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💀boa noite


Quando minha torta de banana fora posta à mesa, não pude conter minha felicidade, só um pouquinho, porque eu estava acompanhada, e não queria parecer uma criança. Ainda mais ao lado de uma mulher como aquela, séria e que esbanjava civilidade. Resolvi me comportar mais, lhe ofereci um pedaço mas ela negou.

Melhor que sobra mais.

"Eu ainda não sei o seu nome, me diz, por favor." pedi colocando mais um pedaço na boca, eu queria saber logo o seu nome, estava curiosa, e também cansada de nomeá-la como Moça e Mulher.

"Michelle"

"Bonito" falei e limpei minha boca para evitar de ficar com o rosto cheio de doce.

"Você acha?"

Concordei, ela realmente combinava com esse nome. Ela me fitou e sorriu, é.. definitivamente aquela mulher é maravilhosa.

Sem jeito eu puxei meu celular do bolso e vi que já era tarde, mas ficaria um pouco mais.

"Michelle é um nome legal" me inclinei sobre a mesa "Nunca havia te visto, você é daqui?". Aquilo era uma sentença idiota, eu sei, até porque eu habito mais no mundo da lua do que aqui para reparar nas pessoas que vivem nesta cidade.

"Não, me mudei há pouco".

"E por quê?". Ela ficou um pouco desconfortável, não entendi o motivo. Mas logo se recompôs e respondeu:

"Minha família é daqui, e amigos também, então resolvi me mudar logo. Gosto daqui, a cidade é calma e me traz nostalgia, e o tempo sempre está ao meu favor." oh, ela também gostava do clima da cidade, fiquei feliz em saber.

Nos olhamos por mais alguns minutos, me endireitei na cadeira e lhe avisei que já teria que ir embora.

"Posso te levar, se quiser". Não seria uma má idéia, levando em conta que eu corria o risco de não chegar a tempo em casa.

"Eu aceito". Disse e me levantei, ela fez o mesmo e caminhamos até a saída, depois de eu pagar o que havia comido.

A cidade como de costume estava com clima frio e escuro, me arrepiei com o vento gelado que bateu em meu rosto. Senti Michelle se aproximando e colocando sua mão em minhas costas, e suavemente me guiou até o um carro preto e bem sofisticado do outro lado da rua, que por sinal era de frente com a biblioteca. Teria que lembrar-me de vir aqui amanhã, para pegar o que não pude sábado.

Ela abriu a porta para mim e eu entrei, colocando o cinto e logo em seguida inspirei o gostoso aroma que havia ali dentro. A mulher deu a volta entrou no carro, logo dando partida. Lhe dei as coordenadas e logo estávamos chegando, lhe fitei disfarçadamente, ela continha a expressão séria, segurava forte o volante com as duas mãos.

Ela era uma mulher bonita, e mesmo não a conhecendo muito, não posso negar que ela parecia ser um boa pessoa, não foi bruta quando ocorreu aquele acidente e me tratou completamente diferente da balconista, eu desejei saber mais dela e da sua personalidade, desejei ouvir sua opinião sobre o tempo pelo meu caminho de ida e volta da escola. Não sei se nos veríamos mais, ou se a partir do momento que ela me deixar em casa, será a última vez que a veria.

Eu não queria isso, mas também não lhe pediria para uma segunda conversa, talvez nem tempo ela tem, na verdade ela pode ter um família que esteja lhe esperando em casa enquanto ela perde o tempo com a adolescente desastrada aqui.

Ela estacionou o carro bem à frente da minha casa, ainda não havia ninguém já que a garagem estava vazia e as luzes todas apagadas.

"Obrigada, você me livrou de uma caminhada de 40 minutos." eu disse tirando o cinto de segurança. Me virei para olhá-la. "Eu gostei muito de te ver novamente." falei sem jeito, como sempre, mordi os lábios, eu sempre fazia isso quando estava nervosa.

"Eu digo o mesmo." Michelle falou e levou o dedo até meu nariz, não entendi muito bem o porquê dela ter feito isso, mas era como um carinho. Talvez ela também tem um costume esquisito como todo mundo. Achei fofo, por isso sorri. "Podemos fazer mais isso, como eu disse mais cedo: quero lhe conhecer melhor."

"Pode ser." eu falei indiferente, mas por dentro estava contente por ela ter esse interesse em mim. Ela sorriu em agradecimento e segurou a minha mão, acho que ela colocaria outro papel com endereço e data, como já tinha feito. Mas foi só um encontro de mãos, nada mais. "Tenho quer ir, e mais uma vez, obrigada por hoje." Abri a porta e sai do carro, caminhei até a entrada da minha casa e acenei para Michelle que ainda estava ali, e só depois que eu já havia fechado a porta, ela deu partida e foi embora. Fechei a cortina mas foi tempo suficiente de ver outro carro chegando. Corri até meu quarto e troquei de roupa, foi uma baita sorte meus pais chegarem depois de mim. Vesti meu pijama velho, eu gostava das minhas roupas velhas, ela eram sempre mais aconchegante do que as mais novas. Fiz um coque desajeitado e desci para o andar de baixo, e como se eu nunca tivesse saído hoje e me encontrado com uma mulher.

Eu cumprimentei meus pais com um abraço. Sinu como sempre me perguntou sobre a escola, e papai sobre o meu dia. Lhes contei sobre as minhas notas, e que dormi a tarde toda. Depois que meu pai fez a comida, todos nós comemos em meio ao silêncio. A mesa era tão grande só para nós três, cada um ficava mais ou menos um quilômetro de distância. Sempre quis ter um outro alguém para eu conviver, para aliviar a ausência dos meus pais. Uma irmã, talvez, mas Sinu não queria ter mais filhos além de mim, infelizmente. Há um tempo ela não pensava assim, seu sonho era ter outro filho, aliás, há um tempo Sinuhe era um pouco diferente do ela se tornou agora. Então me contento com a solidão, não que seja ruim, até porque já estou acostumada, sempre vivi assim.

Mamãe subiu, e Alejandro foi para a sala assistir a sua novela. Meu pai ama novelas mexicanas, eu simplesmente não sei qual a graça de ver tanto drama, porém é o seu gosto. Terminei de comer e arrumei toda aquela bagunça, quando estava tudo arrumado subi para meu quarto, hoje o dia foi bom, por isso que quando pulei em minha cama, depois de escovar os dentes, desmaiei.

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se tiver algum erro, me avisem, pfvr.
e se alguém tiver lendo isso, comentem pelo amor de deus

Reasons to StayWhere stories live. Discover now