16 • Meu filho.

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9 ANOS ATRÁS/SINALOA-MÉXICO

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9 ANOS ATRÁS/SINALOA-MÉXICO.

A jovem menina grita em desespero ao sentir fortes dores na área do abdômen, sua enorme barriga já não lhe incomodava tanto quanto deveria, o líquido molhado lhe dava a certeza de que seu bem mais precioso logo chegaria ao mundo para iluminar sua vida, trazendo novamente a vontade de viver.

Aquele bebê seria sua salvação. Sua única razão para continuar no mundo.

Ela gritou por socorro enquanto apalpava a barriga, acariciando-a de forma carinhosa na tentativa de acalmar seu bebê. Havia chegado a hora de nascer, mas para seu azar, ela não estava preparada. Não tinha uma casa, uma família, um trabalho ou se quer meios de criá-lo. Ainda assim, daria um jeito.

— SOCORRO!!! — gritou novamente, na calada da noite. — ME AJUDEM! POR FAVOR! SOCORRO!

O quarto em que estava ficava localizado nos fundos de uma área isolada do orfanato, onde nem mesmo as pessoas que trabalhavam por anos entravam. Funcionava como um depósito antes de Saúl transformar num pequeno e simples quarto para ela e o bebê. Passou noves meses presa, escondendo sua gravidez do restante das pessoas. Ninguém podia saber que estava grávida. Se essa informação caísse em mãos erradas, sabe lá o que poderia acontecer, tremia só de pensar.

— ME AJUDEM! POR FAVOR! ESTÁ DOENDO MUITO. — Kênia inspirava e expirava, tentava a todo custo manter-se firme. — Ahhhhh!

Por um breve período de tempo teve a sensação de que iria ter o filho sozinha, mas então a porta se abriu num estrondo, e por ela passou um Saúl desesperado. Estava tão ofegante e assustado quanto a menina. Trazia consigo uma tesoura e toalhas.

— Já está nascendo?

Afirmou freneticamente. Prontamente ele ajoelhou-se ao seu lado, separando suas pernas e se posicionando entre elas. Não teve brechas para timidez ou medo, Kênia só queria livrar-se daquelas pontadas agudas, da sensação dos seus ossos se partindo ao meio.

— Precisa empurrar com força. Empurre com força. Vamos, menina.

— Sabe como fazer isso? — perguntou, receosa. Ele negou de imediato, e ela fechou as pernas logo em seguida com ainda mais medo.

— Eu não sei, mas só eu que poderei fazer esse parto. Daremos um jeito. É só empurrar com força. — falou rapidamente.

— E se acontecer algo co... AHHHH! TÁ DOENDO DEMAIS.

— Empurre!

O Grande Rico Borelli. - I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora