Capítulo 22. Fuga.

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5 meses depois...

  _Cara qual é o teu problema? Devolve minha bolsa David!

  _Qual a palavrinha mágica?

_Por favor.

_Boa menina.

   Assim que ele devolve minha bolsa jogo o resto de suco do meu copo nele, manchando sua farda, todos riem inclusive ele.

   Era por volta de 1 da tarde estávamos esperando o professor chegar, o Colégio tinha a política de que cada turma só sobe com seu professor, enquanto isso tínhamos que esperar na quadra.

   Na minha turma éramos apenas 20 alunos, eu conhecia a maioria do outro Colégio, nesses meses aqui fiz apenas 3 amigos:

Ana, mãe de 2 filhos e com uma ficha criminal pra lá de peculiar.

Marcelo que estudou comigo na antiga escola, atualmente o melhor jogador do time do Colégio, obviamente, quando não estava drogado.

E David, bom, ele era do Rio de Janeiro e como ele tinha vindo parar aqui eu não fazia a menor idéia, nós 4 éramos inseparáveis, carne unha, irmãos de outras mães.

   Enquanto a maioria das meninas mexia nos seus celulares caríssimos e os meninos conversavam sobre futebol, eu fazia trancinhas no cabelo da Ana, que escutava música no meu celular.

  _Ei Natt tá tocando ô - ela me passa o celular, confiro, número privado.

  _Alô ?

  _Tá na aula morena?

  _Que nada to morgando aqui, meu professor não chegou ainda.

  _Quer da uma volta? To aqui fora.

  _Mentira? Vem pro lado da quadra, só acredito vendo.

  _Já to aqui, aparece aí no muro.

  _Já vai.

   Desligo o celular e Ana já sorri maliciosa pra min, empilhamos algumas bolsas encima do banco de concreto e Ana segura pra min subir, fico na ponta dos pés e olho por cima do muro, lá estava ele sentado em alguns tijolos ao lado da moto, ele sorri ao me ver e faz um gesto com a mão me chamando, não penso duas vezes.

  _Ana chama o Marcelo pra min.

  _Tá certo vou chamar, se segura pra não cair.

   Eu olhei pro restante da minha turma, eles pareciam alheios ao que acontecia, como se cada um tivesse seu próprio mundo, Ana volta com Marcelo que me olha com uma cara feia.

  _Não acredito que tu vai fugir, é com aquele cara não é?  Mael? Niel?

_Daniel, você sabe que é Daniel, me ajuda vai, te pago um baseado depois.

   Ele me olha desconfiado, mais aceita.

   Sobe encima do batente e faz pezinho para que eu suba no muro, subo e por um momento bate um medo na hora de pular, Ana me da minha bolsa e eu jogo lá em baixo.

  _Vou contigo também Natt.

  _Vocês vão sair fora? -Pergunta David sentando no batente - Espera aí que eu vou também.

   Anna me da o restante das bolsas eu jogo todas no chão, me benzo e pulo, dou graças a Deus não ter me machucado, logo Ana pula, depois David e Marcelo ao mesmo tempo.

   Corro em direção a Daniel, ele me beija e aperta minha bunda, eu sorrio, estava com tanta saudades.

  _Ecaaa - Ana faz uma cara de nojo - quero uma carona até o outro lado, não vou da bobeira nessa parada.

  _Eu te levo, da vocês duas na moto.

   Enquanto Ana e Daniel  conversavam eu observava Marcelo e David descendo a rua, eles dobram na esquina da boca de fumo, meu coração aperta, eu realmente me preocupava com esses dois.

   Subo na moto e Ana sobe atrás, ele acelera e resolve ir por dentro do bairro, dentro de alguns minutos estávamos na ponte que separava os bairros, Ana desce da moto e some na primeira esquina.

  _Quer ir pra onde morena?

  _Qualquer lugar amor.

   Ele me entrega o capacete e acelera, vamos direto na rua principal, passamos por uma pracinha, e entramos em uma viela, que mal cabia a moto.

   Milagrosamente saímos em uma rua bem mais larga, com algumas casas ainda em construção.

  _Podemos ficar naquela casa amarela ali?
 
_Por mim pode ser.

   Ele acelera e eu me assusto um pouco, logo ele para lá de frente, puxa um molho de chaves e abre o portão, é uma casa simples com um quintalzinho pequeno na frente, ele abre a porta da casa que é ainda menor por dentro, ela não é rebocada, na sala á apenas uma computador e um sofá, no comodo seguinte, um quarto com uma cama de casal, um criado mudo e ventilador.

   Jogo a bolsa no chão e tiro os sapatos, Daniel  some casa a dentro e logo volta já sem camisa, ele liga o ventilador e deita comigo, ficamos um momento assim.

   Ficamos em silêncio um momento, aproveitando a companhia tão rara nos últimos meses, ele brinca com meus cabelos e põe atrás da orelha, eu sorrio pra ele, mas ele me olha sério, quase como quem está prestes a brigar por algo.

   Por um momento espero um início de briga que não vem. Em vez disso ele começa a alisar a lateral do meu corpo, de forma que minha blusa da farda acompanhava o movimento de suas mãos, aquilo era bom, me causava leves arrepios.

   Empurro meu corpo contra o dele, e sinto uma pequena risada na minha nuca.

  _Você anda muito safada ultimamente morena - não digo nada - tava com saudade de você.

   Ele fica por cima de min, me beija e morde meu pescoço eu azunho suas costas, e mordo seu lábio com força.

  _Aí porra, devagar -ele revida a mordida, sinto o leve gosto de sangue na boca - vou apanhar quando chegar em casa.

   Meu sangue ferveu, como ele tinha coragem de falar dela, enquanto estava na cama comigo?

Tudo o que não fomos (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora