7 - o destino tá de brincadeira!

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Bernardo

Os corredores da escola nunca pareceram tão longos conforme procuro o banheiro masculino mais próximo. Minha vontade de fazer xixi supera qualquer atividade que eu tenha em mente no momento.

Encontro o banheiro e desço o zíper da minha calça com pressa. Eu me alivio no mictório, soltando um suspiro de satisfação.

Estou tão distraído que acabo levando um susto ao ouvir um barulho dentro do banheiro. Dou uma olhada a minha volta e nem disfarço a surpresa ao ver certa pessoa.

Acho que isso se chama perseguição!

— O que você está fazendo aqui? — disparo, fazendo a ceguinha estremecer de forma visível.

Ela não esperava por isso e eu posso perceber pelo seu estado de espanto. Suas bochechas molhadas, como se houvesse chorado recentemente, deixam-me intrigado, mas não perco meu tempo pensando nisso. Não me interessa de qualquer forma.

— Eu que pergunto! — Empina o nariz, desafiante, retirando os óculos enquanto passa o dorso da mão sobre o rosto molhado. A bengala está em sua outra mão.

— Isso é uma coisa bem idiota de se dizer, até porque você está no banheiro masculino e me pegou com o pau na mão! — devolvo de forma irônica e o seu rosto fica tão vermelho que chega a ser engraçado.

— Seu... seu grosseirão! — grita com as bochechas coradas.

— Grosseirão? É sério? — zombo, fechando o zíper da minha calça. — Nem xingar direito você sabe, ceguinha.

Parece que quanto mais eu a provoco, mais zangada ela fica e isso é realmente divertido.

— Não me chame assim! Já cansei disso — ela praticamente grita, parecendo muito brava. — E eu sei xingar sim, seu imbecil, animal, mal educado...

Dou uma gargalhada alta das suas tentativas de parecer ameaçadora e ela fica vermelha de raiva.

— Você é um idiota, Bernardo! – grita.

O quê?

Paro de sorrir.

— O que você disse? Como sabe meu nome?

— Eu...

— Fala!

Ela fica meio sem graça.

— Sua namorada veio atrás de mim e disse para eu me manter longe de você.

Franzo o cenho.

— Minha namorada? Quem?

— Priscila.

Dou uma risada sem humor. — Ela disse que somos namorados?

— Sim. Ela pensa que quero roubar você dela. — diz como se a ideia fosse completamente absurda.

— Priscila é uma baita mentirosa. Não tenho namorada e nem penso em ter uma.

— Ah...

— Mas afinal de contas, o que você veio fazer aqui? — decido mudar de assunto.

— Eu... bom... só precisava de um lugar quieto pra ficar — murmura; as bochechas vermelhas. Reprimo a vontade de sorrir. — E acabei entrando aqui sem saber que era o banheiro masculino. — Ri, constrangida.

— Bom... ainda bem que você é cega. Assim não precisou ver o meu pinto.

O sorriso dela se apaga no mesmo instante e ela me dá as costas, saindo do banheiro apressadamente.

Uma Luz Na EscuridãoWhere stories live. Discover now