4 - garotas caseiras, garotos festeiros

15.5K 1.1K 68
                                    

Cecília

Esse filme é uma bosta!

Abro um sorriso para as reclamações de Barbara ao meu lado no sofá. Esse filme realmente é ruim, embora eu não tenha visto absolutamente nada.

Após chegarmos da escola, insisti para que a Barbara colocasse algum filme para assistirmos, aproveitando que já almoçamos e minhas tias estão na casa da vizinha, dona Marisa. Barbara ficou meio sem graça já que eu não poderia ver nada, propondo outra atividade. Depois de muito insistir acabei por convencê-la que um filme seria legal.

Pode parecer um pouco estranho devido a minha deficiência, mas sempre gostei de ouvir e tentar entender o que estava acontecendo com os personagens.

— Estou indo colocar outro — diz ela.

— Encontrou algum? — pergunto segundos depois, com a tigela de pipoca no colo. Levo meu copo com refrigerante à boca, sentindo o gosto meio cítrico contra a língua.

— Sim, acho que esse é legal. Comprei um dia desses, mas ainda não assisti — murmura ela, a voz animada. Encho a mão de pipoca e a despejo em minha boca.

— É sobre o quê?

— A sinopse diz que é sobre um cara que trai a namorada e faz de tudo para reconquistá-la. É uma comédia romântica, acho.

— Hm. Legal.

Em poucos segundos o filme tem início e eu fico atenta aos barulhos. Como a boa prima que é, Barbara descreve algumas cenas. Acabo rindo mais das suas gracinhas do que do filme em si.

— O que estão fazendo? — pergunto tomada pela curiosidade ao ouvir ruídos estranhos.

Trepando! — diz tranquilamente e eu tapo o rosto quente com as mãos.

Barbara ri.

— Que nojo! — Enrugo o nariz. — Deixa a tia Camila te ouvir dizendo isso. Ela é capaz de arrancar a sua pele.

— Vira essa boca pra lá! — murmura, nervosa, e eu prendo a risada.

Eu me recosto contra o sofá, provando a pipoca amanteigada enquanto o filme continua.

***

B e r n a r d o

Quinta-feira

00h23min

Deixo o rock clássico preencher meus ouvidos enquanto levo uma garrafa de vodca à boca. Sinto a bebida descer queimando por minha garganta e realmente não me importo. Desde que a minha vida não tem sentido algum, não vejo problema em ficar de porre até o amanhecer.

A casa da Natália está cheia de caras bêbados e garotas seminuas. Sinto-me em casa, em meu próprio nicho. Roger e Marcos deram um jeito de sumir com duas garotas e não os vejo há alguns minutos.

— Bernardo... você por aqui. — Uma voz um pouco fina e irritante prende minha atenção por alguns segundos.

— O que você quer?

Estudo a Priscila, atentamente, e ela se senta ao meu lado no sofá. Próxima demais. Pelo ambiente um pouco escuro e a minha coordenação motora afetada pelo álcool, não consigo enxergar quase nada da garota a minha frente, somente o vestido curto demais e os cabelos loiros e longos.

— Notei que você estava sozinho. — acerca-se cada vez mais de mim, espalmando minha perna.

— Hm. Não estou sozinho. — elevo minha garrafa, sarcástico. Ela sorri levemente e morde os lábios.

Uma Luz Na EscuridãoWhere stories live. Discover now