"Fantasmas em baixo da cama"

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Um pouco mais ao leste da floresta de fantaculos havia uma grande caverna de pedras negras, e nela continha uma velha e grande casa de madeira. Poucos habitantes passavam por aquelas bandas, diziam-se até ser uma floresta assombrada, os poucos corajosos que seguiram por aquele caminho não ousaram adentrar a caverna e ainda sim tem grandes histórias de pescador para contar.

Fantasmagórico, lá estava Hãnsel em seu respectivo quarto, ou seja, o sótão da antiga casa. O garoto havia contado e recontado os livros em sua estante cheia de pó, livros antes que eram como filhos para o jovem rapaz.

As fotos de sua falecida mãe pendiam do mural improvisado que ele criara com tanto cuidado. Não era uma semana muito agradável, na verdade o ano não foi nada agradável. Então como era inevitável o fato de ter que levantar da cama, assim Hãnsel o fez.

Em um piscar de olhos estava ali, assaltando a geladeira cheia de calorias desnecessárias. Moon apareceu de repente e se fosse outra pessoa teria um susto antecedente de infarto, mas o garoto acostumou-se com sua presença mais rápido do que esperava. A gatinha estranhamente fofa ronronou ao seus pés e ele a tomou no colo como se fosse a proteger de todo o mal. Foi até a sala e deitou-se no sofá vestido de forma gótica, pegou o controle para colocar em seu canal predileto e logo após cantarolou com o capitão a música de Bob esponja calça quadrada como se fosse um garoto de nove anos. Mesmo ali se distraindo ele podia sentir a escuridão chegando lá fora, as árvores balançavam com o vento forte e os seus olhos foram pesando pouco a pouco.

A casa do garoto carregava um mistério próprio, se olhassem bem veriam que as paredes carregavam histórias, algumas assustadoras demais. Hesitou antes de ir a caminho do porão, observando a imensidão. Seu não tão querido pai não via-o há dois anos, e não pretendia visitar o filho tão cedo. Hãnsel sabia que a decisão partia dele, mas não se sentiu tão seguro quando abriu a porta do cômodo e a gatinha ainda aos seus pés miou assustada. Era tudo ou nada, atrás do armário de ferramentas estava o grande "e se" do garoto. Sombras começaram a surgir dentre as paredes enguanto um grande salão se abriu.

Dando mais dois passos observou todo o lugar que já conhecia de cor e salteado. Logo ao centro havia uma grande pedra negra e em volta dela caminhos direcionados a túneis que levavam a lugares imagináveis, mas o que chamou a atenção do rapaz foi o principal. Um caminho cujo chão era de  cascalhos pretos e o levava para um lugar especial, o caminho que levava ao seu mundo. Ele sabia que não poderia voltar de mãos abanando diante a um rei espectral, não seria lá recomendável, antes disso precisava de cumprir o propósito para o qual veio. E quando menos esperava o rapaz ouviu um grito estrondante vindo do fim do túnel, gritou desesperado junto. 

E foi num pulo que ele acordou de seu pesadelo suando frio, ainda no sofá velho e sujo. Observando em volta não achou a fiel escoteira, lembrou rapidamente que esquecera a porta detrás aberta, Moon sumira, poderia estar em qualquer lugar e estava prestes anoitecer. Perante a enorme floresta Hãnsel não sabia por onde começar, culpou-se mentalmente por pegar no sono e ser descuidado. Apesar dos sentidos aguçados da gata, ela nunca havia saído da caverna, Hãnsel raciocinou mais um pouco, tinha ido e vindo de reinos variáveis vezes, podia achar uma gata. E se ela saiu de casa era porquê havia algo lá que a interessou, talvez criaturas tenham passado seguindo para o mercado ambu, tomou a mesma direção.

– Ah, ora botas! Onde essa bixinha se meteu? – Indagou sozinho em meio a escuridão.

Depois de algumas horas caminhando, que para ele até pareciam minutos, pensou ter ouvido um barulho estranho e foi ao local averiguar.

Moon não estava lá como esperado, mas havia outro alguém que logo passou uma rasteira no garoto que caiu ao chão com uma adaga em seu pescoço, de costas não havia como avistar o rosto da pessoa que havia despejado o golpe. Sentiu repulsa quando o suor do indivíduo tocou sua nuca, mas como aprendeu com o pai ele aproveitou a falta de fôlego do inimigo e também atacou. Usando sua agilidade e rapidez levantou-se rápido fazendo o outro cair, e até permitiu-se sorrir sarcasticamente para a pessoa ao chão.

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