Capítulo 11 - Revelações sob lanternas de papel

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Kol riu do comentário e respondeu.

— Não acho que vamos encontrar nada parecido com os da quinta avenida, mas vale a pena experimentar.

— Espera um pouco, — Ela olhou, surpresa para ele por causa da resposta tão precisa. — você conhece os cachorros quente de Nova York?

— Já morei lá. — Kol disse. — Tempo o suficiente para saber que não há lugar melhor do que a Quinta avenida para se comer cachorro quente. Aquelas coisas que vendem na Times Square é armadilha para turista!

— Meu Deus, é mesmo! — Ela riu, porque já tinha cometido o erro de comer lá. — Eu amo os lanches que vendem na Quinta. Devo ter gastado uma parte significativa de minhas economias nos food truck de lá.

Eles compraram seus lanches e sentaram em um dos bancos de cimento do parque. Desembrulharam os pacotes e deram um olhar de encorajamento, um ao outro, antes de dar a primeira mordida.

— Hum... uau! — Anne disse, de boca cheia.

— Uhum! — Kol murmurou e depois engoliu. — Isso aqui está horrível, não?

— Um pouquinho. — Anne riu, depois de engolir sua primeira mordida. — Mas eu estou mesmo com fome, então nem ligo.

Eles voltaram a andar pelo parque, vendo algumas crianças se divertindo em barracas de brincadeiras, casais participando de fotos com fantasias, e outras atrações como um grupo de teatro ao ar livre que incentivava sua audiência a participar da peça.

— Julia disse que ela ia te apresentar o festival. Você deve ser nova na cidade, certo? — Kol perguntou.

— Sim, acabei de me mudar. Antes eu morei três anos em Nova York. Benefícios de pertencer ao sistema de órfãos dos estados unidos, o pacote de viagem e constantes mudanças está incluso.

Anne jogou logo de cara o fato dela ser órfã, ele sabia onde ela morava e devia saber o que a fazenda era, então, eventualmente o assunto iria surgir. Decidiu tirar a pedra do caminho.

Esperou pelo olhar de piedade que Kol lhe daria, como todos faziam ao escutar sua triste história. Mas isso não aconteceu.

— Aqui não é um lugar ruim, a cidade é meio parada, mas é um bom lugar para se morar. — Kol disse.

— Foi por isso que você foi embora? — Ela riu.

— Touche! — Kol respondeu com um sorriso. — Eu tive que resolver uns assuntos pendentes com minha família biológica e isso me tomou alguns anos.

— Família biológica? Então você também foi adotado? — Anne se lembrou de Julia ter dito algo sobre isso no hospital.

— Acho que temos isso em comum. — Ele confirmou. — Eu passei a morar com Malcolm e os outros quando tinha quinze anos. Fugi de casa, porque a situação com minha família estava insustentável, e ele assumiu a minha guarda legal.

Anne ficou curiosa para saber um pouco mais sobre o passado dele, mas Kol não tinha perguntado sobre o dela, então ela resolveu também não abordar o assunto.

Ela sabia o quão doloroso podia ser falar dessas coisas.

Eles caminharam algum tempo pelas trilhas do parque. A reserva Tillman era um lugar incrível, ali a floresta de pinheiros parecia um espaço intocado pelo mundo.

Era quase como estar na natureza selvagem, não fosse pelos bancos e eventuais pontos de informação da administração que viam aqui e ali, ela poderia ter pensado que estavam no meio da mata selvagem.

Kol contou que muitos amantes da natureza faziam passeios frequentes por ali. No interior da floresta existiam cavernas subterrâneas que eram o motivo pelo qual muitos turistas visitavam a reserva.

A FILHA DO FOGO : DESPERTAR (VENCEDOR DO WATTYS 2018)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora