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   Senti como se afundasse em águas, como quando mergulhamos e tudo fica mudo, a única coisas que ouvimos e o som do movimento da água. Em vez disso ouvia só as engrenagens do meu cérebro processando, cada palavra, "tenho medo", tudo em mim dizia para ir atrás de quem escreveu aquelas palavras, frases, seria um poema? Não faço ideia, seria pensamentos? Acho que posso chamar disso. Um grito quase sufocante veio de dentro de mim dizendo não, porque sim, eu também tinha medo. Medo de ser Lauren.

   Mesmo não querendo abri os olhos, os abri, dando de cara com dois pares de olhos me observando assustados.

  - Mila, fala alguma coisa... O que tá sentindo? Você ta bem? Ta me ouvindo? Meus Deus do céu. Só fala algo.

  Meu cérebro processou aquelas perguntas com dificuldades, eu ouvi cada palavra, mas é como se não soubesse as responder.

  - Dinah?... Ally?

  - Vamos te levar para enfermaria, me ajuda aqui Ally.

   Aquela palavra me despertou de vez, enfermaria, não, não e não, foi quando percebi toda a cena, Dinah estavas com seus braços em volta de mim, segurando meu corpo mole, Ally estava ao seu lado com uma carinha apavorada olhando meu rosto. Firmei minhas pernas no chão, as encarei, respirei fundo e disse:

- Não precisa gente, só por favor me levem até em casa.

- Mila, você ficou apagada por uns três minutos, vamos levar você a enfermaria! - Dinah disse firme - Ally pega as coisas dela, eu falei que tinha algo estranho com ela, mas...

- Já to bem, não comi quase nada hoje, deve ser só isso.

  Eu não tinha comido mesmo. Comi só uma salada de flutas de café da manhã, mas nada depois disso, já que acordei um pouco enjoada hoje.

- Como assim só isso? Você desmaiou, você tem que comer sua doida.

   Dinah brigava comigo, enquanto Ally arrumava o resto das minhas coisas quietinha, ainda preocupada.

  Quando olhei para trás, já caminhávamos para ir embora, vi a folha, onde tinha aqueles pensamentos escritos, que me queriam contar tantas coisas, mas eu não entendia ou me recusava a entender. Respirei fundo e olhei para frente, resolvi deixar tudo para trás, até mesmo aquela folha de papel, eu já escolhi o meu futuro, nada vai mudar minha decisão. Uma coisa eu tenho certeza, aquelas palavras não sairão da minha cabeça e que elas tem uma importância que não consigo entender.


     CINCO ANOS E ALGUNS MESES DEPOIS

- FILHA, MEU AMOR! Vem logo que nós já estamos atrasadas.

  Aqui estou eu depois de todos esses anos. Recapitulando:

Quando soube que a outra mãe da minha filha não a queria, depois de uns dias pensando, eu soube o que fazer. Contar aos meus pais que estava grávida, foi difícil, eles ficaram tão decepcionados comigo, tivemos uma enorme conversa que não foi agradável para ambas as partes, queriam que eu contasse quem era o "pai", mas eu disse que não contaria, que meu filho não merecia alguém que não o queria e que eu não exigiria nada de ninguém, dinheiro e muito menos o amor de um "pai" para o filho. Sei que o erro foi nosso, mas acima de tudo foi meu, por ser tão burra e cair na sua lábia. Me repreendi por chamar meu filho de erro, já era um amor tão grande que sentia pelo meu filho, que naquele ano morava só por uns meses em minha barriga, mas em meu coração parecia que habitava dês de sempre. Minha mãe me olhou com um olhar triste e me disse: O bebê não tem culpa de nada, o que vamos fazer se não cria-lo e ama-lo? Mesmo contragosto, respeitaremos sua decisão.

Cache Discovered (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora