Capítulo 13 ~ O perfume errado

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Pelo que foi dito, os dementadores não chegavam a uma centena, segundo a diretora eram apenas duas dezenas e foram expulsos graças a alguns patronos conjurados pelos professores. O ministério afirmou que aqueles eram dementadores rebeldes, os que escolheram não ter nenhuma relação com o ministério, por isso não eram controlados por ninguém. O boato que surgiu foi que o numero de dementadores livres como aqueles só crescia a cada dia. O que deixou muita gente, incluindo Harry, apreensiva.

O jogo foi cancela, é claro; e remarcado para dali uma semana.

Os alunos foram dispensados de suas aulas naquele dia, o que para Hermione significava a momento de fazer as tarefas que ainda estavam pendentes.

Draco foi levado para enfermaria, apenas para uma analise e logo foi liberado, graças a Harry nada de grave tinha acontecido com os ossos dele.

Todos no castelo estavam comentando os acontecimentos recentes, e Harry já não aguentava mais ouvir sobre isso. Assim que chegou ao dormitório ele tirou o uniforme do time e saiu de lá, deixando Ron, Neville e alguns alunos do sexto ano jogando xadrez.

O grifinório estava repleto de pensamentos e resolveu ir para algum lugar tranquilo, onde pudesse ficar só e pensar mais calmamente. Então decidiu ir para a torre de astronomia.

Enquanto andava pelo castelo ele sentiu dezenas de olhares o acompanhando, e parecia que dessa vez o caminho até a torre tinha ficado dez vezes mais longo.

Depois de andar muito Harry finalmente chegou lá,mas a torre não estava fazia como ele esperava, Draco estava lá.

— Ah, achei que a torre estaria vazia — começou Potter quando Draco o viu —, vou procurar outro lugar então.

— Não — respondeu Malfoy. — Não precisa, eu já estou de saída. 

Draco se afastou da imensa abertura na parede que era usada para observar o céu, e caminhou em direção a saída. Estava prestes a pisar no primeiro degrau da escada quando se virou e disse: 

— Por quê? 

— An? — Harry se virou e encarou o colega, a expressão confusa. 

— Você não tem namorada. Você enfrentou o bruxo das trevas mais perigoso do nosso mundo — e venceu — então conseguiria lutar contra qualquer preconceito bobo que alguns ignorantes ainda tem.  Você tem amigos e uma família maravilhosa — com isso eu me refiro a família de Ron que é praticamente a sua também. Você não tem nada com o que se preocupar e mesmo assim está me evitando e tentando fingir que aquele beijo não aconteceu. Por quê?

Harry fez menção que ia responder, mas Draco continuou falando:

— Não... porque se fosse eu quem estivesse com toda essa hesitação você poderia pensar: "Nossa ele ainda continua sendo arrogante" ou "Puxa ele tem medo que a família descubra que está se envolvendo com o Potter" ou "Ele ainda é um covarde que não consegue nem enfrentar os comentários que irão surgir por aí". Mas você?! Você não é arrogante ou egoísta, muito pelo contrário, você é altruísta até demais, até mesmo se dispôs a morrer pra salvar a todos. Você não seria julgado por sua família, eles iriam não só aceitar como apoiar. — A cada palavra que dizia Draco se aproximava ainda mais de Harry. — E principalmente: você não tem medo ou se preocupa com que os outros vão dizer! Mas ainda assim continua fugindo de mim, mesmo quando eu estou lutando contra todos os princípios da minha família; mesmo eu tendo contado para toda a sonserina que o que eu mais quero é ser sua "namoradinha" — ele gesticulou aspas com os dedos — e lidando todos os dias com os comentários irritantes e zoações que eles fazem; mesmo quando eu estou escolhendo ignorar e lutar contra tudo e todos para ficar contigo você simplesmente ignora tudo e quer esquecer o que está surgindo entre nós! Então eu insisto Harry Potter: POR QUÊ???

Os olhos de Harry estavam tão arregalados que podiam simplesmente sair de seu crânio. Ele observou Draco soltar todo o folego que tinha prendido enquanto falava. 

Uma confusão se instaurou dentro do menino que sobreviveu. Seu racional ainda insistia em fugir, mas seu emocional dizia o contrário e o seu corpo simplesmente não queria se mexer. 

Draco até poderia achar tudo isso de Harry, e Potter estava admirado por ver Malfoy elogiá-lo tanto. Hary não se sentia tão corajoso, afortunado e altruísta quanto Draco descrevera; ele sabia que iria se importar sim com o que iam dizer, mesmo que um pouco; ele tinha medo da reação de seus melhores amigos ao saber que tinha começado a namorar com Draco Malfoy. E foi com esse pensamento que ele fez todo seu coração se retesar em seu peito quando disse:

— Talvez seja porque... eu não sinto nada por você, Draco. Entendeu agora?

Draco sentiu seus olhos se enxerem de lágrimas, mas eles não desceram, ficaram ali concentradas em seus olhos. Harry estava devastado por ter que mentir assim, mas ele achava preciso. 

Os dois continuaram se encarando, Draco com os olhos brilhando e Harry com o coração em pedaços; só quando Hermione entrou na sala da torre foi que eles desviaram a atenção. Tudo porque ela estava com cinco livros nos braços e um frasco de vidro equilibrado em cima dos livros. A jovem bruxa tropeçou no ultimo degrau da escada e deixou todos os livros caírem e o frasco se despedaçar no chão. 

Harry e Draco correram para ajudar Herminone a se levantar e a pegar os livros. O cheiro forte do liquido dentro do frasco se espalhou imediatamente pela sala. 

— Porque você tem um frasco com o perfume do Malfoy? — perguntou Harry reconhecendo o cheiro.

— Não é meu perfume — começou Draco —, é o seu.

— Na verdade — explicou Hermione —, não é o perfume de ninguém. É a tarefa da aula de poções. 

Harry abriu a boca, e olhou de soslaio para Draco, que sorriu triunfante, a lagrima empoçada em seu olho finalmente desceu, mas dessa vez não era de tristeza. Ele saiu da sala sorrindo e surrando: 

— Não sente nada... uhum... sei...

Harry continuou parado olhando para a amiga que estava com a expressão tão surpresa quanto a dele. 

Um dia antes, na aula de poções Horácio tinha pedido, para testar os conhecimentos adquiridos, que todos preparassem um frasco de amortentia (a porção do amor mais poderosa que existia) e Harry sabia que ao cheirar a poção em questão cada um sentia um aroma diferente, que era o cheiro da pessoa que amava. 

E Harry tinha sentido o cheiro de Draco. 

Ele não podia mais negar, nem para ele mesmo: ele sentia sim algo pelo garoto que um dia foi o seu maior rival.

Harry Potter e o beijo das sombras | DRARRYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora