Capitulo Onze

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Mais um dia amanheceu. Peter agradeceu aos céus por ainda estar vivo. Ele não conseguia olhar Ethan nos olhos, porque, para o garoto, a criatura era uma ameaça a qual ele preferia evitar.

As coisas começavam a ficar estranhas; os dias aceleravam o seu fim, o sol surgia e quando menos percebiam o crepúsculo estava ali e a lua sorria mais uma vez e tudo se repetia como num círculo.

Ethan traçara um mapa que os levaria até a caverna dos bruxos, e Peter se arrepiava só de pensar em ficar cara-a-cara com esses seres. De início, ele pensou que Ethan não comentaria sobre os bruxos, chegou até a pensar que isso fazia parte de um plano para enganá-lo. De certo modo, Peter até gostava da criatura “misteriosa”. Gostava de ter que brincar de quebra-cabeça, para descobrir quem, de fato, era Ethan. Afinal, era bem melhor pensar nisso do que ficar imaginando o novo tamanho da sua tatuagem.

Peter não contou a ninguém o que tinha visto na noite anterior, nem mesmo a Cath. Ele agora tinha aderido à ideia de que, às vezes, um homem tem de conviver com seus problemas. Ele bem que tentou falar algo para Kyle, mas era sempre invadido por uma onda de alerta, não podia confiar em quem quer que fosse, nem mesmo em sua sombra.

Como de praxe, o sol havia surgido e a neve tinha derretido.

– Não seria bom que todos entrassem na caverna. Três ou quatro será o bastante, o restante pode ficar tomando conta dos cavalos.

Ethan falava com seus olhos brancos olhando em uma direção que Peter não identificou.

– E perdoe-me, Peter, mas desta vez o impedirei de levar as garotas conosco.

Peter revirou os olhos, sentindo a ira a lhe corroer: era óbvio que não as colocaria em perigo. Por que, então, precisaria o poderoso chefão informar seu veredicto...

A mão de Cath tocou o ombro de Peter, seu rosto sorriu para ele, como uma pintura rara. Ela realmente não desejava entrar lá, então não havia porque insistir. Ali, por trás daquele rosto onde estava desenhado o mais belo sorriso, uma garota sentia medo, não queria que o amor de sua vida morresse. Não queria. De alguma forma ela sabia que encontraria uma saída para ajudar Peter, encontraria a saída para viverem o amor que escolheram.

Sozinhos, Cath fez com que Peter lhe prometesse que ficaria bem. Ela lhe entregou um cristal, preso em um cordão. Disse que daria sorte ao amado, que era o amuleto que guardava desde criança. Mas Peter não se lembrou do cordão.

– Eu te amo, Peter.

As mãos de Peter tocaram o rosto de Catherine, ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha de sua amada e a beijou.

* TERCEIRO FATO QUE PETER DESCONHECIA *

Bruxas adoram presentes. Cristais só elevariam o seu preço, e se isto era um amuleto, então era fácil perceber que valeria muito mais.

As costas de Peter latejavam, nunca pensou que odiaria um cavalo tanto quanto odiava agora, porque toda essa coisa de montar o estava deixando aos pedaços. O inusitado da história era ele estar começando a se acostumar com as criaturas tatuadas. E não era só pelo fato de estarem convivendo dia após dia. Havia algo a mais. E talvez fosse o fato dele estar se transformado numa daquelas criaturas: essa parecia a única resposta cabível para aquela questão.

– O que você esta fazendo?

A pergunta vinha de trás de Peter. Ele virou-se para responder.

– O que parece? Bebendo água ou bebendo Coca-Cola?

Laurent nem sabia o que era Coca-Cola, assim como não tinha nenhum interesse em saber. Ele era atrevido como o seu rei, Ethan.

– Sabe que não pode beber ficar bebendo água, não faz nem uma hora que estamos galopando... Quer que morramos de sede?

O último AdãoWhere stories live. Discover now