CAPÍTULO 34

5.3K 495 35
                                    

                 DIMITRI CASTILLO

Foi quase impossível dar as costas para sair daquele quarto, deixando dúvidas, mágoas e incertezas. Eu queria mesmo era ficar ao lado dela, fazer carinho e dizer que tudo vai ficar bem. Mas claramente não é assim.

Passei pela casa o mais rápido possível, não queria encontrar ninguém nesse momento, estou com raiva de mim mesmo por ser um babaca e não conseguiria ser gentil com ninguém agora.

—Dimitri meu filho, faz tempo que chegou? Não o vi chegar. – diz a Sra. Lopes, me abraçando com carinho.

Só pode ser sacanagem uma porra dessa. Eu disse ninguém, e aparece logo quem? A minha sogra! Obrigado universo.

Soltei uma lufada de ar pela boca, tentando não ser rude com uma pessoa tão amável como ela.

—Eu só vim trazer a Ester, já estou voltando pra casa. – sai do abraço de forma gentil, mesmo que seja fingida.

Ela olhou-me como se estivesse analisando uma célula num microscópio, me senti até desconfortável diante do seu olhar.

—Esta tudo bem com você? – perguntou ela. Agora lascou tudo.

—Claro, estou ótimo. Só um pouco cansado, mas nada que um banho e uma boa noite de sono não resolva. – forcei um sorriso tentando ser convincente nas minhas falsas palavras.

—Então vá descansar meu genro lindo. Você se parece muito com o seu pai sabia? E volte sempre quando quiser. – dei um beijo em sua testa e sai em direção ao meu carro. Do meu pai além de herdar todos os seus bens, herdei a sua genética, trazendo com ela a pouca paciência.

Eu não sei o que me deixa mais angustiado, se é a sensação de vulnerabilidade por não ter argumentos concretos para acabar com essa confusão de uma vez, ou se é a certeza de que estou ferrado por ainda não ter falado absolutamente nada para Ester. Eu sou um grande babaca!

Eu entendo a raiva e dúvidas dela, mas porra, pra mim está difícil pra cacete aceitar uma separação. Ou como ela mesma disse, um tempo.

Porra de tempo! Eu não sou homem que aceita "um tempo", pra quê tempo?

Parei em frente a porta do motorista do meu carro apenas para olhar a janela do quarto dela, estava aberta com as cortinas ao vento, deve estar deitada na cama, ou socando as almofadas pensando em mim.

Estou fazendo-a sofre com maestria, parabéns Dimitri, você é um merda completo.

—Tudo bem aí Dimitri?

Pergunta alguém atrás de mim, olho na direção e vejo o Mateu parado olhando para a mesma janela que eu. Raiva vai me consumindo de imediato. Eu não vou com a cara desse homem.

—Porque o interesse? – resmungo, com a paciência de sempre.

—Nada, foi apenas uma pergunta. – ele rebate, no mesmo tom que eu.

Entro no carro e o ligo em seguida mas não consigo sair do lugar, fico apenas observando o segurança desgraçado observar a janela do quarto da minha ruivinha, como se estivesse ansiando vê-la ali.

Sinto a veia da minha testa latejar com força, como se fosse um sinal negativo, e de fato era. Eu estava a ponto de pular no pescoço dele ao vê-lo sorrir para aquela direção. Parecia me provocar de propósito. Desgraçado!

—Esta gostando da paisagem Mateu? – pergunto irado, trincando os dentes para me controlar.

—Claro, é uma paisagem fascinante. Não acha? – estreito os olhos imaginando atrocidades. Agora ele pediu pra morrer.

JOGO DE ATRAÇÃO - LIVRO 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora