22 • Sócios.

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Os dias tornaram a passar ligeiramente para Kênia

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Os dias tornaram a passar ligeiramente para Kênia. Como sempre, permaneceu dopada a maior parte do tempo; isolada, sem receber mais visitas, nem mesmo de Rico. Uma enfermeira de confiança fora resignada a cuidar da sua recuperação, uma recuperação que iria ser lenta e dolorosa. Após três semanas vivendo da mesma forma, em fim, Kênia conseguiu forças para arrancar os fios que a conectava aos aparelhos. Ainda estava fraca e tonta, meio desnorteada, mas não aguentava viver como um vegetal.

Tinha medo de que Rico a mantivesse assim para o resto de sua vida, foi justamente por isso que lutou arduamente para sair do quarto, escorando-se nas paredes de concreto gélidas, erguendo o corpo e dando passos curtos e pesados, não tinha força suficiente pra ficar em pé. As pontadas agudas em seu abdômen infernais, prejudicando a respiração.

Desconfiou da ausência dos homens de Rico.

Kênia empurrou a porta, recebendo rajadas de luzes noturnas, a cegando quase que instantaneamente. A noite fria, talvez madrugada, lhe deixou incerta quanto a continuar a marchar até o castelo. O vento uivante que vinha das árvores ao redor lhe proporcionou estranheza. Foi escorando-se nas paredes para alcançar a escadaria, surpreendendo-se por avistar tantos carros estacionados à frente. No pouco tempo que esteve no lugar, notou a movimentação constante de carros, mas sempre eram Mercedes, SUVs, ou Cadillacs.

Havia outros modelos da qual ela não soube identificar, não era especialista em marcas de automóveis, sabia apenas dos mais populares entre aquele mundo onde vivia. Mas pelas marcas famosas tinha a certeza de que os donos deveriam ser podre de ricos.

Kênia segurou firme no corrimão de gesso da escada para que não caísse, a cada passo pesado que dava, seu corpo relutava, seu abdômen doía. Respirou fundo inúmeras vezes, parava a cada degrau para recuperar o fôlego. Levou cerca de 5 minutos até estar de frente ao hall, a grande porta de entrada do castelo. Novamente, surpreendeu-se pela falta de segurança.

Kênia segurou firme na maçaneta dourada da gigante porta de maneira, girando lentamente, ouvindo apenas o cricrilar dos grilos. Encontrou nada mais, nada menos, que a imensidão do salão principal, onde um vasto silêncio absoluto fez com que ela soltasse o ar preso dos pulmões.

A mulher adentrou no cômodo, passo por passo, tendo dificuldade em acompanhar os próprios batimentos cardíacos. Passou os olhos ao redor, indo a escada lateral que dava acesso aos cômodos superiores.

— Não devia estar aqui.

Aquela voz.

Kênia girou a cabeça até o dono da voz.

— Onde ele está?

Rancor. Raiva. Ódio. Tudo acumulado em uma única e simples pergunta.

Nana estava parada na soleira da entrada do corredor do outro lado do salão. Usava seu terninho, cabelo preso em um coque samurai e as mãos para trás. O semblante neutro, quase inexpressiva.

O Grande Rico Borelli. - I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora