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Eu estava lutando com todas as minhas forças, para não correr atrás dele. Eu não queria deixa-lo ir, isso doeu. Uma dor incrivelmente forte, que me fez estar confusa, por que raios estou sentindo isso?

Hoje eu voltaria para casa, para a minha avó. E mais que tudo, decidi voltar para São Paulo,não tinha nada meu ali, nada ali nunca seria meu. Eu amo meus avós, com uma força inimaginável, mas eu não podia ficar ali, não podia me apegar mais do que já  estava, eu sabia que nunca daríamos certo, mas sabia que quanto mais eu ficasse ali, mais essa certeza ia diminuindo, mais eu ia acreditando que poderíamos sim dar certo, mais eu ia me apegando, ate não ter mais volta. E eu não poderia permitir que isso acontecesse. Jamais.

Subi as escada, mandei uma mensagem para os meus avós, avisando o que eu estava prestes a fazer. Poderia transferir minha matrícula no Rio apenas por telefonema. Isso não seria problema.

Desci as escadas com minha mochila. Me despedi de meus primos, dos empregados e dei um abraço apertado em meu tio

-poxa minha filha, estava torcendo por você e meu menino-disse tio Henrique, ao pensar em Enzo, meu coração se apertou, também torcia no fundo para dar certo.

Me despedi de todos e fui a casa dos meus avós. Peguei minha mala e fui ao aeroporto. Meus pais estavam na Flórida, não queria atrapalhar eles. Pareciam felizes, eu sou precisava descansar de tudo isso. Eu nunca deveria ter aceitado ir para o Rio.

Algumas horas se passaram e meu avião finalmente pousou, recebi ligações perdidas, uma delas era de Enzo, por que ele estaria ligando? Então vi a ligação da minha avó, imediatamente retornei

-vovó, já estou morta de saudade, acabei de chegar em São Paulo-disse eu, estava muito cansada e morta de saudade

-ai minha filha, graças a Deus, estava quase tendo um infarte do coração. Se cuida ai viu meu amor?

-tudo bem vó. Eu te amo

-também te amo, minha menina-minha avó desligou logo em seguida, me deixando novamente apenas com os ventos de São Paulo, já era noitinha e eu não fazia ideia do que fazer agora. Estava acostumada a pensar em Enzo, estava acostumada a ter um relacionamento com os becos, mas agora isso mudaria.

Foi a procura de um táxi, logo o encontrei e o entreguei a localização de minha casa. O moço parecia simpático, mas com uma cara de psicopata que a simpatia foi embora bem rapidinho. Desci do carro, paguei o motorista e entrei em minha casa. Nada tinha mudado, absolutamente nada, parecia que eu nunca tinha saído dali. Subi para o meu quarto, tomei um banho e me deitei um pouco. Estou exausta.

3horas da manhã

Acordei com um barulho estrondoso, não sabia que meus pais estavam aqui. Olhei meu celular e era uma ligação de meus pais. Logo atendi

-Mia, só ligamos para avisar que vamos pra Paris, sempre tive esse sonho, se cuida viu?- ela desligou. Eu não consegui ao mesmo falar nada. Ela desligou na minha cara

Eu não estava mais com sono, então desci ate a cozinha para comer algo. Ate que passo pelo antigo escritório de meu pai, eu costumava brincar nele quando mais nova. Parecia que nada mudara. Adentrei aquele lugar antigo e completo por sujeira, passei minhas mãos pelos livros, ate que vi um que chamou minha atenção, então o puxei. E do nada. DO NADA. Uma gaveta se abriu. Lembrei-me que sempre tive curiosidade em saber o que tinha naquela gaveta, mas nunca conseguia abrir.

Ao olhar para dentro, haviam muitos papeis, papeis de todos os tipo. E achei um. Fiquei boquiaberta.

"Calem a porra da boca, não vou permitir que tirem a minha filha de meus braços desse modo. O que acharam? Que se livrariam assim? Eu vou caçar vocês, caçar a idiota da minha cria que nunca deveria ter nascido. Vocês estão mortos"

Era um e-mail, e duvido muito que o autor dele seja o meu pai. Eu não estou entendendo bem. Será que..? Não pode ser.

Procurei meu registro, e encontrei. Mia Elena Albuquerques Junior. Mas na certidão, meu nome está Mia Vitoria de souzas. Meu nome não é esse. Eu passei a vida com pessoas que não eram os meus pais. Então por isso que eles foram para Flórida assim do nada? Porque estavam fugindo? Por que raios isso esta acontecendo? Mas o que está acontecendo? Ligo desesperada para meus pais

-por que o meu nome de registro está Mia Elena Albuquerques Junio, e não Mia Vitoria de Souzas?-disse eu, com ódio e tristeza na voz

-desculpa.. -foram as únicas coisas que escutei. A porta foi quebrada, e um homem todo de preto apareceu

-Ora ora ora, finalmente vou conhecer minha filha-meu corpo inteiro estava congelado, medo defina cada célula, cada centímetro. Eu só queria entender o que estava acontecendo, eu queria Enzo aqui, eu tentava me enganar, mas a verdade era que eu me sentia segura ao seu lado. E agora, acima de tudo, eu necessitava que ele me passasse segurança.

Pois agora ia conhecer meu pai biológico, e eu estava morrendo de medo.

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