Capítulo 33 - Porque você é o rei do bebenês

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Ela: Vestido nem-tão-branco todo molhado, maquiagem borrada, penteado desfeito.

Eu: Paletó foi para o espaço, mangas arregaçadas, sapatos encharcados, cabelo... o que é pente?

E assim chegamos na recepção.

— Todo mundo está olhando para nós — disse Sabrina, agarrada ao meu braço.

— Claro que estão. Somos os noivos, oras — enfiei a outra mão no bolso da calça enquanto caminhava despreocupadamente.

— Vocês chegaram?! — Cláudia veio correndo de braços abertos.

— Não, não, esses são os nossos clones.

Cláudia revirou os olhos. Todos sabíamos que Sabrina não tinha paciência para perguntas idiotas.

— Ah, eu estou tão feliz! — ela pulou no nosso pescoço para abraçar os dois ao mesmo tempo. — Vocês são tão doidos! Mas são o meu casal favorito em todo o mundo. Nunca mudem.

Cláudia soltou e finalmente pude respirar.

— Que lindo, Cláudia, obrigada — Sabrina alisou a lateral do pescoço, provavelmente dolorido pelo aperto.

— Obrigado, Cláudia — alisei o meu pescoço também.

— Bom, então, assim... — ela colocou as mãos juntas. — Como a boa amiga que eu sou, aconselho vocês a darem uma passada no banheiro, sabe? Só para não passarem ainda mais vergonha. Leandro — ela chamou reforços.

O que aconteceu foi que nos separaram. Leandro, ao mandado dela, me levou para o banheiro para "dar um jeito".

Não tinha muito o que fazer. Só deu mesmo para secar as roupas com o jato de ar quente, mas continuaram amassadas. O secador de cabelo enfiado nos sapatos conseguiu tirar quase toda a umidade deles. Já o cabelo-o-que-é-pente não tinha solução, só passei os dedos pelos fios rebeldes.

Leandro saiu do banheiro e voltou trazendo meu paletó, que estava surpreendente decente. Ajeitei a gravata, que ele também se encarregou de encontrar — Leandro estava se saindo um ótimo padrinho — e me olhei no espelho uma última vez para tentar arrumar o cabelo revoltado.

— Tá bonitão, hein? — comentou, me olhando pelo reflexo do espelho.

— Sai fora, eu sou casado — levantei a mão da aliança.

Leandro balançou a cabeça para os lados, rindo meio distante. Ele se aproximou e deu duas batidas no meu ombro, deixando a mão alí.

— Mesmo estando triste por você trair o movimento dos solteiros, tô feliz de você estar feliz. — Ele deu um sorriso de lábios fechados, os olhos revelando algum tipo de emoção. — Você merece ser feliz, irmão.

Lá vinha ele com sentimentalismo. Mas tudo bem, aquele era um momento importante, era um tipo de despedida. Todos sabem que depois que se casa as coisas mudam. Seu melhor amigo agora será a pessoa com quem você compartilha o sobrenome.

Me virei para ele.

— Você também merece, só precisa concertar o jeito torto — bati no ombro dele como fez comigo antes.

Ele deu uma risadinha nasal, meneando a cabeça. Em seguida, como quem lembra de algo, apontou com o polegar sobre o ombro.

— Vamos lá, tem uma festa te esperando. — Aí sorriu maliciosamente e adicionou: — E uma noiva também.

Voltamos para a festa e pessoas que eu nem sabia de que planeta eram vieram me dar as felicitações. Amigos dos meus pais, talvez?

Enquanto eu apertava a mão de um parente distante, avistei Cláudia carregando Leandro pela gravata. Ele ergueu as mãos para mim, encolhendo os ombros, e se deixou ser arrastado.

Como nascem as estrelasWhere stories live. Discover now