Capitulo Quatorze

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Quando Peter começava a pensar que as coisas estavam se amenizando e que tudo parecia estar tomando um rumo, sempre surgia mais uma novidade em sua vida. Ele respirou fundo, após sair da caverna. Suas pernas estavam trêmulas e tudo o que pensava era em desistir, porque nada naquele lugar parecia ter fim e a perseguição ao coração sempre exigia algo a mais, feito um imã. Ele sentia-se cada vez mais atormentado, ao ouvir as explicações de Lizzie. Mas o que fazer, quando nada parece ficar no lugar? Aos poucos Peter ia perdendo a fé, o amor e a coragem.

– Desculpe-me, mas esta é a única maneira de trancafiar o coração. Ele é importante demais e o único feitiço que jamais será desfeito precisa da pedra de Amita. Pense comigo, garoto, não adianta fazer um feitiço que, depois, qualquer um possa desfazer. Por isso digo que sem essa pedra este coração estará sempre em jogo.

Catherine e Lizzie trocavam olhares de ódio, como se, de repente, Peter fosse ver uma luta sendo travada em entre elas.

– Tudo bem. – disse o garoto. – Como podemos conseguir a pedra? E você, não teria esta pedra? Porque, pelo que me pareceu, vocês são grandes colecionadores dessas coisas.

– Não. – respondeu ela maliciosa. – Pelo visto não te contaram toda a história. A cada momento que meus olhos te focam, penso que se meteu em uma enrascada, garoto.

Ele mordeu os lábios.

– Quando foi descoberto que existiria um homem que entregaria a chave da liberdade para os Ignisalbus, Amita foi envenenado pelos Igniscruor e, antes de enfim falecer, ele prendeu a sua vida nesta pedra, sacrificando a sua alma, porque ele queria uma luta justa. Queria uma luta entre você e a garota que possuir o coração imortal. Só vocês dois têm o poder de retirar a pedra do lugar, qualquer outro ser que assim fizer morrerá ao tocá-la.

Peter andou de um lado para o outro, pensando: se a garota já tivesse apanhado a pedra, então ele não teria mais nada o que fazer. Não havia como impedir que o coração caísse em mãos erradas, se a garota viesse a perder o coração.

– Você poderia me matar? – perguntou Peter à bruxa.

– Levante-se Peter, tenho plena certeza de que ela ainda não apanhou a pedra. Vamos, sei que vai conseguir, tem feito um ótimo trabalho com este povo, vai desistir agora? Onde se encontra aquele homem que me jurou de morte?

Num ângulo que Peter não podia ver, Catherine inibia o desejo de chorar. O garoto sorriu para Lizzie, ele sentia-se feito um dente-de-leão que, após ser soprado pelo vento, vaga sem rumo pelo ar.

Nenhum dia é como o outro. Quando o sol surgia, entregava um destino a Peter e quando a lua surgia e se perdia no vendaval de neve, ele sentia que estava enclausurado em uma vidinha de merda.

– Onde fica este lugar?

Ela concordou com a cabeça, feliz pela decisão do garoto, já Ethan demonstrou não estar gostando nada da história de terem que apanhar aquela pedra. Assim como Lizzie, Ethan sabia perfeitamente porque tinham ocultado esta parte da história.

Migraram para o leste. Lizzie tinha certeza de onde ficava a caverna. Ela, inclusive, já havia estado lá com um amigo, que entrou na caverna e jamais voltou. Não era preciso ser nenhum gênio, para saber o que aconteceu.

A paisagem ganhava novos contrastes. O ar cada vez mais quente e úmido e ao mesmo tempo abafado. As árvores ganhavam tapetes verdes de musgos e as samambaias pareciam ganhar volumes incomensuráveis. Os viajantes seguiam viagem no lombo de cavalos, Peter quase não conseguia mais sentir seus pés. Era como se ele tivesse sido anestesiado da batata das pernas ao pé.

O crepúsculo surgiu, deixando o céu alaranjado. Peter olhou para Lizzie, ela não parecia ser uma bruxa tão má assim. Cath deitou a cabeça no ombro de Peter, ela estava tão quente quanto uma chaleira no fogo.

O último AdãoWhere stories live. Discover now