Capítulo 18 - Onde a estrada termina

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Depois de tantos dias de silêncio e solidão, o choque de entrar em Hogwarts foi quase mais do que Harry podia suportar. Ele mal havia empurrado as portas principais da escola quando alguém o reconheceu e gritou, trazendo uma multidão para cercá-lo como um bando de abutres. Todos empurravam e forcejavam tentando saber o que havia acontecido, onde ele estivera e o que havia acontecido com Malfoy. Estava tão oprimido que, em sua exaustão, sua concentração falhou e ele quase derrubou Draco. Mesmo o Feitiço de Leveza conjurado em Draco não o teria impedido de cair e, se caísse, Harry teria perdido o pouco equilíbrio emocional que ainda tinha. Era tumulto demais, com dezenas de perguntas feita a ele ao mesmo tempo e, com tanta gente pressionando-o, Harry descobriu-se desejando ainda estar na floresta. Ao menos estaria só com sua dor.

Curvou a cabeça e tentou abrir caminho na multidão, mas era como nadar contra a corrente. Sentiu alívio quando ouviu uma voz familiar gritar atrás dele.

"Sai da frente! Todo mundo!" Hermione gritou por cima do barulho. Subitamente, ela estava ao lado de Harry, braços abertos para afastar a multidão. "Eu disse, pra trás! Vou começar a tirar pontos se todo mundo não se afastar imediatamente!"

Houve um murmúrio da multidão, mas, com um olhar mordaz de Hermione, um caminho logo se abriu. Ela assentiu uma vez e olhou para Harry. "Harry?"

Harry abriu a boca, mas mal conseguiu dizer as palavras, "Ala hospitalar."

"Certo", ela disse quando começaram a andar.

Ron rapidamente acompanhou Harry do outro lado, flanqueando-o. Ele olhou para o corpo inerte de Draco e de volta para Harry. "Harry... o que aconteceu com -"

"Agora não, Ron, por favor."

O queixo de Ron caiu. "Mas Harry -"

Harry sacudiu a cabeça e olhou para frente, em direção à escadaria principal. Não queria responder pergunta alguma agora. Muitas viriam, ele estava certo. Queria espaço e silêncio, mas o burburinho da multidão que os seguiam a uma distância segura zunia incessante em seus ouvidos, e Hermione praticamente se pendurava em seu cotovelo, contaminando-o com mais perguntas. O tempo inteiro Ron encarou Draco cautelosamente, parecendo que não sabia se deveria ajudar Harry com o peso ou se atacaria Draco se ele demonstrasse qualquer sinal de vida. Harry rangeu os dentes e continuou olhando para frente.

Não respondeu pergunta alguma, apenas continuava sacudindo a cabeça, murmurando que precisava levar Draco até a enfermaria. Se mantivesse o foco naquilo por apenas mais três lances de escada, conseguiria. Cada passo parecia ser tomado por pernas de madeira; estavam tão dormentes de fadiga que mal podia senti-las. Ao menos não doíam. Mas mesmo que doessem, ele sabia que provavelmente não se importaria àquele ponto.

Quando chegaram à ala hospitalar, Hermione e Ron finalmente dispersaram a multidão, ameaçando tirar pontos de quem ficasse por perto da enfermaria. Contudo, assim que a multidão foi embora e que deram o primeiro passo adentro da enfermaria, Harry foi atingido por nova onda de atividade. Madame Pomfrey entrou na sala, varinha sacada. "Bom Deus! O que, em nome de Merlin - coloque-o aqui, Potter. Rápido."

Harry sentiu-se irritado quando Madame Pomfrey tentou ajudar a pousar Draco e pôs-se entre os dois de modo a colocar os braços de Draco no que ele esperava ser uma posição mais confortável. Não sabia nem se isso importava.

"Alguém vá buscar o diretor", Madame Pomfrey rugiu enquanto vasculhava um armário próximo.

"Eu vou", Hermione disse prontamente e saiu correndo pela porta, fechando-a atrás de si.

Ron parecia que estava a ponto de segui-la, mas então voltou, ficando tão perto de Harry que ele se sentia desconfortável. Harry tentou ignorá-lo.

Eclipse (Drarry)Where stories live. Discover now