Capítulo 1. ╥Bárbara ╥

485 149 679
                                    

Vinte anos antes de....

Bárbara chorava trancada dentro do banheiro seus olhos castanhos cintilavam lacrimosos. Na correria ela perdeu o sapato sua meia fina desfiou nas coxas. Ela olhava a saia favorita rasgadas nas laterais, sua aparência estava um horror, inconformada diante da atual situação voltava a chorar desesperada, não pela saia ou a perda do sapato, mas pela sua vida. Não conseguia acreditar, tudo estava perdido, lutou tanto pelo o cargo de secretária. A secretária do respeitável tenente, o herói condecorado, símbolo nacional do combate ao terrorismo.

-Grande fraude nacional ele é - ela falava sorrindo entre lágrimas.
-Maldito mentiroso.

Ela causou inveja nas colegas de trabalho ao conquistar o cobiçado cargo, todas queriam trabalhar com ele, estar ao lado do encantador tenente.

-Meu deus as coisas que descobri sobre ele. -Ela murmurava diversas vezes apoiada na pia encarando o espelho. - Aqueles planos.

Na sala ao lado havia movimentação intensa de soldados, o barulho das pessoas correndo para as saídas de emergência era enloquecedor, um verdadeiro caos generalizado na base. O estridente alarme de incêndio resoava fuzilando os ouvidos dela. Ela tremia histérica temendo pela filha que esperava em casa. Os minutos passavam e o ambiente ficava silencioso, a movimentação de pessoas gritando diminuía gradativamente a cada minuto, os passos dos soldados ficavam distantes.

Bárbara respirou aliviada ajeitando a saia rasgada limpando os ferimentos nas coxas, ela prendeu os cabelos atrás das orelhas, enxugando o suor que escorria da testa, tentava secar as mãos, desistiu pois o suor era o menor dos seus problemas.

O som das botas interromperam a momentânea calmaria, fazendo seu coração recomeçar a martelar freneticamente. Havia calculado as chances de fugir, não tinha como as janelas eram pequenas demais e tinham grades.

-Nas saídas a essa altura colocaram o dobro de guardas - pensou ela lamentando - todos estão sendo revistados, meu carro deve estar fortemente vigiado. -Ela se deixou cair no chão arrasada.

-Os comunicados estão sendo enviados aos federais - lamentou Bárbara chorando - talvez divulguem, há traidora da nação ou terrorista.

Bárbara conhecia as sequências de envio dos protocolo, ela mesma enviou alguns recentemente.

-Aquelas pessoas eram inocentes - ela bateu as mãos no rosto - inocentes.

O choque das descobertas causavam náuseas, ela estava encurralada feito animal preso. Não podia mudar seus atos, não podia evitar seu destino.
O barulho das portas abrindo, os escritórios revistados aproximavam, os passos dos soldados aumentaram também. Bárbara chorava sabendo seu fim e ele se aproximava rapidamente. Jamais veria sua filha crescer, as risadas doces dela, seu rostinho sereno enquanto dormia..

Ela tinha medo de morrer, sabia, há como sabia, não seria presa, a ordem seria para matar e livrar do corpo, não deixando rastro, nem identificação.

-Sou queima de arquivo. -Ela pensava colocando as mãos na cabeça. -Eu quero viver.

As lágrimas caindo pelo pálido rosto, borrando a maquiagem sempre impecável, deixando manchas escuras ao redor dos olhos. Bárbara desanimada bateu a cabeça na parede olhando fixo os azulejos brancos.

-Esse banheiro será a ultima coisa que verei, Deus a minha filha -Bárbara falava soluçando -Ela ficara sozinha.

Ela acreditava estar servindo ao seu país, protegendo pessoas, salvando vidas. Mas estava colaborando na destruição do mundo.

-Pretendem matar milhões.- Segurava os cabelos quase arrancando pela raiz - meu Deus nos ajude - pediu.

Os arquivos ainda pairavam sólido na memória ela tinha visto a lista de nomes e fotos das pessoas mortas ou desaparecidas todas marcadas de vermelho ok .

Asas da destruição.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora