Capítulo 10| Ações

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"Não consegui escapar
Eu não consegui escapar
Eu não quis escapar."
(Hidden Citizens - I ran)

A primeira impressão que temos das pessoas nos faz julgar errado.

Eu tive uma primeira impressão de Rose, mãe de Zac, e foi ótima. Mas agora... Eu a odeio do fundo do meu coração. Ela é chata e insuportável, só de passar uma manhã com ela me fez ansiar pela morte! Onde eu fui me meter?

Como punição por ter chegado atrasada no primeiro dia de "aula", eu teria que ficar em meu quarto o dia inteiro. É a melhor punição do século e é claro eu quem havia proposto isto.

Saio da biblioteca e vou em direção ao meu quarto, meu refúgio. Minha salvação no meio dessa loucura que estava vivendo.

Outra pessoa que tinha meu ódio, era o guarda que ficava na minha porta todos os dias, mesmo que eu não estivesse no quarto, ele estava lá. Parecia que iria entrar um ser monstruoso a qualquer momento e me sequestrar, ou me matar. Será que ele ouviria meus gritos? Ou eu seria muito orgulhosa a ponto de não gritar mesmo na minha morte? A verdade é que essas perguntas não teriam respostas, isso não iria acontecer, e se houvesse algo do tipo, eu lutaria e mataria meu adversário.

Passo pelo guarda, ele era tão alto que o apelidei de A Muralha. Entro no meu quarto.

Este pequeno lugar não me trazia paz e nem me fazia sentir confortável. Talvez por ainda não ser meu refúgio. Já que iria ficar o dia inteiro aqui, teria que transformar este lugar no meu refúgio.

Abro a porta e vou até o guarda, precisava de tinta para as modificações. Não queria ficar mais um minuto dentro desse quarto rosa, era horrível. Um arrepio subia a pele só de pensar em dormir mais uma noite ali.

Pintaria três paredes com a minha cor favorita, o lilás, enquanto a que ficava atrás da minha cama, usaria uma cor mais escura ou branco, para dar uma diferença. Toda a mobília era branca e não pretendia mudar isso.

A Muralha estava imóvel a minha frente, seguro a risada para o apelido mais tosco que eu tinha inventado, se ele soubesse, tentaria me humilhar de algum jeito.

— Bom dia! — Falo entusiasmada.

Ele me ignora, provavelmente pensou se eu iria embora caso fosse ignorada, coitado. Continuo na sua frente, sorrindo de orelha a orelha, pronto para pedir algo. Ele ergue uma sobrancelha, esperando que eu revelasse o que queria.

— Bom, você está com cara de quem não quer conversa, então vou ser direta. Traga duas latas de tintas na cor lilás, uma de roxo escuro e tudo que for necessário para pintar uma parede. — Digo com autoridade e bato a porta na cara dele. — ISSO É UMA ORDEM! — Grito de dentro do quarto, segurando a risada.

Meu cabelo estava preso em um coque, e alguns fios rebeldes caiam pelo meu rosto, tentei colocá-los para trás, mas eles insistiam em permanecer daquele jeito, um pouco incômodo, porém eu ignorei, fingi que não tinha cabelo. Visto um short com estampas de flores e uma regata azul soltinha. Do jeito que estava, parecia que eu ia sair para tomar um sorvete ou dar uma volta na rua, mas não, essas roupas eram velhas e as únicas que vieram da minha casa. Eu não sei como eles descobriram o local da minha residência, estava tão camuflada.

Afasto todos os móveis da parede, quando escuto alguém bater na porta, termino de jogar um lençol neles, tinha encontrado na parte de cima do guarda roupa.

— Aqui está. — A Muralha diz, mostrando as tintas.

— Coloca ali. — Digo secamente e aponto para o local onde ele deveria colocar as tintas.

IndômitoWhere stories live. Discover now