Capítulo 9 - Interlúdio

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Eu o perdi, e desta vez, não posso dizer com nenhuma certeza que terei sucesso em salvá-lo. Eu havia me preocupado que a maior ameaça a Harry era sua própria impertinência e rebeldia – não que esses traços fossem sem razão, oh não. As falhas de Harry nesse caso não são culpa dele próprio, mas ao invés disso são o produto de minha própria tolice. Eu tinha subestimado seu espírito e determinação, e ignorá-lo acendera um fogo que não pode ser contido até que ele ache sua retribuição. Ainda assim, com um entendimento da situação, eu esperava que ele fosse capaz de aceitar a proteção que eu pudesse oferecer até que chegasse a hora em que ele enfrentaria Voldemort sozinho.

Mas estou divagando, como os velhos geralmente fazem. Não foi culpa de Harry, não inteiramente. Ele não fugiu impulsivamente; ele nem foi embora por sua própria vontade. Com todas as coisas fora dessas paredes das quais eu pretendia manter Harry seguro, eu nunca considerei as ameaças aqui dentro. Eu nunca esperei que um de meus alunos fosse tão longe.

Deveria eu ter visto a ameaça em Draco Malfoy? Sem dúvida. Veja bem, tanto quanto eu subestimei Harry, eu subestimei o jovem Sr. Malfoy. Eu uma vez discuti a possível ameaça do Sr. Malfoy com Severus. Seus pensamentos sobre o assunto não eram claros. Ele me avisou para não subestimar a capacidade de Draco como uma ameaça, mas me disse que tinha esperança de que, sob as circunstâncias certas, o jovem pudesse ser assustado e impressionado o suficiente para mudar. Ele era certamente um Malfoy, convencido de sua superioridade de sangue puro bruxo e a importância do poder, mas Severus tinha certeza de que Draco não tinha o perfil necessário de um Comensal da Morte. Ele não estava acostumado a pressão, e um pouco assustado demais. Severus suspeitava de que quando chegasse a hora, Draco cederia sob pressão. Tantos outros jovens bruxos e bruxas como Draco tinham tentado servir Voldemort, confiantes em seu ódio, raiva e preconceitos, apenas para morrer de um caso de covardia. A única coisa em questão era se o ódio de Draco era mais forte que seu medo. Eu deveria ter percebido a ameaça depois que Lucius foi preso.

Meu erro simples e tolo pode ter nos custado tudo.

A manhã do desaparecimento de Harry foi a mais terrível.

Eu estava sentado nessa mesma cadeira no fundo do Salão Principal. Eu acordara com uma sensação muito inconfortável na boca de meu estômago naquela manhã, mas tendo cedido a muitos doces de limão antes de dormir na noite anterior, eu o ignorei. Então eu vi a Srta. Granger e o Sr. Weasley entrarem no salão, notavelmente sem seu companheiro usual. Ambos pareciam bem nervosos, e depois de observar o salão por um momento, Hermione segurou Ronald pela manga e praticamente jogou longe vários estudantes em seu caminho para a mesa dos professores. Eu ouso dizer que ela teria colidido comigo se a mesa não a tivesse impedido.

"Diretor", a Srta. Granger disse, sem fôlego, retorcendo as mãos enquanto falava. "Eu não quero fazer uma confusão com uma coisa que pode não ser nada, porque Harry tem saído sozinho bastante ultimamente, mas na noite passada, ele saiu pra procurar o trabalho de Poções, porque ele achou que tivesse derrubado, sabe, mas hoje de manhã -"

"Hermione, cala a boca!" Ronald soltou o braço do aperto dela. "Senhor, o Harry sumiu. Procuramos em todo lugar".

Eu me levantei e olhei pare eles, sem saber o que dizer. "Sensações estranhas" não é o tipo de coisa que crianças esperam ouvir quanto já estão nervosas e preocupadas. Não que eles fossem crianças normais, por nenhum padrão.

Eu estava prestes a pedi-los para me seguir até meu escritório quando a porta do Salão Principal se abriu com um estrondo. Severus entrou no salão, parecendo tão preocupado quanto era possível para ele. Ele caminhou até a mesa dos professores, e jogou em cima dela um pedaço de pergaminho amassado.

Eclipse (Drarry)Where stories live. Discover now