Capítulo 13 - A Festa - parte 2

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Victória Walker

A música leve e descontraída embalava nossa noite, eu estava realmente disposta a passar uma borracha nos últimos acontecimentos e a me deixar levar novamente pelas coisas boas da vida.

Thomas a cada dia mais se tornava um estranho para mim, se eu não estivesse grávida dele eu poderia muito bem dizer que ele havia se tornado uma incógnita no meio daquilo. Parecia errado eu não estar com o pai da minha pequena Kath, mas ao mesmo tempo parecia certo eu expulsar coisas dolorosas da minha vida, e Thomas era uma delas.

Ao final da dança os convidados retomaram seus lugares e Derek e eu nos dirigimos ao palco. Nunca fui boa em falar em público na minha adolescência, odiava ter que apresentar trabalhos para a pequena turma de vinte pessoas, quem dirá ler um discurso na frente de algumas centenas de pessoas. Mas lá estava eu, devidamente posicionada na frente do microfone tendo sobre mim, olhares curiosos e cheios de expectativas a cerca da mensagem que eu iria transmitir.

—É um imenso prazer ter todos vocês aqui, nesta maravilhosa noite. – Sorri. – Ouvimos durante o evento inteiro sobre a importância de fazermos a diferença para com o próximo, e eu gostaria de saber se vocês de fato notaram essa importância. É comum sermos bons em determinadas épocas do ano, como por exemplo, no Natal, mas vocês não concordam que certas ações não precisam necessariamente ser realizadas em épocas específicas? Tenhamos essa reflexão na consciência, não podemos dedicar somente um dia para fazer o bem sem olhar a quem, temos que dedicar todos os nossos dias a isso, pois, somente assim, nos tornaremos seres humanos melhores. Os refugiados sírios agradecem todos vocês. – Finalizei arrancando aplausos.

Dou um passo para o lado e deixo que Derek assuma o controle da situação falando um pouco sobre seu escritório de arquitetura e sobre o empenho da mesma em construir um mundo mais humano.

Ao longe posso ver Noah e Thomas lado a lado. Tinha certeza absoluta que boa coisa não sairia dali e eu desejei mentalmente que ninguém saísse no soco naquela noite, pelo menos não naquele momento sublime.

O discurso acaba e eu mais que depressa desço do palco já a procura do gêmeo encrenqueiro.

—Onde você se meteu? – Arqueei a sobrancelha assim que entrei em seu campo de visão.

—Estava por ai, e o Derek? – Noah deu de ombros.

—Conversando e sendo gentil com gente chata. – Revirei os olhos.

—A cara dele. – Noah riu sem humor.

—Eu preciso de ar fresco. – Me levantei respirando de forma entrecortada.

A gravidez vem me consumido muita energia, meu cansaço físico que antes era um agora está o dobro, e olhem que eu me considerava um bicho preguiça em forma de gente, mas enfim, o fato é que eu precisava urgentemente de ar fresco e de um bom copo de água gelada.

Caminhei até a varanda do museu e recostei-me no parapeito da sacada. O vento leve e gélido me causou alguns arrepios na pele exposta dos meus braços. Ajeitei o casaco de Derek em meus ombros e fechei os olhos a fim de relaxar um pouco. Mas como eu me chamo Victória Walker e meu esporte favorito era nunca ser deixada em paz, logo uma voz de vaca com dor de barriga alcançou meus ouvidos.

—Ora, ora, quem eu encontro aqui sem a proteção dos seus cavaleiros gêmeos... – Alicia mordeu o lábio inferior.

—Ora, ora, se não é a vaca desmamada. – Sorri irônica.

—Seu senso de humor realmente é algo bem cativante, eu tomaria cuidado, sou dona de 51% das ações do escritório, um telefonema e eu acabo com seu emprego dentro da AADM. – Ameaçou.

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