria continuar. Ela matava pessoas, e não as salvava. Respirou fundo e desceu da moto, tirando a chave em seguida. Kênia avançou à direção do caminho deserto entre dois contêiner.

Avistou Anelise caída de joelhos sobre as pedras afiadas numa área isolada. Um pano amordaçava sua boca, chorava descontroladamente. O rosto inchado, os fios negros grudados em sua testa, as mãos amarradas atrás das costas de forma agressiva. Aquela imagem lhe trouxe a lembrança da sua irmã, lembrou-se de Eloá em seu estado terminal. Ao redor, vários homens armados, uns sete ao total, contando com a mulher em pé ao lado de Anelise.

— Chegou a convidada especial! — a saudou, segurava uma glock com a mão direita, o modo desleixado com que portava a pistola criou dúvidas em Kênia.

A analisou dos pés à cabeça. Rivânia Versace devia ter uns 30 anos, loira, alta, magra o corpo cheio de curvas. O vestido branco, colado no corpo, destacava suas silhuetas bem acentuadas. Jamais a ligaria ao cartel ou máfia. Aparentava mais uma socialite americana vivendo às custas do marido.

— Estou aqui. Pode soltá-la. — sua voz soou num ecoo firme.

A mulher gesticulou para que Kênia se aproximasse, e a mesma arriscou quatro passos até ser cercada pelos homens. Rivânia a rodeou, a examinando fixamente. Um homem a revistou de forma bruta, a apalpando sem autorização. Kênia segurou com força seu pulso, tão forte que ele soltou um gemido.

O Grande Rico Borelli. - I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora