Capítulo 16| Solitário Novamente

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"E no final do dia, eu me sinto quebrado
Porque já faz uns dias desde que nos falamos
Eu não sei porque, mas eu daria minha vida por você."

(Gnash – Lonely again)


· Zac Müller ·

1ª semana.

Uma semana havia se passado e Safrina não tinha saído do coma. Às vezes o medo dela desistir de tentar viver, me dominava. Os Genes do Dr Valentin tinham acabado e demoravam dias para ficarem prontos, então não havia como falar com Safrina, apenas se ela quisesse.

Desde o ocorrido, tive que voltar ao cotidiano e trabalhar como se nada tivesse acontecido. Os ministros foram avisados e como sempre ousaram dizer que Safrina é fraca, que ela não teria coragem para acordar, diziam que ela estava com vergonha de tudo o que causou e sugeriam a todo momento que eu a deixasse por Kate. Não, ela não era assim. Ela não estava com vergonha, conheço Safrina, ela se sente vulnerável e não vai acordar enquanto esse sentimento não passar, ela vai se fortalecer. Essa é Safrina.

E neste momento Kate não ocupava meus pensamentos, Safrina era dona deles como sempre foi e sempre será.

A visitava todos os dias. Ordenei que a transferissem para um quarto ao lado do meu, ficava mais fácil para eu vê-la, e esperava que trouxesse conforto para ela. Sempre que tinha tempo ia vê-la, mas nos últimos dias comecei a evitar visitas constantes, percebi que ela sentia a minha presença, pois uma angústia muito grande me invadia, como se não me quisesse ali. Creio que quando Valentin dissera que eu a sentiria com mais intensidade, foi literal.

Ainda não a vi hoje, a cada dia eu perdia um pouco de esperança. Ela desistiu de mim? Por minha culpa? Não escutava seus pensamentos mais, tudo aquilo parecia uma despedida silenciosa. Meu coração estava quebrado, corroído, estragado e só Safrina era capaz de concerta-lo.

Já estava ficando tarde da noite quando eu saio da minha sala e vou até o quarto de Safrina, essa era a minha vida.

Trabalhar

Ver Safrina

Descansar

Ver Safrina

Descansar

Não estava vendo Rose. Eu a perdoei, por Safrina. Nos distanciamos e eu não fazia questão de pensar em algo para nos reaproximar. Esperava Safrina acordar para poder me ajudar com minha mãe, não estava sendo egoísta ou jogando meus problemas para cima de alguém, mas Safrina é a única que conseguia me acalmar e me irritar ao mesmo tempo, ela podia me ajudar com Rose, mesmo sem perceber, pois só de a ter perto de mim já iria me ajudar.

Entro no quarto de Safrina, com a esperança de a ver acordada, mas como sempre, ela não está. Encaro os aparelhos que estavam ligados a ela, não entendia aquilo, mas era uma mania. A única forma que ela tinha de se alimentar era através de sonda, receber oxigênio e todas aquelas baboseiras que me faziam enlouquecer. Doía ver tudo aquilo entrando nela.

Ela emagrecia a cada dia, parecia que não havia resultado tantos remédios, tantos tubos. Dr Valentin tinha avisado que, caso ela demorasse muito para acordar, seu estado poderia piorar. Eu não quero desistir dela, pois sinto que ela não desistiu de mim.

Seguro a mão dela, aquele gesto já havia virado um ritual. Todas as vezes que vinha no quarto dela, eu pegava sua mão e contava como tinha sido meu dia, todos os dias. Mas não tinha nenhuma resposta de motivação quando meu dia era desafiador, nenhuma de compaixão quando era triste, nenhuma de felicidade para quando fosse alegre, nem um aperto na minha mão para poder mostrar que ela estava me escutando.

IndômitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora