Capítulo 27

212 16 17
                                    

Greta está sentada em uma cadeira desconfortável da loja de pisos, usando uma calça saruel branca com sandálias de tiras e uma bolsa amarela. Ela mexe em seus cabelos de corte assimétrico e depois verifica o relógio de pulso e revira os olhos.

Ergo a cabeça e vou até lá.

- Greta! - digo em um tom alegre.

- Você veio a pé? Não, espere. Deixe-me adivinhar - ela diz quando eu abro a boca para explicar. - Houve um acidente e você ficou presa em um engarrafamento terrível!

- Puxa, você adivinhou! - ironizo.

- Vamos ao que interessa - ela dá de ombros. - Gostei de um piso. Vou mostrar.

Ela sai andando pelo corredor meio escuro da loja e eu a sigo até uma pilha de um tipo de porcelanato que imita madeira.

- Gostei deste.

- Hum... Certo. Que tal darmos uma olhada em outro tipo mais escuro - sugiro.

- Não. Vai ser este - ela diz, categórica.

- Mas acho que essa decisão teria que passar por Bruno, não? - questiono.

Ela se vira para mim com uma expressão incrédula e sorri sarcasticamente.

- O que você disse?

- Esse tipo de decisão deveria passar por ele - eu explico. - No briefing ele disse que decidiria essas coisas.

- Ele não vai decidir nada disso. Aliás, ele disse que não queria participar dessa parte "idiota" do trabalho - ela diz, enfatizando a palavra "idiota". - Sabe, ele acha arquitetos uns babacas - ela revira os olhos e ri.

Fico em silêncio, chocada. Não posso acreditar que ele disse isso. Tenho vontade de argumentar que ele não acha arquitetos babacas, afinal de contas, ele namora uma. Mas Bruno me pediu para ser bem discreta sobre nós, especialmente com Greta, que não é muito confiável. Por isso, sem dizer nada, vou com ela até o vendedor e peço a quantidade de piso necessária.

- Então, Greta, a loja vai mandar entregar o material no galpão. Marco com a construtora o dia do início da reforma e entro em contato - digo, fria.

- Ok. Vou indo - ela sai sem olhar para trás.

Igor está conversando com Nestor quando entro no escritório. Eles estão rindo. Eu me sento e ligo meu computador.

- Ei, Sarah! Igor está de parabéns! O lançamento do livro vai ser este sábado - Nestor diz.

- Ah, que ótimo! - digo, sinceramente. - Parabéns! - olho para ele, que dá um sorriso amarelo.

Depois ele se senta e abre um projeto no computador. Ele está usando um perfume diferente. Sinceramente, eu não gosto.

- Perfume novo... - acabo dizendo.

- É - ele dá de ombros.

- Não é seu tipo de perfume - eu digo, lembrando que ele prefere os amadeirados e esse é meio doce, meio cítrico.

Ele sorri com o canto da boca.

- Você sabe qual meu tipo de perfume? - ele pergunta.

- Claro - respondo. - Ah, deixe-me adivinhar... Presente de Renata?

- Parabéns, senhora vidente! - ele diz e volta a atenção para o projeto.

- O que você tem? - pergunto, diante de sua frieza.

- Perdão?

- Você está frio comigo! Nem parece que somos amigos... - retruco, chateada.

- Ah, nós somos amigos? Puxa, achei que fôssemos só colegas de trabalho - ele me encara.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora