Soberba

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Um ser humano que caminhava solitário em suas veredas, pensativo e ao mesmo tempo com a cabeça anuviada por vagas expressões de memórias emboladas em uma idéia única.
Quem sou eu? Como é triste minha vida!
Este, um homem de meia idade, com as posses suficientes para que suas terras se enchesse de rebentos a darem seus frutos de prosperidade e herdade no tempo apropriado. Mas ele, com sua carranca um tanto fúnebre e solitária, olhou para este arado com um misto de orgulho de posicionamento e auto piedade por possível engano.
O caminho ainda era longo, o tempo ao regresso para seu lar tardaria ao crepúsculo, quando o sol ainda quase se recostava os montes, fazendo com que aquela atmosfera especial em beleza, fosse propícia também a uma meditação.
Porém, a mente vaidosa e soberba, lutava contra um adversário desta vez mais forte, que em embates anteriores saíra vitoriosa por fatores e condições parecidas, onde só uma guerra explica o resultado. Só que a infantaria já se achava cansada, a artilharia sem os dardos suficientes e a intendência sem os recursos necessários para uma nova campanha.
O sol saiu por uma lacuna entre as muitas árvores que sombreavam o caminho, e como uma luz que não se fazia somente por leis físicas, iluminou a sua moribunda alma.
Uma gota relutante de lágrima caiu imprevisivelmente e, como se ela abrisse uma porta, fenda ou dique, fez desabar um choro fluente e abundante.
O homem pôs as mãos no rosto como se tentasse tapar buracos de uma represa comprometida em sua sustentação, que explodiria em águas por negligência do zelador, que não fizera nada nos últimos anos para reparar os danos que não surgiram de repente.
Águas desceram, lavaram a face endurecida a fazendo amolecer. Quanto mais misturada a pele, impregnava ainda mais a alma a curando, mas o apego a postura anterior não a deixava curar por completo. Era como se o choro fosse de dor, não de arrependimento.
Contudo a força de reação não podia mais aguentar a investida das antigas águas represadas do seu leito vital.
Mesmo com a mente presa na soberba, no egoísmo e na lascívia de toda uma vida. O espírito como que em um grito de liberdade, preso agustiosamente naquela alma opressora e cruel, se impôs, porque Deus não se intimida ao homem, nem deixa de fazer sua justiça por proteção de fortalezas humanas.
Derrubou aquele valente e o fez chorar até que caísse primeiramente de joelhos e depois o deitando ao chão.
Inexplicavelmente sua força desapareceu, a visão se turvou e o homem sentiu em seu coração pressionado um perigo lascinante, poderoso e subjulgador, que como se um gancho que o puchasse pelo umbigo o fazendo urrar de dor, intimidando-o a confessar, não pela sua carne, mas através da alma, quando fazia uma pergunta sem palavras, como uma intenção suprema que o obrigasse a responder.
Mas ele não respondeu, mesmo sabendo qual era a pergunta e também a resposta que teria que dar.
Assim, a força foi diminuindo, a pressão em seu peito espiritual da mesma forma aconteceu, até que tudo se fez escuro e a noite caiu.

Jb brown

Café, poesias e crônicasWhere stories live. Discover now