Capítulo 37 - Lorenzo

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     Depois que a dor de cabeça que sentia passar, me levantei relutante e caminhei até o banheiro. Ao me encarar no espelho, reparei bem nas olheiras profundas que tinha, meus cabelos estavam desgrenhados, minha barba precisava ser feita e além disso, estava pálido, de uma forma que eu mesmo não me reconhecia.

     Tomei um banho, tentando parecer o melhor possível, mesmo sabendo que por dentro não havia nada que eu pudesse fazer para melhorar a dor que sentia.

     Depois de colocar uma calça de moletom, caminhei até a cozinha, abri a geladeira e fiquei surpreso por notar o quanto estava vazia, peguei apenas um presunto que já estava aberto e um pão no armário e improvisei um sanduíche.

     Me sentei diante da mesa e a cada mordida que dava, não conseguia ignorar a solidão causado pela saudade que sentia de Manuela.

    Conferi as horas em meu pulso, eram quase duas da tarde, baixei a cabeça, percebendo que a essas horas, Manuela estava no voo, indo a cada segundo para mais longe de mim.

     Apanhei meu celular, não havia qualquer ligação que ela havia me feito ou qualquer mensagem que havia me enviado, exceto áudios e mais áudios de David bravo comigo, me chamando de covarde por não ter aparecido no aeroporto mais cedo.

     Liguei para minha secretária e pedi que ela cancelasse todos os meus compromissos da tarde, não iria trabalhar naquele dia. Sabia que se aparecesse, David iria querer discutir comigo e eu ainda não estava preparado para falar sobre os meus sentimentos para ele ou para qualquer outra pessoa.

     Dez dias haviam se passado e ao contrário do que eu havia imaginado, David não havia me dado qualquer lição de moral, porém, nossas conversas eram estritamente profissionais, o que deixou o clima na construtora um pouco ruim e apesar de me ignorar, sabia que ele estava sendo amigo e me dando o tempo de que precisava.

     Ás vezes, quando saíamos juntos para nos encontrarmos com algum cliente, o via digitando algo para Manuela e sentia uma vontade enorme de perguntar por ela, queria saber se estava bem, se havia voltado ao trabalho, mas me continha, por medo de que isso desse a ela alguma esperança.

     Havia voltado a minha antiga vida, sempre depois do trabalho ia para algum bar e bebia um pouco antes de voltar para casa já de madrugada, ultimamente, meu apartamento era o último lugar em que desejava estar, já que tudo ali ainda parecia ter o toque e o jeito dela, principalmente minha cama:

     ― Oi Lorenzo! A quanto tempo não nos vemos! –Estava em um bar no centro da cidade, tomando uma cerveja, quando Clara, uma amiga se aproximou.

     ― Oi Clara! Como vai? –A cumprimentei com um beijo no rosto.

     ― Estou bem, posso me sentar com você?

     ― Por favor.

     Ela puxou uma cadeira se sentando ao meu lado:

     ― Você sumiu, por onde esteve? Nunca mais te vi na noite. –Ela me olhava atentamente.

     ― Eu estive em um relacionamento nas últimas semanas.

     ― Você namorando? –Ela fez cara de surpresa- Isso é inusitado!

     ― Não deu muito certo, nós dois terminamos. –Lamentei, dando um gole na minha bebida.

     ― Eu sinto muito –Ela segurou minha mão- Se precisar de alguém para conversar, pode contar comigo.

     ― Eu agradeço Clara, mas tudo o que eu menos quero agora é conversar.

     ― Na verdade, nem eu –Ela se aproximou, sussurrando no meu ouvido- Mas quando estivermos na cama, não precisamos necessariamente conversar, não é mesmo?

     Depois daquilo, pedi a conta e levei Clara para o meu apartamento. Eu não havia saído com a intenção de encontrar alguém para passar a noite, mas talvez, estivesse na hora de começar a sair com outras mulheres, além disso, Clara era uma mulher linda e pelo menos por algumas horas, poderia ser uma boa distração.

     Ao irmos para meu quarto, nos beijamos, enquanto tirava seu vestido lentamente, Clara tirou minha camisa, me empurrando contra a cama e ficando sobre mim, ela beijava meu pescoço, enquanto acariciava meu peitoral e dizia coisas sujas no meu ouvido e a forma como ela roçava seu corpo no meu deixava evidente o quanto ela me desejava, mas por alguma razão, eu não estava ardendo em chamas e muito menos ansiava por ficar com ela:

     ― Não posso fazer isso. –Me levantei, a empurrando para o lado, me sentando na beira da cama.

     ― Como assim, não pode? –Ela saiu da cama, parando à minha frente, me encarando indignada- Você me disse que havia terminado com a sua namorada!

     ― E nós terminamos.

     ― Então o que foi?

     ― Eu não consigo parar de pensar nela. –Respondi, na esperança de que ela me entendesse.

     ― Por favor, Lorenzo! –Ela disse irritada- Você está vendo direito o que tem bem aqui na sua frente? –Ela apontou para seu corpo, que apesar de eu ter consciência de que era maravilhoso, não estava conseguindo me despertar nenhum desejo- Você está prestes a perder a melhor noite que você poderia ter!

     ― Esse é o problema Clara, o que existiu entre mim e essa minha namorada, foi muito mais do que uma noite.

     ― Para mim já deu! –Ela disse apanhando seu vestido do chão e o colocando- Agradeceria se nunca mais nos víssemos! –Ela saiu do quarto a passos largos.

     ― Me deixe pelo menos leva-la em casa! –Disse, a seguindo pelo corredor.

     ― Me esquece, Lorenzo! –Ela disse furiosa, passando pela porta do meu apartamento, quase esbarrando em Katie, que observou toda a cena espantada.

     ― Acho melhor voltar outra hora. –Ela disse em um sorriso tímido.

     ― Katie? O que faz aqui? –Me aproximei, enquanto ela adentrava meu apartamento.

     ― Fiquei sabendo que a Manu voltou para Los Angeles e vim até aqui para te fazer uma visita, pensei que poderia estar se sentindo solitário, mas pelo que vi, você anda muito bem acompanhado, não é? Pensei que ela tivesse sido importante para você, mas quer saber, isso não é da minha conta! –Ela se virou para ir embora, mas eu segurei seu braço a impedindo.

     ― E ela foi, tanto que o que você acabou de ver aqui, foi uma gostosa indo embora irritada porque o cara não conseguiu ter uma ereção. –Disse em um sorriso frágil, observando suas bochechas corarem- Por favor Katie, não me deixe sozinho também.

     ― Eu nunca faria isso, Lorenzo. –Ela me envolveu em um abraço forte.

     Coloquei minhas mãos ao redor da sua cintura e apoiei minha cabeça em seu ombro, chorando tudo o que havia guardado só para mim nos últimos dez dias.

     Minha vida estava definhando sem a Manuela. 

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasWhere stories live. Discover now