XXV

16.2K 1.7K 5.9K
                                    


resumo: rosto pintado e hospital.

...

Louis bebericou um gole do chá e observou a forma como as pontas azuladas do céu cobriam a superfície alaranjada, denunciando que seria um dia ensolarado e quase sem nuvens.

Ainda era cedo — os passarinhos cantavam timidamente e sua família ainda dormia, mas tinha sido tempo suficiente para ele deixar um café da manhã na cabeceira de Harry antes de ir embora, agradecendo que a mercearia perto da sua casa madrugava com bolinhos de chocolate frescos. Ele tinha deixado um bilhete de bom dia também, caprichando na letra e desenhando uma carinha no final porque ele sabia que o cacheado gostava. Ele sabia que Harry iria sorrir.

Ninguém tinha avisado quão difícil as coisas ficavam depois que você dizia as três palavras mágicas para alguém, Louis não tinha sido ensinado sobre aquilo. Era engraçado como ele era considerado uma pessoa inteligente, sua vaga quase certa em Harvard. Ele podia conversar sobre diversos assuntos. Sua família tinha instruído ele como respeitar as pessoas e o mundo. Louis tinha lido sobre incontáveis coisas e assistido um milhão de filmes, mas nada daquilo ensinava como é amar alguém tanto que você precisa respirar um pouco fora.

Seus dedos tinham se enroscado nos cachos macios, empurrando os fios castanhos para atrás da orelha enquanto observava a silhueta de Harry na penumbra, a forma como a respiração suave saía em lufadas tranquilas.

Louis costumava pensar que o tempo antes do amanhecer era frágil como um cristal. De alguma forma o silêncio, o fato da maioria das casas estarem silenciosas e as ruas vazias, fazia ele sentir como se nada de ruim estivesse acontecendo no mundo. Era fantasioso e completamente errado, mas antes do amanhecer Louis se sentia sonolento e desperto ao mesmo tempo. Era como se ele tivesse todas as respostas do mundo.

Errado.

Enquanto tirava os bolinhos e suco de caixinha da sacola e arrumava da melhor maneira possível, sua mente estava mergulhada em algum lugar muito longe daquele quarto. Não era sobre Harry. Deus, Louis o amava. Ele só... O amava tanto. E era mútuo, por favor.

Apertou a xícara morna contra o peito quando os raios do Sol cobriram parte do rosto, sentindo o peito encher com aquele calor ao se lembrar da forma como Harry tinha cuidado dele, protegendo e amando e se certificado que ele estava seguro, murmurando palavras doces na sua pele até que fosse tarde o suficiente para cair no sono. Louis estava muito apaixonado por Harry. Muito. Ele queria poder sorrir e rir para o mundo porque, porra.

Ele estava apaixonado.

Mas ainda assim as suas veias pareciam ter pedras dentro, pesando e arranhando e fazendo ele se lembrar da brutalidade que tinha acontecido na noite anterior, em como aquilo tinha endurecido suas reações. Louis queria estar com raiva ‪— ele queria estar com tanto ódio e desejo que Niall e Carter se fodessem, mas tudo que conseguia sentir era uma decepção enorme com o mundo que ele não fazia parte. Louis não conhecia aquilo, o sentimento de usar as pessoas, brincar com elas e se divertir machucando-as, de achar que os outros não valiam nada.

Ele tinha quebrado a cara de um jeito que não dava para colocar o remédio.

Ergueu os olhos quando ouviu um farfalhar de passos na escadas, Johannah abrindo um sorriso sonolento quando encontrou seu olhar.

shine || mpregWhere stories live. Discover now