1 - Anabella

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3 meses depois.

Acaricio a mão da minha avó que ainda está em sono graças a morfina,os médicos disseram que ela iria ficar melhor,que ela estava se recuperando,estou feliz por ela,mas uma parte de mim,uma parte secreta está triste por deixar Carlos ir embora.

Ele comprou você,não se lembra do que Jake escreveu na carta?

Balanço a cabeça e passo as mãos no rosto,já faz algumas semanas que estou aqui,para ser mais exata,12 semanas,estou exausta,essa cadeira branca de plástico não é nada confortável.

Minha vida agora é faculdade e hospital,mal vou para casa,agora que Karol viajou com os seus pais,não assisto a tv,não leio jornais,não entro nas redes sociais,minha vida perdeu a cor.

Me afasto de vovó e vou até a janela do quarto,onde consigo ver ao longe a Golden Gate iluminada pelo sol.

Meu pensamento volta para Carlos e logo fico deprimida,como ele pôde ser tão idiota assim comigo?,eu o amava tanto.

Eu ainda amo, amo tanto que tenho medo desse sentimento,mas Carlos não é homem para mim,nunca vai ser,me afasto da janela tentando impedir que as lágrimas caiam,mas é inútil,enxugo meu rosto e saio do quarto.

Do lado de fora do corredor há poucas pessoas,algumas enfermeiras e médicos apressados,passo as mãos pelo cabelo e vou até a sala de espera,que está vazia a não ser pelas recepcionista,vou até o bebedouro,tiro um copo descartável branco quase transparente e o encho de água gelada,me volto para o corredor e vejo Liliana entrando no mesmo quarto que entrou naquela vez que Carlos estava aqui comigo,ela entra rapidamente,quase não percebo a não ser pelo seu cabelo vermelho fogo.

Caminho até ela,mas ela entra no quarto e fecha a porta,será que ela me viu?,o que está fazendo aqui?,seu pai está doente?

Vou até a porta ainda segurando o copo e ergo a mão para bater,mas a porta se abre em um solavanco e eu fico de cara com Liliana que está com uma cara abatida e olheiras,seu cabelo não está tão brilhante assim,ela parece outra pessoa.

-Oi.Digo em um sussurro.

-O que você está fazendo aqui?.Ela me olha com ódio e fecha a porta atrás dela.

-Eu te vir passar e vim ver se você estava bem.

-Claro que não,mas vou ficar em breve.Ela me olha de cima a baixo.-E você?

-Eu o quê?

-O que está fazendo aqui?.Ela bufa e revira os olhos.

-Minha avó ainda está aqui.Digo e bebo um gole de água.-Quer conversar?

-Com você não.Ela dá um sorrisinho.-Você não sabe não é?

-Não sei o que?

-Ah,doce Anabella, é só procurar nos jornais.Ela sussurra e se afasta.-Até breve.

A observo ir embora com um andar confiante e sinto um pouco de inveja,queria ter essa confiança,mas tudo o que tenho são medos e inseguranças,balanço a cabeça e caminho de volta para o quarto de vovó,o que ela quis dizer com você não sabe?

Entro no quarto e pego a minha bolsa e o meu antigo celular,digito uma mensagem para Karol.

De Anabella
Para Karol

Como está em Ottawa?
Mande fotos.

Sorrio ao ver meu telefone vibrar com a sua resposta.

De Karol
Para Anabella

Está tudo maravilhoso,queria que estivesse aqui,vovó já melhorou?
Segue as fotos.

Suspiro quando o celular anuncia que as fotos são incompatíveis e bufo,o lugar deve ser lindo, Karol está passando suas férias de formatura em Ottawa,sua cidade natal,ela acabou de se formar e eu estou tão orgulhosa,olho para o celular mais uma vez,se ao menos eu ainda tivesse aquele iPhone.

Faço uma careta de desgosto, não preciso do iPhone,nem de Carlos,guardo o celular na minha bolsa e dou um beijo na testa de vovó,saio do quarto e aceno para uma enfermeira, é hora de ir para a faculdade.

Meu trabalho na IM chegou ao fim há dois meses atrás,eu não poderia deixar minha avó sozinha e não poderia trabalhar mais naquela loja, então com muita tristeza me despedi de Melissa e sua turma e fui embora sem olhar para trás.

Vovó e eu estamos nos mantendo graças a ajuda do governo que nós manda uma pequena mesada,recebemos uma carta de despejo,o prédio em que moramos está prestes a virar uma pequena empresa de alimentos,temos algumas semanas para nós mudarmos e eu não sei para onde.

Então minha vida está assim, desempregada,logo sem casa,com uma avó no hospital.

Pego o ônibus e me sento no fundão,encosto minha cabeça no vibro e fecho os olhos,minha vida não pode está tão merda assim.

Falta poucas semanas para o final da faculdade,semana que vem tem as provas finais e então a formatura,não sei como vou fazer,não tenho vestido,não tenho sapatos,nem nada para ir na festa e nem sei se vovó estará acordada até lá.

O ônibus da um solavanco e para em frente a faculdade, desço com alguns outros alunos e caminho até a minha sala.

De repente sinto falta de Karol,quando nos encontrávamos no banco embaixo da árvore secular,fecho os olhos e posso nos ver rindo e conversando besteiras e então Carlos chega em sue carro,abro os olhos e miro a entrada,mas não há nenhum carro dele,no fundo sinto uma tristeza.

Por que ele não me procurou?, será que ele me esqueceu?,está com outra?

Essas perguntas vem me atormentando durante três meses,e tenho medo de saber as respostas.

Me sento na cadeira da frente e tiro meus cadernos e estojo,abro o caderno verde e escrevo o nome Carlos com uma interrogação.

Onde você está Carlos?,por que não veio me procurar?,ah,se ao menos eu fosse corajosa o bastante para ir até seu escritório.

O sinal toca e todos então tomam seus lugares,a professora entra e logo escreve na lousa os assuntos das provas e então eu deixo minha cabeça vagar.

♀♂♀♂

Caminho pelo jardim da faculdade em direção ao ponto de ônibus,hora de ir para o hospital,seguro minha mochila firme em minha mão esquerda,enquanto a direita está junto ao corpo.

Você não sabe não é?,a voz de Liliana vem até minha cabeça,o que eu não sei?

Tem haver com Carlos?, é por isso que ele não me procurou?,ele já está com outra?

É só procurar nos jornais,Liliana sussurra em minha mente,caminho até uma banca de jornal perto de uma lanchonete chinesa e compro um,vou até a parada de ônibus e abro o jornal,meus olhos passam pelas páginas sem interesse algum até que param no nome Carlos Golveya.

Ofegante leio com atenção a notícia sobre Carlos.

O grande advogado Carlos Golveya ainda está em coma por conta de seu acidente de carro perto da ponte Golden Gate.

Relembrando que há três meses atrás o advogado foi internado com uma lesão grave no cérebro e ferimentos por todo o corpo,teve que ser induzido ao coma e está assim até hoje.
Sua mãe e sua irmã disseram a pouco tempo a esse jornal que ele está se recuperando lentamente,mas será verdade?

Carlos Golveya está se recuperando ou a beira da morte?
Isso só vamos saber em breve,aguardem mais informações.

Desabo no chão com a mão no rosto e as lágrimas descendo sem parar, Carlos.

Intriga Feroz - Livro 2 da Trilogia Feroz (CONCLUÍDO)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin