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Passar as datas comemorativas de final de ano ao lado da minha família era muito bom. Mesmo com todos os sermões e alguns comentários que me faziam revirar os olhos, eu amava passar um tempo ao lado dos meus pais, dos meus irmãos, das minhas cunhadas Leona e Adelaide, e do meu ainda único sobrinho Antônio, que tinha quase 3 aninhos já e era o amor da minha vida.

Mantendo a tradição do Natal, tivemos um almoço especial no dia 25 com direito a muita fartura, presentes e claro, amor. Dona Elsa fez questão de caprichar nas comidas e na própria decoração da casa enorme que guardava vários momentos únicos vividos ali.

Na virada do ano não foi muito diferente, todos se reuniram para a contagem regressiva da chegada de 2018 em um clube que costumávamos frequentar em Madrid.

O ano que estava encerrando havia sido um divisor de águas na minha vida. Com muita determinação, realizei todas as minhas metas e planos, sendo o principal começar a morar sozinha. Eu estava mais do que satisfeita com minha vida profissional e também estava feliz com a pessoal.

Mas é claro que o drama mexicano típicos das reuniões de família tinha que acontecer e meu pai teve que protagonizar o papel principal.

Quando anunciei que no dia dois de janeiro iria embarcar pra Mallorca para passar quatro dias nas ilhas baleares com alguns amigos, a novela começou. Sempre que eu fazia alguma viagem com amigos, meu pai - e até mesmo meus irmãos - davam os mesmos surtos de costume, argumentando o quão perigoso o mundo era e que eu não deveria confiar em todas as pessoas.

Sim, eles me tratavam como se eu tivesse 13 anos e não 23.

Por um lado entendia seu medo de algo acontecer com sua caçula, mas ele tinha que entender que eu era uma adulta e sabia me cuidar. Eu gostava dos seus cuidados porém tudo na vida tem um limite e meus pais pareciam não entender isso.

Exatamente por conta dessa atenção excessiva, acabei não aproveitando minha adolescência do jeito que eu gostaria. Não tive liberdade para ir em festinhas, nem para dormir em casa de amigos e muito menos ter algum namorado sério.

Meu primeiro beijo foi aos 18 anos, assim como minha primeira vez. Eu estava apaixonada pelo cara mas foi apenas apresentá-lo a minha família, que o rapaz se assustou e meteu o pé na minha bunda argumentando que " não precisava daquilo ''. Depois disso, nunca mais tive coragem de levar alguém para casa mas como uma boa libriana, eu sonhava que um dia encontraria minha cara metade igualzinho aos filmes de romance hollywoodianos.

Podem falar que eu sou sonhadora ou que fantasiava demais, porém eu realmente acredito que todos os seres humanos têm sua cara metade. Aquela pessoa que vai te completar em todos os aspectos e que vai ser seu companheiro de vida.

Mas achar essa pessoa não é fácil.

Algumas desistem, outras se conformam em ficar com a pessoa errada ou outras procuram pacientemente e esperam a hora certa.

Eu fazia parte desse último grupo que tinha grandes esperanças em encontrar.

No dia 26 de dezembro, entrei com as mini férias da Loona Fitness Experience e para comemorar fui almoçar em um dos meus restaurantes favoritos em Madrid, o Mama Campo, junto com Marisa, minha amiga e vizinha.

Assim que me mudei, Marisa foi como um grande anjo da guarda que a vida colocou no meu caminho para me guiar na minha primeira experiência como dona de casa. Na primeira semana, quando tudo estava de pernas pro ar, várias contas pra pagar e faltando vários móveis no apartamento, a moça me estendeu a mão e me ajudou a colocar tudo sob ordem.

Ela tem 24 anos e trabalhava na Alianza Editorial SA, uma das maiores editoras de livros da Espanha.

Aos poucos nossa amizade foi acontecendo e agora ela era quase como uma irmã que nunca tive.

Maps • Marco AsensioWhere stories live. Discover now