"Péssimas notícias."

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O jardim da casa era um tanto quando peculiar, Will nunca sentiu tanto medo de anões como naquele momento, parecia que uma daquelas miniaturas no jardim o olhavam como se dissessem "MORRAM"

Eles decidiram entrar e quando abriram a porta fez-se um barulho com direito a filme de terror, hesitando, entraram na casa. O interior era ainda mais assustador, os objetos que eles encontravam iam de uma mesa com potes de borboletas mortas (desprezível,pensou Mary) a livros sobre coelhos e seus costumes, o que deixava difícil saber algo sobre quem morava ali. Não parecia haver alguém em casa.

Jonny foi ver os quartos, Mary vasculhava os armários e Hãnsel e Will foram para a cozinha, depois de uma rápida inspeção eles se juntaram para decidir o que fazer.

- Will, eu não acho que vai encontrar alguma pista nesse taco velho. - Disse Mary.

- Nunca se sabe, além do mais eu estou com fome!

Um barulho no fogão os fez calarem a boca, Jonny avançou em algo parecido com uma posição de defesa. Em poucos segundos a tampa do forno se abriu subitamente assustando a todos e revelando um velho com uma barba maior do que deveria lá dentro, o mesmo não pareceu não perceber a presença dos garotos.

- Droga, não acretido que perdi meus bolinhos. - Ele disse visivelmente triste antes de olhar para os intrusos. - Oh! Olá estranhos, viram algum bolinho?

Os garotos se entreolharam e balançaram a cabeça negativamente, Hãnsel olhava para a cena como se tivesse visto uma cobra engolir um javali. Depois o velho que era um tanto desastrado tentou sair de seu forno sem sucesso caindo de cara no chão de madeira, os garotos iriam rir se não estivessem tão tensos.

- Essas túnicas sempre me fazem cair - Disse o mesmo tentando se limpar das cinzas do forno. - Do que precisam?

Jonny sorriu aliviado pelo velho não tentar mata-los, pelo contrário, parecia que ele estava bem avontade em encontrar estranho em sua casa depois de um rápido passeio pelo forno. Já Hãnsel estava calculando mentalmente o provável peso do velho, o tamanho do forno e como ele se enfiara ali com tanta barba.

Os quatro se sentaram no sofá da sala, automaticamente sem saber quem contaria a história do pássaro verde que os levou ali, com certeza não era Will que ainda estava muito atento ao seu taco.

- Estávamos indo embora da cidade quando apareceu um pássaro verde que falava, depois de dizer nada que entendesemos, nos mandou aqui. - Disse Mary.

- Não querida, nunca te ensinaram a contar histórias? Ah é mesmo, não deu tempo do seu pai fazer isso! - Prosseguiu. - Bom, eu quero que me contem suas histórias, do início. Hãnsel?

- Como sabe meu nome? Por quê estamos aqui? - Indagou o garoto.

- Tudo bem, sem histórias. Pelo menos por agora.

- Tem mais taco? - O ruivo perguntou.

O velho riu, mas não respondeu. Queria poder matar os quatro jovens ali mesmo por invadir sua casa e roubar sua comida, mas lembrara que era um bom velhinho, é que também não sobreviveria sem aqueles indigentes.

- Okay, vamos lá. - Falou fingindo entusiasmo. - Há muitas séculos Helsen era uma cidade unida, as criaturas e os homens viviam em harmonia. Mas os humanos sempre queriam mais, queriam viajar, contar a história das criaturas, trazer vistantes... Enfim, eles queriam viver. Uma mulher tentou fazer com que uma sereia passase a barreira, mas ela não podia e se feriu, as criaturas se revoltaram e mataram alguns, os que queriam demais. O rei foi obrigado a ouvir a voz do povo, que não queria mais conviver com as criaturas, foi aí que aconteceu...

Os olhos dos jovens estavam vidrados na história e mantinham a mão sobre o queixo como crianças ouvindo contos de fadas, provavelmente cruzariam pernas de índio se houvesse espaço. Todos esperavam o fim da história. O velho remexeu-se na poltrona, olhou em volta como se farexasse algo, sem mais nem menos enfiou a mão dentro da blusa.

- Bolinhos! Eu achei meus bolinhos, não acretidam que estavam aqui o tempo todo. Aceitam?

- Aceito. - Disse Will pegando-o da mão do senhor, que não ficou muito feliz.

- Mas o que aconteceu?

- Aonde? - Perguntou o velho.

- Na história, ora bolas. - Respondeu Jonny.

O velho olhou-os como tivesse finalmente lembrado que estava contando a história para os garotos.

- A guerra aconteceu. - Prosseguiu. - Aconteceu por anos, algumas pessoas fugiram descobrindo que esta cidade sempre esteve oculta do mundo lá fora, outros enlouqueceram quando não puderam sair, muitos não conheciam pelo menos sessenta por cento de todas as criaturas. A guerra só acabou há treze anos atrás, estávamos em negociação quando o castelo pegou fogo eliminando a realeza e deixando as pessoas e criaturas por conta própria, a cidade toda sentiu o impacto. Por conta própria eles criaram um exercíto que iria começar atacando a floresta de Fantaculos. - Ele olho para Hãnsel. - Só não aconteceu coisa pior pois um jovem herói matou o comandante. Ficamos assim, os humanos vivem a vida deles na cidade, sem ir para a floresta o lugar das criaturas. Fim da história!

- É só isso? Viemos aqui para ouvir sobre uma velha rixa? - Irritou-se Mary.

Quando foi parar ali e o senhor vida sua vida, ela pensou que pudesse descobrir a verdade sobre a mesma. Um pingo de esperança animou a garota, mas agora depois de tudo o que fez encontrou-se encurralada sem nenhuma pista. Ele a dera esperanças e depois a esmagara jogando as no chão. Hãnsel segurou seu braço, impidindo-a de dar uma rasteira no pobre velho (o garoto já provou dos seus ataques, e doeu).

- Mary, você vai descobrir a verdade. Vocês vão. - Ele observou todos e lançou um olhar ameaçador para Will que se encaminhava para a cozinha silenciosamente. - A guerra ainda não acabou, há pessoas que não aceitam uma derrota, há fios soltos na história, vocês precisam permacer juntos. Vão descobrir mais para frente, mas precisam confiar um nos outros e não guardar segredo.

- Sobre o que você está falando? Qual é a verdade? - Perguntou Jonny.

Todos os quatro o olhavam com medo, sempre há algumas coisas que guardam a sete chaves, mas guerra? O velho só pode estar delirando, com certeza foram os bolinhos, pensou Mary.

- Eu os convidaria para o chá da tarde, afinal já está na hora. Mas vocês tem um bom caminho pela frente, encontrem um gigante amigo e adeus!

Enguanto ele empurrava todos para o quintal de sua casa entregou um papel para Hãnsel, antes mesmo de tiverem a chance de perguntar algo o nada adorável anfitrião bateu a porta em suas caras. Talvez estivesse louco, ou talvez aquilo fosse realmente a verdade, precisariam descobri por conta própria.

As Crônicas da LoucuraWhere stories live. Discover now