22 - reações

9.7K 805 122
                                    

Bernardo

Na quinta, após as aulas, piloto a Harley até o bairro de Cecília. Estou indo encontrar a minha linda. Ela me enviou uma mensagem de voz sobre estar precisando falar comigo imediatamente e eu não pude deixar de ficar preocupado com a urgência do pedido.

Minhas botas fazem barulho sobre o calçamento conforme eu rodeio a casa de Cecília, em busca da sua janela. Entro no quarto, sorrateiro, após mover a janela de vidro, e a vejo deitada contra algumas almofadas. Ela está com fones enormes no ouvido e seu semblante está absorto.

Abro um sorriso enquanto me aproximo lentamente, mas antes que eu possa lhe dar um susto, ela retira os fones sorrindo.

— Bernardo, eu sei que é você.

— Como você faz isso? — murmuro, me jogando sobre a cama macia. Eu a puxo para meu colo.

— Seu perfume te entregou e eu tenho uma super audição. — Cecília sorri; a mão contra meu rosto. Grudo nossos lábios em um beijo breve antes de enfiar o rosto na curva do seu pescoço.

— Hm.

— Amo você. — Me beija profundamente. Isso dura um bom tempo até ela interromper o beijo com a respiração ofegante. — Preciso te mostrar uma coisa — diz séria e eu fico imediatamente tenso.

— O quê? — questiono, preocupado.

— Fiz uns testes hoje e a Barbara foi comigo ao médico só pra ter certeza, sabe? — Franzo o cenho, confuso, quando ela puxa um papel que estava embaixo do travesseiro.

Exames médicos?

— Eu sei — respondo apesar de estar meio aéreo.

Minha Cecília não pode estar doente! Tento acalmar meus pensamentos alterados.

— Quero que você veja isso. — Ela me entrega o papel e minha suspeita se concretiza quando eu percebo que é um exame médico. Eu o leio como se fosse uma bomba relógio.

— O que é isso? — Dou uma breve olhada no que está escrito. É tudo muito impreciso: concentração de beta HCG no sangue e outras paradas bem confusas.

Cecília puxa o papel da minha mão com delicadeza. Observo o seu rosto e algo nele me deixa alarmado. Ela está nervosa e respira fundo antes de falar: — Estou grávida, Bernardo.

— Como é?! — Acho que o meu cérebro parou de funcionar. — O que isso quer dizer? — murmuro, estupidamente.

— Isso quer dizer que estou grávida. De nove semanas — repete visivelmente ansiosa; as bochechas vermelhas. Seus olhos se enchem de lágrimas em seguida, mas eu não faço nada para pará-las. Estou realmente atônito com essa informação. Eu não esperava por isso. Vou ser pai? Eu, um merdinha, filho de um alcoólatra, serei pai?!

Estou grávida, Bernardo.

As palavras de Cecília parecem encontrar um caminho até a parte racional do meu cérebro e eu a encaro, nervoso. Amplio os olhos e salto da cama, ficando em pé no centro do quarto.

Cecília se empurra para fora do colchão e eu sei que ela está mais assustada do que eu.

— O que você tem, Bernardo? — Seus soluços tomam conta do quarto. — Não quer o bebê? Vai me deixar, é isso?

— Cecília, eu...

— É isso! Você está me deixando. — Ela senta novamente sobre a cama, seus ombros estremecendo com o choro convulsivo. — Estou com medo. Muito medo. Não sei o que fazer.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora