45 • Consequências fatais.

21.2K 2K 1.7K
                                    

Amá-lo foi um acidente fatal, e por mais que Kênia tenha fincado o pé no freio, o coração estava sem o cinto de segurança

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Amá-lo foi um acidente fatal, e por mais que Kênia tenha fincado o pé no freio, o coração estava sem o cinto de segurança. Foi inevitável, violento e cruel, não dava pra sair ilesa das colisões no final de tudo.

Kênia fugiu da festa. Esbarrou em vários corpos no caminho, derramou champanhe no vestido ao topar com uma das bandejas que os garçons seguravam. Ela chorava conforme se aproximava do escritório de Rico. O anjo da morte lhe acompanhava em suas costas, ela sabia que alguém morreria, e que possivelmente não seria Kai. Para salvar Eloá teria que trair Rico, e isso não devia lhe afetar tanto, muito menos machucar. Mas doía.

Doía de uma forma que dificultava sua respiração, o embrulho agonizante na boca do estômago. O medo... Ela nunca sentiu tanto medo em toda sua vida. Mentalmente implorava por ajuda.

Assim que adentrou no cômodo desabou no chão. Não se importou com a maquiagem ou o cabelo, só queria extravasar, jorrar toda aquela dor do peito para fora. O grito entalado na garganta a engasgava.

Minutos depois a porta se abriu, e ela não se moveu, pois sabia de quem se tratava. Aquele par de sapatos pretos pertencia a pessoa que passou a amar.

— O que aconteceu? — a voz rouca de Rico soou. Sentiu sua presença cada vez mais perto. — O que ele fez, Kênia?

Ela não respondeu. Limpou o rosto e se recompõs, passando a fita-lo profundamente. Ele estava sempre no controle de tudo, prevendo ações e jogando o jogo da vida. Mas controlar Kênia era uma missão fracassada, ele não tinha mais como fazê-la ficar se não por vontade própria. Não iria obrigá-la a continuar usando o anel, e talvez fosse mais fácil e menos doloroso acabar com aquilo ali.

Ele sabia que no instante que Kênia abrisse a boca, teria que iniciar o plano B, e isso o desestruturou.

Ela retirou o anel do dedo anelar e o colocou sobre a palma da mão de Rico. As lágrimas salgadas desciam queimando sua pele, deixando rastros para trás. Respiração entre cortada. Cartas finais. Última jogada.

Eu sinto muito.

Sussurrou ao puxá-lo pela nuca para um beijo. O beijou como nunca havia beijado antes, seus lábios se chocaram com intensidade e desejo, um calor que percorria seus corpos. Separou-se dele, mantendo a boca à centímetros de distância.

Naquela pausa Kênia pensou em dizer o quanto o amava. Depois de 10 anos, voltava a amá-lo. Seus olhares se encarando naquela pausa que durou uma eternidade mas acabou cedo demais.

Rico sorriu.

— Ele mostrou a carta na manga, não é? — confirmou. Às lagrimas tornaram a surgir, mais intensas. — Você sabe o que fazer. Seja o que for, está tudo bem. A gente já sabia que o fim chegaria.

Ela balançou a cabeça em negação, chorando. Haviam dado início a um jogo de xadrez onde eram peças distintas, ela branca, ele preta. A regra desde o princípio foi clara, não poderiam ocupar o mesmo espaço, mas ainda assim teriam que dar passos a frente. A sede de vingança a impedia de pensar, armar estratégias diante do inusitado, bastou Kai entrar na partida e mexer duas peças ao seu encontro e então, xeque-mate. Mais uma partida perdida.

O Grande Rico Borelli. - I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora