9. Douchebag

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A cada passo que davam em minha direção, mais apreensiva eu ficava.

Primeiro porque eu estava sozinha, segundo pois as garrafas em minhas mão não ajudavam em nada, caso algo sério ocorresse eu precisasse correr. A não ser, claro, que eu as jogasse neles como uma forma de ganhar tempo. Mas então eu estaria desperdiçando algo, e simples pensamento de fazer algo assim deixou-me profundamente culpada.

Dei dois passos para trás enquanto eles se aproximavam. Era um modo de defesa inútil, óbvio,mas me fazia pensar que eu podia fazer algo além de ficar parada.

Eu não havia observado-os seus rostos muito bem quando passaram, mas agora, pouco a pouco, conseguia vê-los melhor, apesar do boné que usavam e máscaras estranhas.

Os três garotos pararam de caminhar ao chegarem na minha frente e me encararam por alguns segundos. O ato me deixou confusa, talvez pelo nervosismo, até que um deles retirou a máscara e sorriu.

Instantaneamente desejei derrubar as latinhas e matá-lo.

- Puta merda! - O palavrão saiu junto a um suspiro aliviado, o que fez todos os outros dois garotos gargalharem, após tirarem suas máscaras. - Você é um babaca, sério!

- Desculpa, só notei que era você quando me virei pra confirmar - Jackson, o maluco do meu vizinho, explicou, cruzando os braços. Seu olhar era de puro divertimento.

- Por que não me falou que era você? Por Deus, quase pensei que fosse morrer!

- Foi proposital - Explicou, soltando uma leve gargalhada. Isso me fez querer matá-lo ali mesmo. - Quando vi você, não pensei em outra maneira de me aproximar se não causando-lhe um belo susto.

- E seus amigos foram cúmplices, pelo visto - Comentei, encarando-os melhor. Eram Youngjae e Yugyeom. - Se um dia eu morrer do coração, a culpa será exclusivamente de vocês e suas mentes perversas!

Todos eles riram e, apesar de estar com raiva, apenas revirei os olhos. Conhecia-os bem o suficiente para saber que sermões não funcionavam. Eram cabeças duras demais. Livres demais.

- Sinto muito por isso, de verdade - Yugyeom se desculpou.

- Até pensamos em gritar ou fazer sinais para que você nos reconhecesse, esse cara aqui - Youngjae apontou para Jackson, que deu de ombros -, achou melhor não.

- É como eu disse, ele queria me matar do coração.

- Ou deixá-lo mais forte e preparado para surpresas da vida - Provocou.

Momentos antes, quando notei que garotos "estranhos" se aproximavam de mim daquela forma tão invasiva, automaticamente, algo dentro de mim transformou-se em ferro. Eu havia ficado com medo, claro, mas não iria demonstrar.

- Indo para casa? - Jackson perguntou.

- Meio que isso.

- Então por que não vem com a gente? É mais seguro. Aliás, por que diabos está parada aqui sozinha? Está esperando alguém? - Jackson colocou as mão em seu moletom cinza, erguendo uma sobrancelha.

- Estava no karaokê com alguns colegas - Eu remexi as latinhas em minha mão - Fui a pior acumulando pontos e então precisei comprar essas coisas como para eles. Agora estou indo entregá-los e depois, sim, aí vou para casa.

- Quer que a gente vá com você? - Youngjae perguntou. - Essa rua não é muito segura. Ouvi dizer que pessoas estranhas vivem rondando por aqui.

Pensei na possibilidade de recusar seu convite, mas então recordei-me de Jaebum. Ele não se importava comigo. Não ligava se eu fosse para casa com ele ou não. Na verdade, era bem possível que apenas agradecesse a essa dádiva.

Comfortable ❄ Im JaebumOnde as histórias ganham vida. Descobre agora