Capitulo Dezesseis

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O som das espadas em contato uma com a outra, culminando com vozes femininas era um tanto quanto novo para Peter, que estava a despertar do sono. Ele olhou para o teto da cabana, depois para o chão e arfou. Neve. Para a sua infelicidade, enfim o período duradouro da neve havia chegado. O tempo passava e as horas se esvaíam em um combate contra o pobre garoto.

Sob o frio intenso, Peter calçou a bota e saiu da cabana. Allyssa estava na cacunda de Kyle, brincando de sei lá o quê. Porém a cena que mais chamou a atenção de Peter foi a de Catherine duelando com Lizzie, num combate que encheu a mente do garoto de curiosidade.

Catherine havia feito um nó na ponta da saia e o seu cabelo pendia num rabo-de-cavalo sexy. Os gritos sucediam-se todas as vezes que as lâminas se tocavam e, para a surpresa de Peter, Catherine sabia muito bem como dominar uma espada. Seus movimentos eram tão graciosos quanto os de uma bailarina se apresentando no maior palco do mundo.

– Para uma terráquea, você até que sabe manusear uma espada. – disse a bruxa em meio à falta de fôlego.

– Existem várias coisas sobre mim que você está longe de descobrir. – Cath sorriu e com malícia agarrou o pescoço de Lizzie, encostando a enorme lâmina na pele da bruxa. – Então aviso que é melhor não me subestimar bruxa.

Lizzie caiu sobre a neve e de imediato passou uma rasteira em Catherine, que caiu batendo a cabeça com força no chão. Com agilidade a bruxa subiu em Catherine e a prendeu contra o chão coberto de neve.

– Muito bem garotas, creio que por hoje chega. – disse Ethan sorrindo dissimuladamente.

A bruxa levantou-se do chão e Cath amarrou a bota, sorrindo para o namorado. Em suma, todo aquele confronto era uma novidade para Peter, se bem que ele não tinha muito com o que se surpreender, uma vez que o pai de Catherine era um ótimo professor de educação física.

Peter agachou, sentia a garganta seca e por isso teve de apanhar um punhado de neve e por na boca à espera de que o gelo matasse sua sede.

– Agora eu sei como você se sente ao usar uma espada. Prometo que jamais o criticarei enquanto estiver com uma nas mãos... Tudo o que eu desejei foi arrancar a cabeça da bruxa.

Catherine sussurrava no ouvido de Peter. Ela beijou os seus lábios gelados e sorriu.

– Vamos ficar sem água até quando? – perguntou Peter no momento em que Ethan olhou para ele.

– Até regressarmos! Com um tempo deste eu creio que nunca...

– A não ser que fossemos buscar no lago que nunca seca, nunca congela e que se mantém sempre estável. – disse Diego. – Ou seja, no lago das sereias.

No momento Peter não sabia se sorria de ironia ou se ficava quieto, apenas fez questão de afirmar para a sua mente que todas as criaturas místicas pareciam habitar aquele planeta. E, por mais que isso parecesse loucura, ele adoraria conhecer uma sereia.

– Não penso que essa seja uma boa ideia, as sereias são egoístas demais para ceder-nos um cálice de água sequer. Prefiro morrer de sede a encontrar com elas. Você sabe, Ethan, isto não estava em nossos planos, só vai atrapalhar a nossa jornada. – revidou Laurent.

– Eu sempre quis ver uma sereia e, já que estou aqui, não acho uma má ideia conhecê-las. Além do que, ainda matarei a minha sede. – disse Peter.

Houve risadas em toda a tropa.

– A sereias são lésbicas, e se está pensando que elas se encantariam pelos seus belos pares de olhos está muito enganado, Peter.

Ele ficou calado, nada contra as mulheres-peixe gostarem do mesmo sexo, só que Peter pensou que elas fossem como nas histórias: apaixonadas pelos homens, desejando a todos, encantando todos os homens com sua voz. Talvez fosse melhor assim, pelo menos ele não correria o risco de virar uma estátua de sal.

O último AdãoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon