Capítulo Dezessete

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Já não tinha mais unha para roer. Estava tão nervosa e seriamente desconfortável com a situação que me encontrava. Como se sentir tranquila quando o pastor e pai do menino que você está apaixonada. Pede para conversar com você?
— A paz do Senhor Sarah. — o pastor Carlos diz.
— A paz. — respondo escondendo minhas unhas ruídas, debaixo da minha blusa lilás.
São duas e meia da tarde. — acabei de olhar no relógio pela decima vez. — E o Davi ainda está dormindo. Mais o Samuel ligou para me dizer que o pastor queria conversar comigo.
Então aqui estou eu...
— Bem Sarah primeiro de tudo quero lhe agradecer. Vi seu esforço para ajudar o Lucas e agradeço sempre a Deus em minhas orações, por te posto você nas nossas vidas. — o pastor Carlos começa. — Quero também pedi desculpa pelo o que o Lucas fez ontem. Só estou esperando ele acordar. Para conversarmos.
— Não tem o que agradecer. Fico imensamente feliz em ajudar. — digo um pouco menos nervosa.
O pastor sorri. E seus olhos azuis como os dos seus filhos. São encobridos pelas marcas de expressões como diz a Esther.
— O Pedro me contou que você vinha conversar com o Davi. Então aproveitei para falar com você.
Acho que o nome de Samuel deve ter o nome Pedro no meio. Só isso explica o Pedrinho do Davi.
— Isso. O Davi pediu para que eu viesse. — respondi sem saber se aquilo era o certo.
— Pai... — ouvi a voz do Davi. — Sarah?
Vire-me para trás. Para que pudesse vê-lo. E reprimir uma vontade súbita de rir. Davi estava super. Engraçado. Com uma calça de moletom azul, uma camisa de manga branca. E seu cabelo grande estava todo despenteado. Parecia que ele tinha acabado de sair da cama.
— Oi Davi. — falei.
As bochechas do Davi ganharam um tom rosado muito fofo. E a minha indecisão fugiu para bem longe.
— Vou... Vou tomar um banho. Espere-me ok?
Assenti e ele saiu do escritório de seu pai praticamente correndo.
— Você o deixou envergonhado. — o pastor disse tenho que certeza olhando para mim, só não pude ter a certeza, pois estava encarando a porta, por  onde o Davi acabou de sair. Mas mesmo assim meu rosto não se esqueceu de esquentar.

— Vou deixar vocês sozinhos. — disse a missionária Isabel. Mãe do Davi.
Sorrimos igualmente para ela. Eu de nervosismo, Davi não sei.
— Desculpa por ontem Sarah. — Davi começou.
Balancei a cabeça.
— Não, não vamos falar disso. Como você está? — perguntei.
— Com vergonha?
Tomei um gole do meu refrigerante.
— Sem gracinhas Davi. O que aconteceu? Por que saiu da igreja?
Davi me encarou por longos minutos, sem dizer nada. E vejo ele não está mais com aquele piercing ridículo no nariz. Até que falou:
— Pedi uma coisa a Deus. E ele me negou. Ou foi eu que entendi errado, não sei. Só sei que fiz besteira. O resto você já sabe.
— Não, não sei quero que você me diga. — sou complacente.
Davi suspirou como se estivesse cansando de contar essa história. Imagino, que ele deve ter se explicado para a família, antes de vim falar comigo, afinal, ele ficou trancado quase uma hora naquele escritório, enquanto eu estava na sala, assistindo tv.
— Eu não vou contar o que eu pedi falou?
Revirei os olhos com sua gíria.
— Ok. Continue Davi.
— Então eu pedi a Deus e Ele negou. Fiquei magoado. Afinal era uma coisa que eu tanto pedia a Ele. Bem... Ai apareceu a Alana. E errei por ter me deixado levar. Não vou mentir estou arrependido pacas. Pelo que eu fiz. Mais o que passou; passou. O passado é para esquecer. Vou me renegar, pedi perdão aqueles a quem eu machuquei. É isso aí. — Davi terminou o depoimento dele.
— E vai voltar para Jesus não é? — completei.
— É acho que sim.
— Acha? — pergunto erguendo uma sobrancelha.
Comemoro, por dentro por ter conseguido.
— Eu não sei Sarah, eu fiz muitas besteiras. — Davi coça a cabeça.
— E dai? Você está arrependido?
— Claro, que estou. — Davi diz sério.
Sorrio.
— Em 1ª João 1:9 diz: Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. — digo ao Davi, que arregala os olhos em surpresa.
— Estava precisando dessa palavra. — ele diz.
— Que ótimo.
Rimos um pouco, mas logo depois Davi volta a ficar sério, e me encara. Começo a ficar incomodada, com seu olhar. Passei a mão pelo rosto, achando que estava sujo, pelo bolo que eu tinha acabado de comer. Mas o Davi não parava de me olhar. Passei a mão no cabelo, talvez, ele estivesse assanhado. Cismada pergunto:
— O que foi?
— O que eu disse ontem é verdade, eu amo você.
Abro e fecho a boca várias vezes, como um peixinho, sem saber o que falar. Eu vim confiante, de que não falaríamos desse assunto. Eu não quero falar sobre isso, hoje não, talvez nunca. Me nego acreditar, que se ele me amasse mesmo, não tinha me feito sofrer.
— Davi. — peço baixinho.
Como pensado, ele não escuta e se levanta ficando de joelho na minha frente, como estava sentada no sofá, ficamos face a face. E pela primeira hoje, olhei em seus olhos azuis, como o céu de janeiro. Os olhos do Davi tinham um brilho, bem bonito. E eu amei me vê refletida neles.
— Eu estou falando sério Sarah. Eu nunca amei alguém como amo você. Nem mesmo a Alana. Para falar a verdade, eu nem mesmo sei o que eu sentia por ela. — Davi segura minhas mãos. — Sempre via você feliz com o Marcio é aquilo me matava. Eu não era assim feliz, com a Alana. Na verdade eu era seu escravo, como o Sam, falou. Ela mandou eu me afastar de você. E eu fiz isso. Lembra-se daquela fez, que se encontramos lá na sorveteria? Não foi coincidência a gente viu vocês lá, então entramos. Mas quando vocês começaram a cantar e o Sam, tocar o violão. Desconcertou-me. E percebi o que estava perdendo. Mesmo assim me deixei levar. Por isso preciso do seu perdão Sarah. Você me perdoa?
Davi tem o dom de complicar as coisas para mim, meus olhos estão ardendo pelas lágrimas não derramadas. O seu desabafo, só me fez, ter mais certeza que ele estava sofrendo, mas não queria demostrar isso.
— Davi, é claro que te perdôo, mas quero que você prometa para mim, que não irá mais fazer isso. A gente não merece isso. O Samuel então, você deve a ele um pedido de desculpas.
Solto minhas mãos, e enxugo suas lágrimas. Davi, sorri fraco e volta segurar minhas mãos.
— Mas você não respondeu minha pergunta. Você me ama? Eu passei a noite toda acordado, pensando qual seria sua resposta. Eu malmente dormir para ser exato.
Dessa vez eu não sorri gargalhei.
— Conta outra Davi, você acordou era quase três da tarde. — falo ainda rindo.
Ele coça a cabeça, mais sorrir e mostra sua linda covinha.
— É essa não colou. Não me enrole Sarah Camargo, responda-me.
Sorrindo levantei. O empurrando de leve para que eu pudesse ficar decentemente em pé. Ele caiu sobre o tapete rindo. O Davi que eu conheço está voltando.
— Essa é sua resposta? Vê-me caído aos seus pés? — Davi gargalha.
Quando vou responder meu celular vibra com uma mensagem, pego meu celular na bolsa, e vejo que é uma mensagem do meu pai avisando que já está aqui na porta.
— Não vai me levar até a porta? — perguntei caminhando para a porta.
Ele balançou a cabeça, mas levantou ainda rindo.
Uma vez que já estávamos no portão. Puxei o convite da bolsa e o entreguei. E o mesmo leu com a sobrancelha erguida.
— Parece que o jogo virou. — ele disse com um sorriso de canto.
— Não sabia que estávamos jogando. — rebati também sorrindo.
Com isso beijei sua bochecha e desci os pequenos degraus que tinham em frente a sua casa. Ao entrar no carro, o papai estava com o som ligado, e quem cantava era Damares com a música: a essência da adoração.

A semana voou, e de repente já é sábado, acordei animada. Fiz meus afazeres sem a mamãe mandar. Estava confiante também, pois segunda-feira sairá o resultado da prova que fiz na quinta-feira passada, para o meu primeiro emprego.
A Aninha, veio passar o dia conosco, por que minha cunhada e meu irmão, foram para o encontro de casal da igreja dele. A mamãe também vai, só que mais tarde, pois o papai teve que ir trabalhar hoje pela manhã.
— Tia, eu posso assistir no seu celular? — Aninha pede.
— Pode, mais não descarregue todo ok? A titia vai usar. — respondo docemente.
Aninha assente e sai do meu quarto, aproveitando que ela saiu, pego minhas coisas no armário, para me fazer as minhas unhas. Que estão precisando ser feitas.
Quando o relógio marca duas horas, mamãe sai apressadamente com o papai, e me manda fazer mil e uma coisas. Inclusive preparar o bolo, que não deu tempo dela fazer.
Como Aninha estava deitada no sofá, meia tristinha, decidi a chamar para me ajudar fazer o bolo, e durante duas horas, fizemos a maior bagunça na cozinha. Limpamos tudo ligeiro, pois estávamos atrasadas para o culto de jovens.
— Você mandou as pessoas cantarem indiretas para mim? — Davi cochichou no meu ouvido.
Estávamos no culto de jovens. E a Clara a menina da equipe da Esther teve oportunidade e está cantando: volta para mim. Dos irmãos Nascimento.
— Por que você acha isso? — perguntei sorrindo.
Ele deu de ombros e voltou á sua atenção para o culto.
Quase gritei de felicidade, quando cheguei á igreja e vi Davi na entrada me esperando. Vestindo uma calça jeans clara, e camisa rosa.
— Olha titia o Davi. — Aninha gritou, e correu para abraçar o Davi.
— Você está atrasada. — ele disse sorrindo.
— Ou você está adiantado. — respondi com o mesmo humor.
Davi entrou com Aninha no colo, e metade dos jovens olharam para ele, com o olhar de surpresa. Ele falou com todos, e seguiu para sentar no nosso lugar habitual, onde Esther e Samuel já estavam sentados. Do altar a obreira Thalita que eu estava morrendo de saudades acenou para nós.
— Oi, Sam, oi Tetê. — Aninha diz saindo do colo do Davi e indo para o de Samuel.
— Bonito; dona Ana Luiza. — Davi fingiu está zangado.
— Eu sei que estou bonita; Davi. A titia Sarah, me deixa sempre linda. — Aninha responde levando a gente rir.
O pastor Alex, pega o microfone e pede para que todos se levantem, para dá inicio ao culto.

O culto de jovens foi uma maravilha. Ganhamos duas almas para o Senhor Jesus. E quatro pessoas renovaram a aliança; esperei que o Davi levantasse a mão, mas ele não fez isso. Como diz ele: ainda não é o momento.
— Que tal uma rodada de pizza? — o pastor Alex perguntou enquanto estávamos na saída da igreja.
— Eu quero. Titia nós vamos? — Aninha pergunta já no colo da Thalita.
— Eu topo. — respondo.
Todos concordam menos o Davi que está calado com as mãos enfiadas no bolso da calça.
— Você não vai? — perguntei.
— Vou pra casa. — ele respondeu sem olhar para mim.
Olhei para o nosso grupo, e fiz sinal para que eles pudessem ir andando na frente. Já que a pizzaria do irmão Antônio é ali pertinho. Conversaria com o Davi. Não sei o motivo de ele ter se fechado.
— O que foi? — perguntei realmente preocupada.
— Nada não. — Davi respondeu.
Não aceitei sua resposta. Coloquei minhas mãos em cada lado do seu rosto e o fiz me encarar. Seus olhos estavam marejados e levemente vermelhos. Parecia que ele estava prendendo o choro.
Puxei sua mão. Já estava gostando daquela mania. Sentei no banco da praça que era próxima a igreja. Davi sentou e me puxou me fazendo cair no seu colo.
Ele me abraçou forte antes que eu levantasse e sentasse ao seu lado. Davi me abraçou. E ficamos assim um bom tempo, curtindo o momento.
— Me fala o que aconteceu. — peço baixinho.
— Esquece, vamos lá comer a pizza? — Davi responde me dando um meio sorriso.
Sem questionar, levanto do seu colo, e estendo minha mão para ele, que aceita, quando ele está de pé. Ele não solta minha mão. Então caminhamos, de mãos dadas até a pizzaria

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Princesa do ReiWhere stories live. Discover now