1 • A raposa e o lobo.

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Vagarosamente abriu os olhos ao sentir a forte pressão em seu peito

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Vagarosamente abriu os olhos ao sentir a forte pressão em seu peito. O intenso soco fora desferido no seu tórax, automaticamente grunhiu com dor, mas não alto o suficiente para atrair atenção. Risadas sádicas preencheram seus tímpanos. Lentamente abriu mais os olhos, respirando pausadamente para não transmitir a exaustão que lhe atingia. O corpo latejava, doía como consequência dos golpes que lhe fora distribuído. Sangue gosmento escorria pelo canto dos lábios.

Todo o seu interior protestava, mas não se deu por vencida.

— Acorda, tesouro. — uma das vozes murmurou bem próximo.

O cheiro do sangue morno inundou suas narinas, causando-lhe embrulho no estômago. Nunca se acostumaria com esse cheiro.

Filho da puta! — grunhiu, e novamente, fora nocauteada. Forçou um sorriso e cuspiu o sangue - dos seus lábios rasgados -, no chão. Contorceu o queixo, sentindo-o dolorido. — Você bate como uma mulherzinha! — o provocou com sarcasmo. Ficar calada em situações como essas nunca foi uma das suas maiores qualidades.

Mais risadas inundaram o espaço. Kênia limitou-se a erguer o olhar para examinar o lugar em que estava sendo mantida. Não se chocou ao notar um quarto de tortura (com muitos expectadores lhe assistindo). Como havia dito antes: Homens ao redor dos Borelli eram... cruéis.

A raiva pulsava em suas veias, entorpecia seus pensamentos mais turbulentos.

Estremeceu ao por os olhos na figura masculina no canto do cômodo. Sua presença trazia consigo inúmeras sensações.

Não pode conter o choque por encontrá-lo, sentado numa poltrona preta com as pernas cruzadas, e um copo de uísque em uma das mãos. Tinha os olhos fixos nela, o semblante neutro; indecifrável, mas o sorriso sádico causou-lhe uma onda de eletricidade. Não foi uma sensação boa, na verdade, foi assustadora. A cicatriz em sua bochecha aparentava maior ao ser vista a curta distância.

Rico possuía o que parecia ser algum tipo de tique nervoso. Em torno do dedo anelar havia um anel grosso de ouro com uma pedra preta, usava o polegar para girá-lo em volta do mesmo. Aquele simples e calculista gesto fazia com que ela especulasse os perigos que ele representava.

Os anos não apagaram o brilho do olhar intenso. Aqueles olhos que, por noites seguidas, lhe impediram de ter uma boa noite de sono.

O homem posicionou-se em sua frente, segurou firme em seu queixo, a dor era insuportável, mas manteve-se firme e não transpareceu dor. Sempre foi uma mulher calma e calculista, e precisava naquele momento de toda sua insanidade para sobreviver as atrocidades que – provavelmente - sofreria. Afinal, ela tentou matar o chefe, e já tinha matado alguns deles. Duvidava que não tivessem conhecimento de uma informação tão básica como essa.

— O que uma americana faz tão longe de casa? — questionou com o sotaque italiano. Kênia disfarçou a surpresa por não ter sido reconhecida.

Trocou um olhar rápido com Rico, ainda surpresa. Como era possível?

O Grande Rico Borelli. - I Where stories live. Discover now