XLIII

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resumo: lágrimas orgulhosas e filhotes.

...

"Você tem alguma alergia?"

Louis levantou os olhos da bagunça de roupas, arqueando as sobrancelhas para Harry.

"De onde veio isso?"

Harry deu de ombros, os cachos úmidos de banho esparramados pelo travesseiro que ele mantinha apertado embaixo do rosto, vestido com roupas de dormir. Ele parecia macio e cheiroso, e Louis realmente queria ir para a cama.

"Eu lembrei desse menino que vai sempre na cafeteria e não pode comer chocolate, você sabe? Nem mesmo um pouquinho, e nossos cookies de baunilha tem um monte gotas de chocolate e ele realmente gosta de baunilha! Então a Barb assa alguns sem chocolate só para ele. É legal."

"É, sim. É gentil da parte dela." Louis assentiu, satisfeito quando achou uma camisa branca e amassada que Harry não usava mais, porém ainda tinha o seu cheiro impregnado no tecido e era macia como uma nuvem, vestindo antes de pular na cama. "Nós temos que comprar roupas novas, Haz."

"Não temos não." Harry puxou Louis para deitar no seu ombro, os tornozelos se entrelaçando embaixo do lençol. "Você não me respondeu se tem alguma alergia."

"Temos sim. Você vai começar a ficar grande e suas roupas não vai mais servir, além disso, você não trouxe muitas de casa. E, não. Eu não acho que tenho alguma alergia, Haz."

Harry suspirou, e Louis não precisava abrir os olhos para saber que ele tinha um beicinho teimoso nos lábios.

"Eu não gosto da ideia de gastar dinheiro comigo mesmo, Louis. Quero juntar tanto quanto eu puder para o bebê e eu sei que isso ainda não vai ser o suficiente porque eles precisam de um monte de merda."

Daquela vez sim, Louis abriu os olhos e se apoiou nos cotovelos, sentindo uma pontada de irritação mesmo que não houvesse realmente espaço para aquilo.

"Você fala como se fosse o único que tivesse responsabilidades com o nosso filho, Harry. Ele é meu também. Você não está sozinho nisso e a minha família tem mais dinheiro que eles gostariam de ter, isso é sério. Eu nunca deixaria faltar alguma coisa para vocês dois, eu não vejo um ponto de você continuar trabalhando, sinceramente."

Louis não era, não era mesmo, o tipo de pessoa que achava que por Harry estar grávido, ele deveria ficar em casa vulnerável e doméstico sob as suas vontades, o recebendo com um beijo quando chegasse da Uni como se fosse algum tipo de boneco — ele gostava do quanto o garoto era forte e independente e se agarrava nas próprias vontades, mas ele também queria que Harry soubesse que era... tudo bem ser cuidado algumas vezes. Que Louis e a família dele não estavam fazendo um favor, que ele não era uma caridade. Eles queriam o melhor para Harry porque o amavam. E se, talvez sair trabalho significasse poder cuidar melhor da sua saúde e ter um tempo de descanso e diversão em casa, então talvez ele devesse pensar um pouco sobre aquilo.

"Eu gosto de trabalhar." Harry moveu o olhar para o teto, o cenho franzido. "Eu gosto de conhecer pessoas e eu gosto de encontrar Barb e eu gosto que eu estou fazendo alguma coisa por mim mesmo pela primeira vez mas-"

"Mas?"

"É complicado de onde eu vim, Louis. Você não faz ideia como é ter alguém te oferecendo coisas só porque isso dá o poder de jogar na sua cara depois. De tentar fazer você se sentir em dívida. E você não faz ideia quando esse alguém são seus próprios pais. O trabalho pra mim significa mais do que ter um salário no final do mês que eu provavelmente vou gastar em fraldas, significa que, pela primeira vez, eu estou fazendo algo por mim mesmo, e eu não tenho que dar satisfações a ninguém além de mim mesmo. Eu estou ganhando porque eu trabalho, porque eu mereço."

shine || mpregOnde as histórias ganham vida. Descobre agora