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   OI, PESSOAL... Demorei, me desculpem, por favor!

   E se tivéssemos pelo menos uma vez na vida a chance de voltarmos ao tempo e concertar um erro irreversível? Uma estrada que não era para virar ou um namoro que não era para aceitar ou até mesmo, um amigo que não era para magoar? Me pergunto se usaria isso ao meu favor realmente ou contra mim literalmente. Tenha a plena certeza que seria contra mim. Tenho a certeza que seria a pior decisão da minha vida, por que olhando a minha frente tenho a imagem de Victória e Lauren, correndo uma da outra, que antes corriam atrás de uma bola, mas desistiram da bola fácil para manter a interação somente entre elas, sem nada ao redor que valesse além do que uma valia para outra. Eu voltaria atrás, não hoje, nem ontem, mas no dia que me descobri gravida da Lauren. Eu voltaria atrás e não me preocuparia com nada além de não estar esperando um filho com apenas 17 anos, eu voltaria sem dúvidas, aquele dia eu nem pensaria duas vezes em nunca me envolver com Lauren. Agradeço que não tive essa chance de voltar atrás, jamais cansarei de dizer que minha filha é a razão da minha vida e de que eu a amo com cada célula do meu corpo.
 
  A vida não pode retroceder, tem que ir para frente enfrentando todos os obstáculos que aparecem, mesmo que as vezes não temos forças para isso. Vai chega uma hora que entenderemos cada pedra que foi colocada em nosso caminho. A minha pedra, no caso, tem o sorriso mais lindo do mundo e foi o melhor para minha vida. Minha filha.

- Eu te amo! – Como se ela lesse os meus pensamentos, se jogou em meus braços e declarou seu amor por mim. – Por favor, me salva dela!
Lauren chega logo atrás e se joga ao meu lado.
- Como pode ser tão espertinha assim?! Fala que me ama só para te salvar dessa coisa!
   Falei com falsa indignação.
- HEY! Não me chame de coisa! – Vick caiu na gargalhada – Você sabe que não pode salvar ela de mim, não é?
   Sorriu maliciosa para mim. Eu estava sentada com Vick entre minhas pernas me abraçando forte. Em um movimento rápido como se tivéssemos peso de pena; nos pegou e trouxe até ela, deita sobre a toalha que está esticada na grama, com nós por cima dela. Ficamos eu e Vick cada uma presa em um braço.
  - Ela nunca vai nos soltar, mamãe! faça alguma coisa, por favor!
   Fez aquele bico adorável que descobri ser idêntico com o de Lauren.

   - Iiiiii nem vêm! faça você!
  Rimos mais uma vez, já tinha perdido a conta de quantas gargalhadas tínhamos compartilhado aquela tarde.

  Fazia por volta de dois meses que Lauren e Vick se conheceram como mãe e filha, desde então, não se desgrudam por nada nesse mundo. Sempre que Lauren tem tempo me liga diz que quer ver nossa filha e a mim também, pede se pode vir na nossa casa e eu falo pela milésima vez que não era mais necessário ficar pedindo, era só vir.
  - Obrigado por nos ajudar hoje na mudança - falo ainda abraçada no seu corpo - Não entendi por que minha mãe se recusou a nos ajudar, deve ser sua alergia a ácaros. Você foi bem útil, não em arrumar, mas em carregar pesos e quebrar algumas coisas, você foi muito boa.
  - Ei, sua chata! foi só uma jarra! Fui muito útil, mais do que você pode me confessar!
  - Nem vêm se achando, Vick me ajudou mais que você!
  Fiz bico.
  - Aaaa sua ingrata, adorei ajudar vocês, de nada. Ser a carrega peso oficial! - Dei de ombro como pude, já que ainda  estava presa em seu corpo - Não faz esse bico quando eu não posso mordê-lo...
   Eu sorri internamente, estávamos nos tornando tão próximas. Não tinha mais medo do que podia vir, nem acredito que em tão pouco tempo me acostumei com a presença de Lauren em minha vida, na vida da minha filha, adorava como ela a olhava com tanto amor, as vezes esses olhares eram destinados a mim também, eu me derretia e fingia que não tinha percebido.
  - Nada está te impedindo.
  Olhou para nossa filha e viu que ainda estava entretida lutando contra seu outro braço. Me agarrou pelos cabelos da nuca e fez que eu subisse até a altura de sua boca, mordeu meu lábio inferior, me deu um selinho e encaixou nossos lábios se movimentando de leve, movimentos doces e apaixonados. Senti como se tivesse flutuando. Quando tentei me soltar, pois nossa filha estava do nosso lado e um monte de pessoas iam e vinham por ali, ela me segurou no lugar firmando sua mão no meu cabelo com força, amoleci e agarrei a toalha de baixo de nós com uma mão de cada lado de sua cabeça.
  Ouvi um gritinho e palminhas logo em seguida. Paramos de nos beijar e eu encostei minha testa sobre a de Lauren, que riu de mim por estar envergonhada.
   Hoje eu e Vick nos mudamos para um apartamento não muito longe da casa de meus pais. Eu precisava viver isso, somente eu e minha filha, começando uma vida juntas em uma nova casa, estávamos nos tornando independente aos poucos.
  Era sábado, na segunda Vick teria seu primeiro dia de aula, -que ja estava mais do que na hora - como era nova de mais para começar no período integral, estudaria pela manhã, pegaria ela na hora do almoço e pela tarde ficaria com minha mãe.
   - Victória Cabello...
   - ... Jauregui! - Lauren completou e olhou para mim com um enorme sorriso, a poucos dias tinha registrado Vick com seu sobrenome também - Você é uma estraga prazeres!
   - Estraga prazeres?
   Nos olho com cara de duvida. Sorri internamente, mas logo me contive e dei um tapa fraco na coxa de Lauren.
   - Esqueci, filha! - disse - Não era isso que iria dizer, sua mãe que é uma enxerida, só queria que parasse com suas festas de palminhas.
   - Só sobra pra mim. Não sou enxerida!
   - E eu não sou estraga prazeres!
  Elas fizeram bico uma para a outra. Idênticas.
   Estávamos em uma praça perto de minha nova moradia. Estendemos uma toalha sobre a grama para nos sentarmos, Lauren levou uma bola para nós, mas quem acabou brincando foi somente ela e Vick, fiquei sentada as admirando, me recusando a levantar.
   Quando o sol tinha acabado de se pôr, levantamos e fomos andando para minha casa.
  - Lauren, você poderia ficar para o jantar. - afirmei na frente do prédio - Vai em casa tomar um banho e volta!
  - Sim, mamãe. Mamy vai ficar!
  - Não sei não, vocês estão cansadas, estamos desde cedo lutando com essa mudança. Não é melhor deixar pra outro dia?
  - Não, estamos bem, Vick tem carga extra, a não ser que você queira dormir, carregadora de pesos oficial?
  - Eu estou ótima! - pegou Vick no colo a abraçou e colocou no chão de novo. - Vou indo e já volto pra te ajudar no jantar.
   Deixou um beijo na minha bochecha, virou para ir embora , não se contentou e virou de volta, beijou meus lábios e se foi.
  - Mãe, a Mamy é doida! - colocou suas mãos sobre o rosto - Mas amo ela mesmo assim.
   Deu de ombros.
  - Eu também... - ela me olhou curiosa - ...Ehh.. acho ela doida.
   
     ...

Cache Discovered (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora