Capítulo 29 ~ Pai e filho

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— Trazendo de volta o lorde... — Draco estava impactado. — Ele está morto, pai.

— Necromancia, Draco. — Sorriu Lúcio. — A magia perdida.

— Mas não se pode ressuscitar os mortos.

— Também não deveria ser possível enganar a morte, filho. Mas o Lorde das Trevas conseguiu. E graças a essa belezura aqui — Lúcio tirou da sua capa uma cópia de Lições Avançadas em Poções e ergueu no ar. — Eu pude enxergar como.

— Você deveria estar em...

— Azkaban, sim. Mas depois da guerra contra o Lorde das Trevas, Azakaban não tem mais estado sob domínio dos dementadores, e depois de ter lido os encantos presentes nesse livro foi fácil me livrar dos aurores e fugir de lá, meses atrás.

— Mas...

— A maldição Serverus. Como você pode ver com a sangue-ruim como exemplo, ela nunca deixa de agir, eu poderia controlar a garota por anos sem que descobrissem. A não ser que a pessoa que lançou a maldição morra. Por isso os responsáveis por minha cela acreditam veementemente que ainda estou lá. Severo era extremamente inteligente e talentoso, e esse livro é prova disso. Ele me mostrou que com magia qualquer coisa pode ser feita, Draco. Qualquer coisa. Snape me deu a luz  que eu precisava para enxergar a verdade: que o corpo é mortal, mas a alma jamais perece.

— O que Hermione está fazendo com Harry?

— Com Potter? Nada. Ele está apenas desacordado, a sangue-ruim está apenas procurando a alma de Lorde Voldemort. O livro branco fala que as almas tendem a permanecer vagando próximos aos lugares onde o corpo morreu. E o Lorde das Trevas morreu aqui, em Hogwarts, e quando a Granger encontrá-lo irá destruir a alma de Harry Potter e inserir a de Lorde Voldemort no lugar.

Draco avançou em direção a Hermione, clamando:

— Hermione! Você precisa parar! É o Harry. O seu amigo. HERMIONE!

Lúcio finalmente pareceu surpreso.

— Por que você está tentando para-la, Draco?

— O que você tem em mente? Trazer de volta o homem que quase destruí nosso mundo!

— Ele não destruí nosso mundo, Draco! Ele ia nos dar um mundo melhor, sem trouxas, sem sangue-ruins, um lugar onde teríamos poder e glória.

— Você não vê?! Voldemort só pensava em si mesmo! Ele não iria nos dar coisa alguma! Só ele teria poder e glória.

— Olha como estamos agora, Draco! Pobres, sem honra, sem nada! Estou condenado a ficar em Azakaban pelo resto da vida e sua mãe está prestes a enfrentar um julgamento e você está tentando me parar?! Você mais do que ninguém devia entender. Sempre teve tudo o que quis, deve sentir falta disso.

— Não pai. Antes eu tinha tudo o que eu achava que queria. Agora sim, eu tenho tudo o que eu preciso. E você não vai tirar isso de mim.

Draco pulou em Hermione derrubando a garota no chão, a varinha dela voando para o outro lado.

— Não! — gritou Lúcio, puxando sua varinha e apontando para o filho, que se levantava. — Pegue sua varinha, Granger! Serverus — Lúcio apontou a varinha para Draco e um jorro de luz roxa saiu da ponta dela.

Mas Draco foi mais rápido, quando percebeu o movimento do pai pelo canto do olho, puxou sua própria varinha e exclamou:

Protego! — e o feitiço de Lúcio ricocheteou no escudo conjurado por Draco.

Hermione finalmente alcançou a varinha que tinha caído no outro lado da masmorra.

— Lute com ele! — ordenou Lúcio.

Mas Draco desarmou a garota antes que ela pudesse erguer a varinha, e desviou, ao mesmo tempo, de mais um feitiço lançado pelo pai.

O círculo prateado continuava a rondar o corpo inerte e ferido de Harry e funcionou como um escudo quando Draco tentou se aproximar, empurrando-o.

— É uma linha espírita, você não vai conseguir passar.

— Acabe logo com isso, pai. Solte Harry Potter.

— Não Draco. Eu só saio desse castelo hoje quando o lorde das Trevas estiver habitando o corpo desse garoto, nem que para isso eu tenho que te ferir. Agora saia da frente e deixe a sangue-ruim terminar.

— Não, eu não vou sair. Eu não vou deixar você feri-lo.

Crucio!

Expelliarmus!

Gritaram, pai e filho, ao mesmo tempo.

O jorro de luz vermelha que surgiu da varinha de Draco alcançou o feitiço de Lúcio no ar e fez brilhar em tom de laranja o conjuro incolor da maldição da tortura.

As varinhas vibraram quando os feitiços se interceptaram, e Lúcio foi lançado no ar ao receber o impacto do feitiço de desarmamento.

Draco também foi atingido pela impacto da magia e jogado para trás, a cabeça atingindo o chão de pedra quando caiu.

Sua visão escureceu e ele viu o vulto de Hermione passar ao seu lado, voltando para onde estava desde o início e voltando a emitir as palavras estranhas.

"Não", Draco tentou gritar, mas sua voz não saía. Ele ouviu os grunhidos do pai surgirem do outro canto da sala; ele estava provavelmente se levantando.

Draco não podia deixar. Não podia permitir que seu próprio pai lhe tirasse a pessoa que ele mais amava.

"Não Hermione", tentou outra vez, mas seus gritos ecoavam apenas em sua mente.

Ele tentou se sentar no chão da masmorra, mas o esforço fez sua cabeça doer como se seu cérebro estivesse sendo comprimido.

Então ele percebeu que era o seu pai, controlando-o com a maldição Serverus.

— Muito bom, garoto. Agora pegue sua varinha e ajude a Granger. As palavras certas estão no Livro Branco, no chão logo ao lado da cabeça de Harry.

Draco tentou não obedecer, mas cada pedacinho de esforço que ele fazia atingia sua cabeça dez vezes pior.

A dor era tanta que sua visão tornou a escurecer, a sala sumiu de sua frente e tudo ficou preto.

Seu corpo se levantou e começou a se mexer para obedecer o comando, mas sua mente estava em outro lugar, estava na sala precisa, na cama de lençóis brancos por onde um cervo e um leão de prata brincavam.

Do outro lado da sala, olhando para o céu noturno pela pequena abertura na parede, estava Harry, sorrindo.

Draco correu até ele para ver se estava tudo bem, mas o corpo do namorada transpassada seus dedos, como se ele fosse um fantasma. .

Harry virou a cabeça para Draco e disse:

"Há uma magia, doninha. Que até os trouxas tem acesso. Uma magia que é mais poderosa que qualquer outra no mundo. Use-a, Draco. E você vencerá."

A sala voltou a ficar em foco, e Draco percebeu que estava parado no meio do caminho até o corpo de Harry, seu pai surpreso, tentando amaldiçoa-lo outra vez.

Serverus! Serverus!

Mas nada acontecia. Draco olhou outra vez para Harry quando sussurrou para si mesmo: "eu te amo, cicatriz".

E então uma onda de energia saiu de onde Draco estava e varreu a masmorra, fazendo a linha espírita desaparecer e Hermione cair, desacordada, no chão duro.

Naquele momento a porta da masmorra se abriu e entraram, apressados, Ron, Horácio e Minerva.

Draco sorriu levemente ao ver que Harry tinha voltado a respirar.

E então desmaiou.

Harry Potter e o beijo das sombras | DRARRYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora