Prólogo

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O dia não poderia piorar. 

Nunca fui de fazer besteira, cometer erros ou algo do tipo. Na verdade, sempre fui muito centrada nos estudos e até nas pequenas coisas. Seja a arte, seja amizade. E isso, dava um certo mérito aos meus pais, que eram empresários extremamente famosos. 

Porém, um misero erro de final de semana, me ferrou por completo. E agora, uma mulher de 20 anos, está de castigo, e destinada a mudar de Estado. Minha sentença não fora tão grande assim. Teria que morar um tempo com meus avós no Rio de Janeiro, transferiria minha faculdade de Direito pra lá, e provavelmente terminaria lá.

Sempre tive um carinho muito forte pelos meus avós, eles viveram comigo em São Paulo desde os meus 15 anos. Meus pais sempre foram muito ocupados, e em algumas noites, eu acabava dormindo completamente sozinha. Mas depois de alguns anos, meus avos precisaram voltar pra sua cidade natal, e logo voltou pro Rio. 

-Mia, Mia, eu juro que estou a um porcento de te esgoelar por completo! o que você tinha na cabeça de ir a uma festa e dormir na casa de um garoto qualquer? E se alguém tivesse visto Mia? E se você estivesse agora na internet? "Filha da família mais rica de São Paulo acaba de ser encontrada saindo de uma festa as escondidas com um garoto misteriosos. O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? 

Eu estava sentada no meu sofá no dia seguinte do acontecido, minha cabeça doía por conta da vodka e todas as outras bebidas da noite anterior. Eu ainda queria vomitar, e por esse e alguns motivos, não lembrei a minha mãe o fato de que já sou maior de idade, e de acordo com a lei, ela não tem nada haver com a minha vida.

-olha dona, eu passei a semana toda, na verdade, a vida toda me dedicando aquela merda de faculdade de Direito, eu dei um deslize? dei, mas já sou adulta pra ter responsabilidade de tudo o que eu faço ou desdo de fazer.

-olha você me respeite viu "dona" Mia? Já falei com seus avós e já está tudo pronto, seu voo sai amanhã logo cedo.- revirei os olhos e confirmei.

o que eu faria? gritaria? minha situação com minha mãe é uma droga, não adianta de nada gritar, me espernear e lembra-la que eu cresci. Isso não muda merda nenhuma. Sempre terá os mesmos motivos para discussão e eu não tenho mais cabeça pra isso.

assenti indiferente e fui ao meu quarto preparar minha mala. Fui te mal agrado, chateada e querendo quebrar tudo. Quando meus pais parariam de tomar conta da minha vida? quando eu começaria a fazer o que eu quero na hora que eu quero? talvez eu tenha essa oportunidade no Rio.

Quando arrumei tudo, o sol já estava indo embora, dando lugar a formação da lua no alto do céu. Estava fazendo frio, muito frio. E eu resolvi sair um pouco pra esparecer. Peguei meus saltos e pus uma roupa arrumada. Eu sou louca por modo e tudo que a mesma envolve, então peguei logo minha bolsa feita pelo estilista do fashion week ano passado e sai na rua.

O shopping estava de boa, fui ate a área do cinema e escolhi qualquer um. Nunca fui muito achegada a filmes, sempre preferi livros e livros e livros. Mas, confesso que os filmes que estavam passando me deixam curiosa.

Adentrei ao cinema lotado, haviam casais por toda a parte e quis sair imediatamente do local. Eu era a unica solitária da noite e isso me deixava extremamente sentida. Subi as escadas e como quem não quer nada, me debrucei na cadeira e assisti o filme.

Após algumas horas, o filme finalmente havia acabo. Já havia descido as escadas e estava a caminho da porta principal quando alguém esbarrou e derrubou toda a pipoca na minha rouba. Ah não, MINHA BOLSA!

-Mais que merda em dona? a princesinha poderia olhar por onde anda da próxima vez? assim você não derruba a comida dos outros!- olhei pra trás com tudo sem fazer ideia de quem era o moço, mas já estava com odeio de sua cara. ELE DERRUBOU PIPOCA NA MINHA BOLSA E VEM FALAR QUE A CULPA FOI MINHA? 

-então por que o princeso ai, não toma uma atitude e aprende a andar? creio que assim não teríamos problemas! - eu tinha plena consciência que a culpa era minha. Eu quem estava andando devagar. Mas eu nunca daria esse gostinho a ele.

-Tu não espera que eu vá pedir desculpas por você ser lenta ne?- como é que é?

-não quero suas desculpas, porque sei que elas e merda não tem muita diferença, agora pode calar a boca e tirar esse balde de pipoca de perto da minha bolsa? to afim de sair sabe?

sai dali sem prensar duas vezes, mas foi só sair da porta do cinema que uma mão forte me puxou de volta. Olhei pra trás de imediato.

-qualé crian..-disse ele sem conseguir terminar sua fala. Mas não o julgo, eu também não conseguiria falar

Ele tinha olhos bem azuis, seu rosto era moreno, um moreno incrivelmente sexy. Seus cabelos eram muito bipolares, eles eram um tipo de castanho tão claro que parecia loiro, mas no mesmo tempo tão escuto, que se tornava preto. Eu estava perdida em seus olhos me fitando como se estivesse tentando ler minha alma. Eu não consegui me mexer, era como se ele tivesse domínio de cada célula de meu corpo, de cada centímetro entre minhas curvas, de casa fio de cabelo, dos meus pés e mãos. Eu não sabia o que fazer. Mas quando uma tosse forçada, foi escutada, percebi que tinha que voltar para o mundo real. Olhamos iguais para o portador da tosse, só então percebemos que estávamos bem enfrente a entrada da sala, impossibilitando a entrada e a saída de todos.

sacudi de leve minha cabeça, na esperança de sair do transe imaginário. continuei a andar de forma despreocupada, mas sempre, em odos os momentos eu olhava para trás, vendo o garoto indo a caminho da praça de alimentação. Aqueles olhos... aqueles malditos olhos.... 

desci a escada rolante ainda pensando nele e imaginando como alguém teria a capacidade de ir ao cinema no shopping mais rico e badalado de São Paulo com uma chinela. No caminho para casa, senti algumas pessoas tirando fotos minhas, e senti que seria motivo de conversa no dia seguinte. 

revirei os olhos e peguei meu carro. Fui direto pra casa e me joguei na minha cama confortável. Joguei o celular no outro lado da cama e tirei os saltos ainda deitada. Fingi que o dia não havia existido... e dormi. 

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