Capítulo 13

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Mamãe e papai estão completando 25 anos de casamento. Isso não é perfeito? Duas pessoas completamente diferentes conseguirem passar tanto tempo juntas dividindo tudo, inclusive o controle remoto da TV? Certo.

Eles dividem o controle de uma maneira bem injusta. Mamãe tem o direito de assistir a todas as novelas, enquanto ele só o noticiário das 8. Eles vão dar um almoço de comemoração e toda a família estará lá.

Estou me olhando no espelho experimentando um de meus vestidos novos. Depois daquele reencontro, acabei fazendo umas compras e, agora, percebo que minha aparência está melhor. Agito meus cabelos louros e depois dou uns tapinhas nas bochechas.

Papai pediu que eu convidasse o Igor, por isso ele está me esperando na frente do meu prédio. Ainda não contei nada a ele sobre a minha relação pouco profissional com Bruno. Mas só porque não sei exatamente como fazer isso.
O que é bem ruim, porque me sinto uma bruxa mentirosa só de olhar para ele.

Chego à calçada e não o vejo. Disco seu número.

- Alô?

- Onde você está? - pergunto.

- Aqui perto da igreja - ele responde.

- Mas a igreja é na outra esquina! - retruco, tentando enxergá-lo, com dificuldade, por causa do sol.

- É que não tinha vaga perto.

- Por que não estacionou na calçada?
- pergunto, já sabendo da resposta.

- Calçadas foram feitas para pedestres - responde.

- É, tem razão - concordo.

- Vou passar aí agora.

- É bom, pois estou de salto - levanto o calcanhar e aponto para o pé. Posso vê-lo se aproximando no seu sedan impecável.
Ele está rindo de um jeito bem genuíno e eu me encolho pensando em como estou sendo desleal.

- Quer uma carona, gata? - ele diz e abre o vidro.

Eu sorrio e seguro o trinco.

- Só não vou aí abrir porque tem uma fila de carros atrás de mim - ele justifica.

- Ok. Dessa vez eu perdoo você - digo e entro.

- Precisamos parar no shopping - ele lembra. - Quero comprar um presente para os seus pais.

- Um presente? - Ah, meu Deus! Como não pensei nisso! - Claro! Eu também - digo.

A vendedora se aproxima, simpática, quando nos vê entrar na Decor Design.

- Nunca viemos aqui antes, né? - pergunto.

- É verdade. Mas parece legal. Além do mais, era a única que estava aberta hoje - ele me cutuca.

- Bom dia! É lista? - a vendedora pergunta.

- Lista? - estranho.

- Sim. Lista de casamento! A maioria das noivas faz aqui!

- Ah, não, não! Não somos noivos - digo rapidinho.

- Oh, desculpe - ela sorri sem graça.

- É... Não somos - Igor repete.

- Queremos um presente de bodas de prata - explico.

- Certo. Temos muita coisa bonita, como, por exemplo, esse conjunto de louça portuguesa - ela mostra um jogo de pratos realmente bonito, com detalhes azuis.

Mas acabo levando um vaso de cristal murano, que vai combinar com a cor da manta do sofá.

- Vou levar isso aqui - Igor diz, apontando uma adega elétrica.

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