Capítulo 1| Retorno

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"Um anjo vai morrer
Coberta de branco, olhos fechados
E esperando por uma vida melhor
Desta vez, vai desaparecer à noite
Direto para o fim da linha."
(Ed Sheeran - The A Team)


15 anos atrás.

"— Mamãe!"
Chamou a criança. Os fios escuros caiam pelo seu rosto, como se escondessem o rosto do pequeno anjo a quem pertencia. Ela os mexia de um lado para o outro, brincando com os poucos cachos que tinha.

"— Oi, meu amor?"
Respondeu para a filha. Tinha tanto orgulho da menina, que com apenas cinco anos era mais esperta do que muitas crianças mais velhas. Imaginava que quando ela fosse maior, poderia ser a representante da vila! Todos a amariam, por ser gentil, educada e com uma beleza radiante, iria conquistar vários corações. Aos olhos da mãe, a pequenina era perfeita.

"— Mamãe, quero dormir!"
Disse a garotinha, seus olhos escuros se destacavam com a luz do quarto.

"— Vai banhar, minha querida. Mas não demore, sabe como é o seu... padrasto."

Apesar de tudo que o homem fazia por elas, ao manter a pequena hotelaria ativa, Norman não gostaria e nem queria que sua filha o chamasse de pai. Não ensinava, pois sabia que ele não às amava, que só queria à ter como amante (dentre tantas mulheres que tinha) e com quem se deitar todas as noites, enquanto as outras estavam com seus maridos. Ela sabia de tudo, que era só mais uma, mas não falava nada para ninguém, pois sofria ameaças constantes, e acima de tudo... o amava.

Amava o jeito agressivo que ele tinha ao toma-la para si, os beijos, cada toque, ela o amava! Sabia que era errado, humilhante, mas não podia escolher a quem amar. E também queria que a filha tivesse uma referência em casa, que tivesse um lar, mesmo que precário.

De repente a porta se abre, era ele. Sabia que era. Seus pensamentos vão direto em sua filha, ela não era obrigada a escutar as discussões do casal. Norman corre para o quarto da menina, abrindo a porta as pressas, e a encontra deitada na cama.

"— Filha, não saia do quarto, certo? Brinque um pouquinho e vá dormir".

Não esperou pela resposta da menina, tinha que ser rápida. Fechou a porta e trancou. Correu para o quarto, escondeu a chave na primeira gaveta do criado ao lado da cama, e escolheu a melhor lingerie que tinha. Vestiu uma blusa larga por cima, deixando à mostra uma parte da calcinha. Iria provocar, assim as discussões não durariam muito e no fim não apanharia do homem que amava.

"— Onde você está, vagabunda? Quero minha janta! Não aprendeu ainda ou quer levar uma surra aqui mesmo, para a sua filha escutar?"
Era sempre assim, ele sabia como perturba-la, inserir a pequenina nas brigas era o ponto fraco da mãe.

"— Você pode me insultar como quiser, mas não ouse colocar minha filha no meio..."
E não teve como ela terminar a frase, ele já estava com a mão em seu pescoço, a surpreendendo. "— Alguma puta não lhe deu hoje?" Completou mesmo assim. Ele apertou com mais força, fazendo com que Norman calasse, temendo o que ele poderia fazer com ela.

"— Escute bem, sua vadia, isso não te interessa! Mas se minha puta não me deu hoje? Não! Não ainda!"

Ele diz e ainda prendendo o pescoço dela, usou a mão livre para alisar o corpo da mulher. Sabia que ela não resistiria aos seus toques.

E não resistiu. Em instantes a blusa dela já estava no chão, ele fez o mesmo. Foram para cama como todos os outros dias. Era sempre a mesma coisa, do início ao fim.

IndômitoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum